Cadeia produtiva da mandioca define ações estratégicas para prevenção da Vassoura de bruxa da Mandioca
Barreiras fitossanitárias na divisa do Pará com o Amapá e produção de maniva-semente resistente ao fungo são algumas das medidas para evitar disseminação da praga.
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Setores ligados a cadeia produtiva da mandioca do Pará e Amapá estiveram reunidos nesta segunda-feira , 10, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará ( Faepa) para tratar das ações de controle da vassoura de bruxa da mandioca, doença provocada pelo fungo Rhizoctonia theobromae que foi detectada em aldeias indígenas do Amapá, e representa uma ameaça às plantações de mandioca no Pará.
A reunião técnica contou com representantes da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (ADEPARÁ), Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Superintendência Federal de Agricultura no Pará (SFA/PA), Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Embrapa, Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Amapá (DIAGRO), além de produtores, prefeituras e instituições de ensino e pesquisa.
Transmitida pela internet, a reunião teve a participação de mais de cem pessoas, que acompanharam as palestras ministradas por especialistas.
Por meio de três setores - diretoria de defesa e inspeção vegetal , gerência de defesa vegetal e gerência de programas de pragas quarentenárias - a ADEPARÁ fez uma apresentação conjunta com a SFA/PA , onde foram detalhadas as ações estratégicas.
O auditor fiscal federal agropecuário Milton Cunha Leite (SFA/PA) e a gerente de pragas quarentenárias da Agência de Defesa , Maria Alice Thomaz abordaram o treinamento das equipes de campo, a vigilância do trânsito agropecuário com o reforço das barreiras, levantamentos emergenciais e de continuidade e capacitação de produtores.
Dentre as ações de emergência planejadas, a ADEPARA com o apoio do MAPA estará realizando levantamentos preventivos para detecção da praga em lavouras. “Nesse primeiro momento, realizaremos levantamentos para detecção da praga em 28 municípios, selecionados a partir da proximidade com o Amapá e pela produção expressiva de mandioca” ressalta a gerente Maria Alice Thomaz.
Além das ações integradas , a Adepará publicou uma norma restringindo o trânsito de materiais vegetais de mandioca do Amapá para o Pará e está fazendo o levantamento das rotas de risco. “Nós estamos trabalhando nas rotas de risco de entrada na praga. Fluvial e terrestre. Na nossa rota de risco tem cinco postos fixos de fiscalização agropecuária da Adepará: Monte Dourado, Almerim, Porto de Moz, Gurupá e o Estreito de Breves, na base integrada Antônio Lemos. Todos esses postos já estão em alerta. Então, é uma atividade que nós iniciamos desde o momento em que foi declarada a presença da praga”, afirmou.
O coordenador de controle de pragas do Mapa, Glauco Teixeira, participou de forma remota e destacou o programa de prevenção e controle da vassoura de bruxa da mandioca com ações de levantamento de detecção e inspeção e que envolvem as boas práticas de cultivo, manejo integrado de pragas , dentre outros.
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Para evitar que a praga avance para o Pará, o diretor-presidente da DIAGRO , Álvaro Cavalcante , disse que montou barreiras ao longo da BR 156 e atua com apoio da PRF e do Exército. Segundo o diretor, também foram intensificadas as ações de educação sanitária nas aldeias e nos seis municípios afetados.
“Nós produzimos um material educativo em três línguas: francês , português e línguas indígenas, que é justamente para informar os locais afetados, para que eles possam saber como é que se faz a prevenção, limpeza das ferramentas, esterilização dos tratores. Também montamos uma barreira fitossanitária fixa na rodovia para evitar a passagem dessas sementes de maniva. Com isso, conseguimos frear a disseminação dentro do Estado e seguimos monitorando”.
Durante o evento, o coordenador da Rede Reniva -Sistema brasileiro de material de plantio da mandioca - Hermínio Souza , que há 15 anos atua na Embrapa Mandioca e Fruticultura na Bahia, explicou que a doença tem alta capacidade de disseminação. Mas ressaltou que existem estratégias para o seu enfrentamento , como o controle genético . “A principal delas é multiplicação e disponibilização de material genético das variedades tolerantes para que a população possa multiplicar isso em larga escala e possa frear o avanço da doença. Junto com isso, vem uma correção de solo, a suplementação com adubo mineral, com adubo orgânico e utilizando defensivos orgânicos para que cada vez mais a gente tenha uma redução de inóculo nas áreas afetadas e com isso a gente consiga fazer frente e conviver com essa doença reduzindo a severidade, reduzindo a incidência nas áreas afetadas”.
Ele também detalhou as expedições científicas realizadas no Amapá, na Guiana Francesa e na Tanzânia para identificação da doença.
Detentor do maior banco de germopalsmas de cultivares de mandioca do Brasil , o maniveiro Benedito Dutra , mostrou como é feito o trabalho de fortalecimento de plantas de maniva no município de Tracuateua , na região bragantina , onde existem mais de 20 cultivares melhorados geneticamente e mais resistentes a doença, que poderão ser multiplicados.
Base alimentar - A mandioca tem grande Importância para região Norte por ser a base da alimentação de grande parte da população. O Pará lidera a produção nacional. No Estado, são cerca de 200 estabelecimentos produtores de farinha e outros derivados da mandioca, que possuem registro na ADEPARÁ.
“O Para não tem um Município que não tenha um pé de mandioca plantado. Nós estamos usando todos os nossos esforços, nossa experiência em favor do nosso estado, da Amazônia, do nosso País, da nossa gente” , disse o secretário adjunto da Sedap Wandenkolk Gonçalves.
Um plano interiatitucional será elaborado com todos os envolvidos na cadeia para que as ações possam ser planejadas e alcancem os objetivos. “Nós precisamos consolidar essas iniciativas já preexistentes e também planejar um projeto interinstitucional, principalmente para que se possa alavancar a captação de recursos, uma vez que nós vamos ser ouvidos de uma forma interministerial futuramente”, disse Jesus Nazareno Sena, da superintendência federal de agricultura no Pará.
De acordo com o superintendente, há muitas possibilidades de enfrentamento da doença. “A ciência está para isso de forma efetiva, com iniciativas que foram apresentadas aqui. Então, com certeza , a gente vai ter condições de convergir e levar a cultura da mandioca da maneira, de uma maneira prevenida, segura, aonde o produto, além de se valorizar, também vai viabilizar a vida do produtor”, enfatizou.