Agricultores de nova reserva extrativista em Salinópolis elegem o primeiro Conselho Deliberativo
O protagonismo da comunidade no Conselho tem o apoio da Emater. A Resex Viriandeua abriga mais de 3 mil famílias, em 34 mil hectares nos territórios dos municípios de Salinópolis e São João de Pirabas.
Com apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Salinópolis, nordeste paraense, moradores da Reserva Extrativista (Resex) Viriandeua elegem em assembleias os membros comunitários do primeiro Conselho Deliberativo, nesta sexta-feira (14), para o período de dois anos. A ação tem a colaboração logística da organização não governamental Rare.
Criada em março de 2024, a Resex Viriandeua abriga mais de 3 mil famílias, em 34 mil hectares de dois municípios: Salinópolis e São João de Pirabas. Sob coordenação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e acompanhamento da Emater, a presença popular no Conselho contribuirão para o Plano de Manejo da unidade e decidirão estratégias do uso de recursos naturais, entre outras competências.
Um dos desafios é a proteção de uma extensa área de manguezal, onde coabitam espécies importantes do ecossistema amazônico, como caranguejos e turus.
Em Salinópolis, agora serão três polos de votação: Pindorama, São Bento e Urindeua. Cada polo nomeará um titular e um suplente.
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Mobilização - De acordo com o chefe do escritório local da Emater em Salinópolis, Paulo Nunes, engenheiro de Pesca, o papel da equipe da Emater é, sobretudo, de agente mobilizador. “A eleição é conduzida pela sociedade civil organizada. Em Salinópolis, o destaque é a colônia de pescadores. É importante frisar que, no Conselho, 51% são representantes da sociedade civil e 49%, do poder público. A equipe da Emater está presente em todo o processo pela parceria e pelo conhecimento de base. O que a Emater promove, nesse sentido, é conscientização, informação, articulação. Muitos pescadores e extrativistas ainda desconhecem a oficialidade da Resex, e o que significa na prática essa oficialização. A comunidade é a protagonista”, ressalta Paulo Nunes.
A criadora de ostras Maria José dos Santos, 59 anos, moradora da comunidade Santo Antônio do Urindeua, disse que o momento é resultado de “muita luta”, acrescentando que "foi árdua a jornada de constituir a coletividade, conquistar a Resex. Minha maior preocupação é com o mangue, porque nos últimos anos a ostra, por exemplo, sumiu. A coleta era sem regra, sem limite. Hoje, eu confio na organização, na sensibilização e no entendimento. O ganho é para a natureza e para todos nós”.
Maria José presidiu por oito anos a Associação dos Agricultores, Pescadores e Aquicultores do Rio Urindeua (Asapaq) e atualmente é secretária da entidade. A Associação tem 14 membros. Segundo ela, “a Emater sempre teve muito envolvimento nas nossas causas. A voz é nossa, mas a Emater ajuda com que nossa voz seja ouvida”.
Texto: Aline Miranda - Ascom/Emater