Último segmento de embarcação antiga encontrada na Nova Doca é resgatado na noite desta segunda-feira (27)
Ao longo de cinco meses, com o acompanhamento da Seop do Iphan, o achado arqueológico passou por minuciosos procedimentos de escavação e içamento, para que sofresse o mínimo de intervenção, mantendo as suas características
A embarcação metálica antiga, encontrada durante as obras da Nova Doca, na Avenida Visconde de Souza Franco, em Belém, teve o terceiro e último segmento resgatado na noite desta segunda-feira, 27. Ao longo de cinco meses, com o acompanhamento da Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o achado arqueológico passou por minuciosos procedimentos de escavação e içamento para que sofresse o mínimo de intervenção, mantendo as suas características.
“Desde que o Iphan recomendou que fosse feita a retirada dessa embarcação, submetemos um projeto, fazendo toda a descrição do que foi achado, o plano metodológico de escavação e a partir disso recebemos uma nova portaria autorizando o procedimento. Agora, finalizamos esse primeiro momento de salvamento arqueológico. Continuaremos os estudos, fazendo as coletas necessárias, com o acompanhamento de mapeamento, desenho, registro fotográfico, todo o processo técnico para entender essa embarcação e o contexto histórico em que ela está inserida”, explica Kelton Mendes, arqueólogo contratado pela empresa responsável pela Nova Doca e que monitora o processo de arqueologia da obra.
A retirada da embarcação – que tem 22 metros de comprimento, 7 m de largura e 2,25 m de profundidade – foi dividida em três partes: proa e duas áreas definidas como “mesial”. O terceiro segmento será transportado nesta terça-feira (27), para o laboratório que está sendo montado no estacionamento de uma faculdade particular, localizada ao lado do Porto Futuro I, onde a embarcação ficará exposta ao público após o restauro.
Diante dos alinhamentos com o Iphan, por meio da superintendente Cristina Vasconcelos e o arqueólogo Augusto Miranda, o achado passará pelo processo de restauração, que deve durar cerca de 150 dias (cinco meses).
"Com a última parte desse achado, vamos poder dar início ao processo de restauro. Isso também inclui a montagem de uma estrutura elevada, que vai receber as três partes que formam essa embarcação. Vamos partir para a fase de análises laboratoriais, limpeza de todo o material, procurando o procedimento mais adequado de restauro e a devida exposição", contou a arquiteta responsável pela restauração, Tainá Arruda.
Além de Kelton Mendes e Tainá Arruda, a equipe responsável pelas etapas da escavação, remoção, restauração e musealização é composta pelo arqueólogo João Aires; o arqueólogo da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Paulo do Canto; e pela museóloga Doriene Trindade.
Registros históricos – A embarcação deve conter informações que contribuam para reflexões acerca da história da formação urbana de Belém, e como, ao longo do tempo, a sociedade mudou suas relações com os rios e igarapés, que eram as vias de locomoção antes do aterramento e asfaltamento da cidade. O achado ocorreu em um local que já foi entreposto econômico e portuário no passado, e se tornou um bairro comercial e habitacional, dissociado da identidade portuária.