Hospital Regional do Sudeste faz cirurgia inédita com uso de impressora 3D
Vítima de um acidente com arma de fogo, Marcos da Silva Santos, 35 anos, chegou ao Hospital Regional do Sudeste do Pará “Dr. Geraldo Veloso” (HRSP), em Marabá, no dia 30 de janeiro, com o rosto desfigurado. Poucas pessoas acreditavam que ele sobreviveria: a mandíbula estava destruída; o nariz, esfacelado; os dentes, inteiramente danificados. Além desses traumas graves, ele havia perdido tecido mole e ósseo e até a língua havia sido afetada pelo disparo de uma espingarda calibre 20.
A equipe do HRSP, no entanto, empenhou-se para salvá-lo com uma cirurgia de emergência, iniciando ali um dos tratamentos mais complexos – marcado por procedimentos inéditos – jamais executado em hospital público do sul e sudeste do Pará. Marcos foi submetido a três cirurgias, culminando a série no início deste mês, com o implante de uma prótese de titânio criada com base em um modelo do seu próprio crânio, produzido por impressora 3D.
A primeira cirurgia, em caráter de urgência, foi para conter a hemorragia e reconstrução de partes moles da face. A segunda foi para colocar um fixador externo (pinos metálicos improvisados com um fixador de mão). Na terceira cirurgia, que demorou duas horas, os cirurgiões fizeram um enxerto na mandíbula para reconstruí-la com uma placa de titânio. Para chegar a essa etapa, o hospital enviou a uma empresa de Brasília a tomografia do crânio de Marcos, que serviu de referência para fabricar, por meio de uma impressora 3D, um protótipo dessa parte do corpo.
Sucesso – A equipe, chefiada pelo cirurgião buco-maxilo, Antônio José Pimenta Chaves, fez um ensaio da cirurgia no protótipo do crânio para modelar a placa de titânio ao formato da mandíbula. Na cirurgia, que ocorreu dia primeiro, o ortopedista retirou um pequeno pedaço do ilíaco (osso do quadril) do paciente e enxertou na mandíbula, e em seguida fixou a placa de titânio, que se encaixou perfeitamente à mandíbula, de acordo com o procedimento feito no protótipo.
A cirurgia foi considerada um sucesso pela equipe, integrada também pelo ortopedista Flávio Moreira Viana de Rezende e pelo anestesiologista Bruno Oliveira Câmara Ferreira. Marcos da Silva ainda precisará de cirurgia estética nos lábios e implante dentário, mas já está em casa, fora de perigo e alimentando-se normalmente. “Só tenho coisas boas para falar do tratamento que recebi. Estou satisfeito. Tenho que agradecer, primeiramente, a Deus e depois a este hospital que me acolheu e me deu toda essa assistência”, relatou Marcos.
O caso inédito em Marabá foi divulgado em coletiva de imprensa, na terça-feira (22). O cirurgião Antônio José Pimenta Chaves disse que casos como esse mostram que o Hospital Regional (administrado pela Pró-saúde - Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública - Sespa), “está preparado para atender procedimentos de alta complexidade, sem a necessidade de deslocamento de pacientes para outros centros”.
O diretor do hospital, Valdemir Girato, informou que a Sespa acompanhou o procedimento e todos os procedimentos foram autorizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele destacou a agilidade e eficácia que marcaram todo o procedimento exitoso.