Construção do Plano de Gestão do Monumento Natural do Atalaia, em Salinópolis, inicia com escuta da comunidade
Criado em 2018, o Monumento Natural Atalaia tem como missão proteger ecossistemas costeiros e marinhos, além de promover a educação ambiental e o turismo sustentável
Teve início nesta terça-feira (8), em Salinópolis, região nordeste paraense, a Oficina Preparatória para a elaboração do Plano de Gestão do Monumento Natural do Atalaia. O encontro reuniu pescadores da região da Ponta da Sofia e moradores do entorno da Unidade de Conservação (UC) do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), dando início a um processo de escuta e construção coletiva que se estenderá pelas próximas semanas. A ação marca um passo decisivo na consolidação da atuação da UC como espaço de proteção ambiental e de desenvolvimento sustentável.
Criado em 2018, o Monumento Natural Atalaia tem como missão proteger ecossistemas costeiros e marinhos, além de promover a educação ambiental e o turismo sustentável. Agora, com a elaboração de seu Plano de Gestão, a UC se prepara para definir diretrizes que alinhem a conservação da biodiversidade às necessidades da população local, especialmente aquelas que tradicionalmente dependem dos recursos naturais da região.
Durante os primeiros dias da oficina, os participantes estão sendo convidados a colaborar por meio de metodologias participativas. Entre elas, o mapeamento participativo, o calendário sazonal, a linha do tempo e a análise FOFA (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças). Essas ferramentas permitirão identificar áreas sensíveis, períodos críticos para a fauna local e dinâmicas de uso do território, além de contribuir para a futura definição da zona de amortecimento da UC.
Escuta - A iniciativa também busca valorizar os saberes tradicionais dos moradores. Maria de Nazaré, moradora há 35 anos da Ponta da Sofia, destacou a satisfação de participar do processo. “É uma satisfação muito grande, porque a gente vai aprender e vai ensinar também pra vocês. Vocês vão escutar e vão falar também para nós sobre o Monumento Natural Atalaia. Muitas coisas que vocês têm que aprender com a gente. Muitas coisas que a gente tem que aprender com vocês”, comentou, demonstrando o espírito de troca que marca o projeto.
Para Diene Góes, que vive na Ponta da Sofia há mais de 30 anos, o momento representa a realização de um sonho antigo. “A sensação é de sonho querendo ser realizado. Porque, pelo tempo que eu já tenho vivido ali, agora é que estão olhando pela Ponta da Sofia. É a área mais linda que existe para nós, que ainda resta. Isso vai beneficiar muito, porque é um conjunto de informações que vai ajudar a todos”, frisou.
A moradora Aldria Sodré, residente há oito anos na localidade, também comemorou a realização da oficina. “Estou muito feliz, porque agora estamos sendo ouvidos. Esse passo é muito importante pra comunidade. A gente tem muito o que contribuir e é bom ver que isso está sendo valorizado”, disse a vendedora ambulante.
Compromisso - O diretor de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação do Ideflor-Bio, Ellivelton Carvalho, destacou a relevância da oficina no contexto das metas para 2025. “Esse é mais um Plano que vamos implementar durante nosso mandato. Ele é importante tanto para o ordenamento territorial quanto para a preservação ambiental. A participação da comunidade é essencial, afinal ninguém conhece melhor a unidade do que quem vive no entorno”, enfatizou.
Já a representante da Comissão de Planos de Manejo (Coplam) do Ideflor-Bio, Márcia Segtowich, explicou que a atual fase é fundamental para garantir que o futuro plano seja aplicável e eficaz. “Estamos na etapa preparatória, onde ouvimos as comunidades locais e os setores envolvidos. Esse processo nos ajuda a construir um documento técnico que seja mais prático, executável e alinhado às necessidades reais da região”, explicou a especialista.
Cronograma - Na próxima semana, a oficina segue com reuniões voltadas a representantes de organizações da sociedade civil e de órgãos públicos com atuação direta ou indireta na área. A expectativa é que, com a união entre conhecimento técnico, saber popular e dados científicos, seja possível elaborar um plano robusto, que sirva tanto à conservação quanto ao bem-estar das comunidades locais.
O resultado desse processo será utilizado na Oficina Principal, que marcará a etapa de elaboração do Plano de Gestão. Esse documento, posteriormente, será incorporado ao plano de manejo do Monumento Natural Atalaia, servindo como base para decisões futuras e garantindo o uso sustentável e responsável desse importante patrimônio ambiental paraense.