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CIÊNCIA NA AMAZÔNIA

Laboratório do PCT Guamá transforma resíduos naturais em bioprodutos e biocombustíveis

Com pesquisas avançadas e serviços, o Laboratório de Óleos da Amazônia busca garantir a qualidade dos insumos e otimizar o reaproveitamento de resíduos industriais

Por Sérgio Moraes (PCTGuamá)
11/03/2025 10h47

O Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA), localizado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá e vinculado à Universidade Federal do Pará (UFPA), destaca-se pelo desenvolvimento de tecnologias inovadoras voltadas ao aproveitamento integral de recursos naturais. Seu trabalho é concentrado na transformação de resíduos em bioprodutos e biocombustíveis, promovendo soluções que beneficiam a economia e o meio ambiente.

Com pesquisas avançadas em bioquímica e tecnologia de óleos vegetais, o LOA busca garantir a qualidade dos insumos e otimizar o reaproveitamento de resíduos industriais. Seu objetivo é maximizar o uso da matéria-prima, reduzindo desperdícios e ampliando aplicações na produção de cosméticos, alimentos e energia renovável.

No LOA são desenvolvidas técnicas inovadoras ao aproveitamento completo de frutos e sementes

A vasta biodiversidade da Amazônia oferece um imenso potencial para a exploração sustentável de insumos naturais. No LOA são desenvolvidas técnicas inovadoras ao aproveitamento completo de frutos e sementes, incluindo polpa, cascas e caroços, resultando em produtos diversos, como óleos vegetais, manteigas naturais e biocombustíveis.

Entre as espécies estudadas, destacam-se andiroba, rica em compostos anti-inflamatórios e utilizada na medicina tradicional e fabricação de cosméticos; tucumã, fonte de carotenoides e ácidos graxos, empregado em cosméticos e alimentos funcionais; patauá, cujo óleo tem composição similar à do azeite de oliva, valorizado na indústria capilar e na nutrição, e castanha-do-pará, rica em selênio e antioxidantes, amplamente utilizada em produtos alimentícios e dermatológicos. O laboratório também pesquisa novas possibilidades para outras espécies da região, promovendo o uso diversificado e sustentável da floresta.

Desafio e oportunidade - O descarte inadequado de resíduos orgânicos é um dos desafios enfrentados pelo setor industrial. No LOA, esse problema torna-se oportunidade: resíduos antes subutilizados são reaproveitados na produção de cosméticos, alimentos funcionais e biocombustíveis. As principais aplicações incluem desenvolvimento de óleos essenciais, manteigas vegetais e ingredientes naturais para cremes e shampoos; utilização de sementes e frutos na criação de ingredientes nutritivos, e a extração de óleos para biodiesel e bioquerosene, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.

“Estamos desenvolvendo tecnologias para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. O laboratório, consolidado na fabricação de biodiesel a partir de óleos vegetais refinados, agora avança para transformar resíduos, como sebo bovino e óleo de palma, em combustível sustentável para aviação”, acrescenta Luís Adriano Nascimento, vice-coordenador do LOA.

Diante da crescente preocupação global com as mudanças climáticas e da necessidade de alternativas energéticas sustentáveis, o LOA investe em biocombustíveis a partir de óleos vegetais amazônicos. Essa iniciativa contribui para a diversificação da matriz energética brasileira e está alinhada às metas do Acordo de Paris para a redução de emissões de carbono.  "Nosso objetivo é garantir que toda a riqueza da floresta seja aproveitada sem desperdício, criando produtos que beneficiem tanto a economia local quanto o meio ambiente", destaca Adriano Nascimento.

Resultados - Entre os avanços recentes, destaca-se a produção experimental de biodiesel com resíduos de óleo de andiroba e patauá; testes para produção de bioquerosene de aviação - que ajudam a reduzir impacto ambiental no setor aéreo - e as parcerias com empresas e instituições visando ampliar a escala de produção e viabilizar a comercialização dos combustíveis sustentáveis.

A atuação do LOA vai além da pesquisa, gerando reflexos positivos na economia e conservação ambiental da Amazônia. Para as comunidades locais, incentiva o extrativismo sustentável, proporcionando geração de renda a populações tradicionais e promovendo capacitação por meio de treinamentos sobre boas práticas de extração e processamento, garantindo qualidade e sustentabilidade. O fortalecimento da economia regional se reflete no desenvolvimento de novos mercados para bioprodutos amazônicos, beneficiando pequenos produtores e cooperativas.

Os benefícios ambientais são igualmente expressivos. O uso sustentável dos recursos naturais reduz a pressão do desmatamento e da exploração predatória, enquanto o reaproveitamento integral de insumos evita descartes inadequados e fomenta a economia circular. A produção de biocombustíveis amazônicos contribui para a redução da dependência de fontes fósseis e das emissões de gases de efeito estufa.

O PCT Guamá oferece suporte essencial para pesquisas, como a do LOA. “Os resultados reforçam o compromisso do Parque, e de seus residentes e associados, com a inovação sustentável na Amazônia. O PCT proporciona uma série de benefícios e incentivos que aceleram o alcance dos objetivos de seus membros, como o LOA”, afirma o diretor-presidente da Fundação Guamá, João Weyl, responsável pela gestão do Parque.

Projetos privados e públicos podem acionar o PCT Guamá e seus serviços. Interessados devem entrar em contato pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (55) (91) 3321-8908 e 3321-8909.

Referência na Amazônia - O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), com as parcerias da UFPA e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), com a gestão da Fundação Guamá.

É o primeiro parque tecnológico da região Norte do Brasil, e visa estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável, a fim de melhorar a qualidade de vida da população.

Localizado às margens do Rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT está situado entre os campi das duas universidades, e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.

O complexo conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no Parque), mais de 40 associados (vinculados ao Parque, mas não fisicamente instalados), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos e uma escola técnica.

O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), e faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.