Hospital da Mulher do Pará recebe participantes do primeiro simulado Intra-hospitalar para múltiplas vítimas
O encontro integra o plano de contingência para a COP 30 em casos de incidentes envolvendo vítimas de traumas ortopédicos

A segunda etapa da preparação para a realização do primeiro simulado intra-hospitalar de atendimento a incidentes de trauma ortopédico com múltiplas vítimas ocorreu no Hospital da Mulher do Pará (HMPA) na manhã desta quarta-feira, 09, no auditório da unidade de saúde. A iniciativa integra os esforços do Governo do Pará para receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), em Belém, no mês de novembro deste ano.
Representantes da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), do Hospital Cristo Redentor do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), vinculados ao Ministério da Saúde, estão à frente da organização da simulação que ocorrerá no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), conforme explica Guilherme Mesquita, diretor de Desenvolvimento e Auditoria de Serviços de Saúde da Sespa .
“Vamos fazer esse simulado para um possível evento de incidente com múltiplas vítimas, realizar os testes no Hospital Metropolitano, que é nossa unidade de referência de urgência-emergência em traumato-ortopedia e para atendimentos a vítimas de traumas na COP. Esta é uma organização da Sespa, junto com o Ministério da Saúde, e é a primeira vez que nós estamos fazendo na modalidade intra-hospitalar para fortalecer e preparar a nossa equipe, caso ocorra algum incidente antes, durante ou após a conferência do clima”, conta o diretor.

No Hospital da Mulher foram reunidos os atores, que são alunos dos cursos de medicina e enfermagem da Universidade do Estado do Pará (Uepa), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e de algumas instituições de ensino superior e cursos técnicos. Ao todo, serão 75 participantes em ação.
Guilherme acrescentou que após a simulação haverá uma reunião com os participantes e na sexta-feira (11) será feito o encerramento. “Nós vamos fazer algo maior, que é o debriefing com hospitais que são retaguarda da COP para os casos de paciente que for clínico ou o paciente que já tiver feito o primeiro atendimento no Metropolitano depois vão ser transferidos, por exemplo para o Hospital da Mulher, para o Pronto Socorro da Augusto Montenegro e para o Hospital Abelardo Santos. Então, vamos levar as filmagens, os casos clínicos para ver como foi o simulado, essa é a parte que nós vamos ter o feedback das equipes para saber quais foram os comportamentos, se teve erro, quais erros, o que a gente pode evitar, o que foi muito bom e saber onde nós podemos aprimorar nos nossos fluxos”, explicou.
De acordo com a enfermeira e coordenadora do serviço de enfermagem do Hospital Cristo Redentor, no Rio Grande do Sul, Lilian Frustockl, a atividade é fundamental para garantir o funcionamento no atendimento em eventos de grande porte. “Sempre precisamos pensar que mega eventos têm o risco de ocorrer incidentes com múltiplas vítimas e temos que estar preparados para atender, se houver. Hoje, no Brasil, poucas instituições hospitalares estão preparadas para atender esse tipo de eventualidade. Então, em primeiro lugar, é necessário um plano de contingência, que é isso que Belém está se preparando e precisa testar se o plano está sendo efetivo, a capacidade de resposta da instituição para atender a essas vítimas e esse vai ser um dos legados da COP 30 para a cidade, que tem o Círio de Nazaré, um evento anual que pode estar sujeito a esse tipo de incidência, por isso, temos que preparar a rede de saúde, mas tem que ter um ponto de início, eu acho que está muito correto, vejo o comprometimento de todos aqui”, reforçou.

A professora Karin Veigas, professora do curso de enfermagem e de mestrado em enfermagem da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) salienta que há vários casos para abordar na simulação. “Nós estamos trazendo todos os casos construídos por mim e pelos meus alunos que fazem parte da liga de trauma e todas as vezes realizamos casos diferentes. Nossa responsabilidade é na organização da dinâmica com os atores e os demais desdobramentos da atividade é com os profissionais que atuam no hospital”, disse.
Juliana Meireles é estudante de enfermagem da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e está na expectativa de participar desse momento. “Acredito que ter essa experiência não só em relação à COP 30, mas falando como futura profissional, eu acredito que ter a oportunidade de sair da universidade e viver algo mais realista, é importante. As condutas que vamos ver ali entre os profissionais, como a gente pode atuar, porque sabemos que na correria de um hospital, de um momento de urgência e emergência, precisamos saber como lidar e como reagir”, comentou.
Segundo a diretora do Hospital da Mulher do Pará, a médica Nelma Machado, esse é um diferencial para a rede pública de saúde. “É algo inovador, inclusive, para que seja dado base, realmente, para que as equipes estejam preparadas caso venha a ocorrer algum tipo de incidente e o Hospital da Mulher, dentro desse contexto, permanece dando suporte na saúde feminina, e como retaguarda ao atendimento da COP 30, nós estaremos recebendo os pacientes do nosso perfil cirúrgico e o atendimento a vítimas de violência sexual e doméstica", finalizou a gestora.