Polícia Militar do Pará chega aos 197 anos cada vez mais forte e modernizada
No dia 25 de setembro, a Polícia Militar do Pará completa 197 anos. Foi neste dia que os militares paraenses decidiram intervir na Guerra de Canudos, confronto entre um movimento popular de fundo sócio-religioso e o Exército da República, que durou de 1896 a 1897, na comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia. Segundo o major Ronaldo Braga Charlet, que também é historiador, o Tenente Coronel Fontoura decidiu mandar seus homens para uma das áreas em guerra, mesmo contrariando o Exército. A participação da PM do Pará durou apenas doze horas, mas foi a mais bem-sucedida estratégia usada em combate. Com o fim da batalha e a vitória, os militares fincaram a bandeira do Pará marcando para sempre a história de uma das polícias mais antigas do Brasil.
Ao longo desses quase 200 anos, a PM do Pará vem se adequando à sociedade, ao governo, às condições materiais, sociais e econômicas que se apresentam. O comandante geral da corporação, coronel Roberto Campos, destaca dois fatos que marcaram bastante esta trajetória, ocorridos no ano de 1982: a criação dos chamados PM Box e da polícia feminina.
Pioneirismo – Maurea Mendes foi da primeira turma de policiais mulheres. Hoje, é capitão da Polícia Militar da Reserva Remunerada. Iniciou a carreira como sargento. Ao todo, foram 30 anos, dos 55 já vividos, dedicados exclusivamente aos serviços militares. Atualmente, é professora do Instituto de Ensino de Segurança do Pará (Iesp).
Maurea relembra que, quando decidiu ser militar, não tinha ideia do que iria fazer, pois ninguém falava sobre isso. “Nós, mulheres, não fazíamos nada com os homens. Nosso ônibus, a sala de aula, o alojamento, tudo nosso era separado. Eles não tinham muito contato com a gente”, conta. A Polícia Militar feminina do Pará é a terceira mais antiga do Brasil, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Segundo o coronel Campos, a mulher tem importante papel na história da polícia. Ela vem para quebrar a imagem militarizada e trazer mais sensibilidade na hora de estar próxima das pessoas. “Em 2015, somos uma polícia cidadã, com base e doutrina em ouvir a comunidade. Vamos debater os nossos problemas sociais e de segurança juntos”, afirma.
A Polícia Militar é um componente do sistema de segurança pública de um Estado. De acordo com a história, a PM do Pará foi criada pelo governador e capitão general do Grão-Pará Conde de Vila Flor, em 1818. “Ele teve visão estratégica de proteger a cidade, de empreendedorismo comercial e de comunicações que até hoje a gente vê no Estado”, enfatiza o major Charlet.
Dedicação – Aurino Quirino tem 78 anos e é tenente mestre da Banda de Música da Polícia Militar do Pará. Apaixonado pela carreira militar, ele ingressou no comando no ano de 1964. Nos 30 anos que dedicou ao trabalho de farda, precisou dividir o tempo entre duas paixões: a música e o quartel. Para quem não sabe, Aurino Quirino é o Pinduca, um dos símbolos da cultura paraense, conhecido como o rei do carimbo.
Segundo Pinduca, antigamente todo mundo respeitava e considerava um policial militar, mesmo a instituição não sendo, nas palavras dele, tão rica como é hoje. “Não tinha conforto, só seguia essa carreira quem tinha vontade. A Polícia Militar era mais humilde, mais pobre”, completa.
O Estado está reconhecendo e valorizando cada vez mais o profissional da área da segurança pública. Durante os festejos pelo aniversário da corporação, por exemplo, mais de cinco mil oficiais e praças vão ser promovidos. O comandante geral da PM destaca ainda que investimentos na logística também são importantes e constantes. De 2011 a 2014, o sistema de segurança pública passou a ter sete helicópteros, três aviões, além de lanchas, carros e armamentos modernos. “É importante a logística? É! É importante mostrar o investimento? É! Mas o maior investimento que podemos ter é no homem, na capacitação, na motivação”, finaliza.