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MEIO AMBIENTE

Fórum Desmatamento Zero apresenta ferramentas de inovação

Por Redação - Agência PA (SECOM)
23/09/2015 12h14

O segundo e último dia do Fórum Folha Desmatamento Zero, promovido pelo jornal "Folha de São Paulo" em parceria com a Climate and Land Use Alliance (CLUA), em São Paulo, reuniu especialistas da área ambiental, representantes de universidades, do setor privado, de organizações do terceiro setor e de governos - entre eles o do Pará, representado nos debates pelo secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), Thales Belo, e pelo presidente do Instituto de Desenvolvimento e Biodiversidade do Pará (Ideflor-bio), Thiago Valente - para discutir propostas e estratégias para eliminar o desmatamento no Brasil e a emissão de gases de efeito estufa.

A palestra de abertura ficou por conta de Almir Narayamoga Suruí, coordenador geral da Associação Metareila do Povo Indígena Suruí. Em seu discurso, ele alertou o público a respeito do uso sustentável da floresta. Segundo o líder indígena, o bioma amazônico é importante para toda a humanidade, por isso há uma necessidade urgente de alinhar o diálogo a práticas socioeconômicas responsáveis. “Temos que começar a pensar numa gestão para a floresta em pé, que priorize essas duas condicionantes básicas: reflorestar e proteger. É preciso planejar com responsabilidade o uso da terra”, alertou Suruí.  

A coordenadora do Programa de Política e Direito Sustentável do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos, também foi uma das palestrantes do seminário. A especialista defendeu que para atrelar o desenvolvimento da Amazônia ao progresso social é necessário criar um novo paradigma na região, que priorize a preservação florestal e a qualidade de vida dos povos indígenas. “A gente tem que começar a pensar em um novo modelo de gestão, em um modelo de desenvolvimento próprio para a Amazônia, que mantenha a floresta preservada. Temos que valorizar a floresta para que ela tenha valor em pé”, ressaltou.

No tocante à regularização fundiária e ambiental, Thiago Valente, presidente do Ideflor-bio, afirmou que o principal desafio está em fazer do desmatamento um mau negócio. “Hoje a sociedade não aceita moralmente o desmatador, foi criada uma consciência social e por isso é interessante agir de forma que o desmatamento seja um modelo de negócio desinteressante”, afirma Valente. Além disso, o presidente do Instituto lembrou também que uma das metas do Governo do Pará para contribuir com o desmatamento zero é a modernização da regularização fundiária, com um sistema mais eficaz, que trará mais celeridade aos processos. Participaram do mesmo painel a presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Maria Lúcia Falcón, e o diretor sócio da Geoplus Consultoria em Meio Ambiente, Valmir Ortega.

Já no painel “Como o manejo sustentável vai contribuir para o Desmatamento Zero”, Thales Belo, da Semas, apresentou as ferramentas de inovação e transparência implantadas pelo Governo do Pará na atual gestão. O secretário adjunto afirmou que o manejo sustentável pode contribuir com a redução do desmatamento. “Para que o plano de manejo contribua com o desmatamento zero é necessário agrega-lo à ferramenta de gestão interna dos órgãos competentes.”  

Ele destacou os instrumentos de controle, uso, comércio e transporte do produto florestal que funciona como um painel online onde é possível verificar, por exemplo, a espécie de madeira que está sendo transportada e a volumetria do produto florestal por empreendimento. Thales mostrou também um mapa público disponibilizado no site da Semas onde é possível visualizar todos os imóveis com Cadastro Ambiental Rural (CAR), os planos de manejo georreferenciados - que dão maior transparência às ações do governo -, a Lista de Desmatamento Ilegal (LDI) e o Portal de Regularização do Prodes.

Foi apresentado também o comitê de Monitoramento Estratégico para Fiscalização, que consiste em um departamento específico dentro da Secretaria deMeio Ambiente do Pará que tem como objetivo promover o planejamento, a coordenação do monitoramento e o apoio técnico à fiscalização ambiental no Estado. Thales lembrou que nas duas operações que foram realizadas este ano, foram presos 28 integrantes de grandes organizações criminosas que atuam na Amazônia.

Pecuária - Apontada como uma das principais causadoras de desmatamento no Brasil, a pecuária é a atividade econômica que mais utiliza solo no país, com mais de 170 milhões de hectares ocupados. Atualmente o setor produtivo está organizando as cadeias de produção para fiscalizar e rastrear a origem da carne e combater o trabalho escravo que ainda existe em algumas regiões.

O diretor geral de sustentabilidade da JBS Brasil, Márcio Nappo, explicou que o investimento em sistemas de monitoramento via satélite para prevenir a compra de gado de fazendas que ainda realizam desmatamento é vital para o modelo de negócio da empresa. Para o representante do Greenpeace, Nilo Dávila, a evolução da pecuária no país é indiscutível, mas alertou: “O desafio agora é trazer os demais frigoríficos e a cadeia de varejo”, se referindo às empresas que ainda não tem um plano de fiscalização eficaz.