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PRIMEIRA INFÂNCIA

Encontro debate atenção à saúde bucal de gestantes e crianças na 1ª Infância

Por Redação - Agência PA (SECOM)
24/10/2017 00h00

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) realizou nesta terça-feira (24), no auditório do Conselho Regional de Odontologia (CRO-PA), o Encontro de Atenção à Saúde Bucal de Gestantes e Crianças na Primeira Infância, destinado a gestores de Saúde Bucal e cirurgiões-dentistas. Organizado pela Coordenação de Saúde da Criança, o evento integrou a programação da Semana do Cirurgião-Dentista, promovida pelas entidades odontológicas. O objetivo foi sensibilizar gestores de Saúde Bucal da Região Metropolitana de Belém para a implementação de um Projeto de Atenção à Saúde Bucal de Gestantes e Crianças na Primeira Infância.

A cirurgiã-dentista Elen Barros, da Coordenação de Saúde da Criança, apresentou toda a legislação vigente que justifica a necessidade desse projeto. Ela ressaltou a importância da mobilização dos cirurgiões-dentistas para que isso aconteça. “Porque existe um mercado que não quer um mundo cárie zero. Temos que pesquisar, questionar e nos tornar multiplicadores de informações fundamentais para a saúde das mulheres e crianças, como é o caso do aleitamento exclusivo até os 06 meses de idade, mostrando benefício dessa atitude simples”, explicou a dentista.

Ela informou que a Sespa realizará oficinas sobre o assunto para ampliar o debate e capacitar os profissionais de Odontologia dos municípios da Região Metropolitana de Belém.

O uso do Protocolo de Classificação de Risco da Morbimortalidade por Causa Bucal da Gestante, desenvolvido pelo Mestrado de Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), e apresentado no encontro pela cirurgiã-dentista e professora da instituição, Liliane Silva do Nascimento, pode ser fundamental para os bons resultados do projeto. Com a adoção desse protocolo a gestante tem como receber melhor atenção por parte dos profissionais de Odontologia.

Para Liliane do Nascimento, o cirurgião-dentista tem que trabalhar integrado com os demais profissionais de saúde. “Não pode mais se isolar no seu consultório”, alertou a pesquisadora.

Sem redução - Segundo ela, no Brasil, entre 2000 e 2010, não houve redução do índice CPOD (dentes cariados, perdidos e obturados) na população de 15 a 35 anos, apenas nas crianças até 12 anos. Por isso, a necessidade de haver atenção à população adulta, e, em especial, às mulheres em idade reprodutiva. “Nesse tempo houve um imenso avanço tecnológico na área de Odontologia, mas não aconteceu o mesmo no que se refere ao acesso da população aos serviços”, observou a professora. “A Saúde Bucal tem que estar dentro de todas as políticas. Ainda há baixa cobertura da Odontologia no SUS (Sistema Único de Saúde)”, acrescentou.

A coordenadora estadual de Saúde da Criança, Ana Cristina Guzzo, frisou a importância da identificação precoce do atraso no desenvolvimento infantil e a necessidade de mudança no modelo de assistência. “O profissional de saúde precisa ter um olhar ampliado do ser humano, não pode usar apenas a técnica de forma generalizada. Tem que olhar a singularidade de cada pessoa”, disse Ana Cristina Guzzo, para que tenha condições de perceber se o desenvolvimento está dentro da normalidade.

O encontro foi aberto pelo médico Hélio Franco, coordenador do Comitê Estadual de Mortalidade Materna da Sespa, que destacou a importância de haver uma atenção multidisciplinar às gestantes nos serviços de saúde, uma vez que 90% das mortes de mulheres ocorrem por causas evitáveis. Segundo ele, o cirurgião-dentista precisa estar inserido nessa rede de atenção à saúde da mulher e da criança no SUS.

Para Hélio Franco, os comportamentos e estilos de vida também são fatores que levam ao adoecimento. “Então, vamos valorizar os cirurgiões-dentistas, porque eles também podem ajudar a convencer as pessoas a mudarem seus comportamentos e estilos de vida”, afirmou o médico, que também criticou o excesso de cesarianas, por elevarem o número de nascimentos de bebês prematuros. Ele expôs ainda sua preocupação com a gravidez na adolescência, ainda alta no Estado, que tem como consequência a geração de crianças que enfrentarão sérios problemas sociais.

Helio Franco disse que com medidas simples é possível mudar a realidade. “Muitas vezes, no SUS, conseguimos salvar vidas com ações complexas e não conseguimos com medidas simples, como fazer um pré-natal bem feito”, ressaltou.

Norma Brasileira - A nutricionista Eunice Begot, presidente do Conselho Estadual de Saúde, apresentou o trabalho da Rede Internacional em Defesa do Direito da Amamentação (Ibfan), e mostrou como os cirurgiões-dentistas podem contribuir na fiscalização do cumprimento da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de 1ª Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL). Ela informou que as irregularidades podem ser comunicadas à gerência do estabelecimento comercial, e se não forem corrigidas devem ser denunciadas à Vigilância Sanitária Municipal.

A socióloga Syane de Paula abordou a violência contra a infância e a ficha de notificação da violência, enfatizando que qualquer profissional de saúde pode fazer essa notificação ao perceber que a criança está sofrendo algum tipo de violência, inclusive os cirurgiões-dentistas. “Qualquer serviço de saúde que se preze tem que notificar pelo ponto de vista ético, moral e legal”, reiterou Hélio Franco.

O evento contou com a presença do presidente do Conselho Regional de Odontologia, Roberto Pires, e do presidente do Sindicato dos Odontologistas do Pará, Armando Dourado.