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Romeiros de Magalhães Barata são acolhidos na Escola Estadual Costa e Silva

Por Redação - Agência PA (SECOM)
09/10/2015 10h11

Pollyana Farias é professora na Escola Estadual Presidente Costa e Silva, em Belém, há sete anos. Neste ano, o mês de outubro ganhou para ela um significado diferente, desde que assumiu a coordenação do projeto Peregrinos. A ação, de caráter voluntário, que garante assistência a romeiros vindos do município de Magalhães Barata, no nordeste do Pará, a 180 km da capital, existe há cinco anos e começou por iniciativa da professora Ana Cristina Borges, hoje aposentada.

Nascida em Magalhães Barata, Ana se organizava para ajudar os romeiros que vinham a pé de sua cidade natal para acompanhar o Círio em Belém. Com o apoio de familiares, ela doava água e sopa aos peregrinos. A corrente de ajuda foi crescendo até que chegou ao conhecimento de uma outra amiga, também professora, que sugeriu aumentar essa ação, convidando outros professores e também estudantes da Escola Estadual Costa e Silva a participar. Foi aí que nasceu o projeto Peregrinos. "No início, o projeto era tímido, poucas pessoas queriam ajudar. Hoje, os serviços oferecidos são mais incrementados", explicou Pollyana.

Para ajudar o grupo de 50 promesseiros, com idades entre 17 e 70 anos, a escola contou com a colaboração de mais de 200 pessoas, entre alunos, professores, ex-alunos e voluntários. Desde agosto a equipe da Costa e Silva vem se preparando para receber os romeiros. "Esse ano formamos uma coordenação com cinco professores. Estabelecemos parceria com o Exército, que nos cedeu colchões, e muitos de nós também passaram por cursos de manipulação de alimento, primeiros socorros e atendimentos simples, como curativos", completa a coordenadora do projeto", relata.

Gustavo Rodrigues, 17 anos, cursa o primeiro ano do Ensino Médio na escola e pela segunda vez consecutiva decidiu participar do projeto. "Desde pequeno eu participo de trabalhos voluntários. Me sinto bem ajudando as pessoas", ressalta. O estudante, este ano, ficou responsável pelo acolhimento dos promesseiros, ou seja, em dar as boas vindas ao grupo que desde a última segunda-feira, 5, vem se deslocando a pé pela BR-316 rumo à Belém, com destino à Basílica Santuário.

Malu Maia, 19 anos, é ex-aluna da Costa e Silva, onde estudou por quatro anos. Mesmo não pertencendo mais ao corpo discente da escola, ela faz questão de continuar participando dos projetos sociais mantidos pela instituição, entre eles o Projeto Peregrinos. Anita Campos também é ex-aluna e juntamente com Malu integra a banda da escola. Na programação de acolhimento aos pagadores de promessa, as duas emprestam as vozes para o coral que acompanha a missa em ação de graça oferecida aos romeiros.

Por volta das 18h, a primeira promesseira, Adriana Alves, chegou à escola. Apesar do cansaço e da fadiga da longa caminhada, ela festejava a chegada em mais um ponto de apoio, sinal que o destino final estava próximo. Ao longo dos 180 km percorridos, os andarilhos têm sete paradas programadas para descansar, tomar banho e se alimentar.

Rose Costa vem a pé ao Círio pelo quarto ano seguido. Ela fez uma promessa pela saúde da mãe. A romeira lembrou que na primeira vez em que fez a caminhada pensou que não fosse conseguir cumprir o trajeto, pois as pernas "travaram" à altura do municipio de Santa Izabel. Sem conseguir sentir os membros inferiores, ela se apegou mais uma vez à santinha para conseguir honrar o prometido. "A minha fé em Nossa Senhora é que me move até aqui, não importam as circunstâncias", afirmou.

Muito devoto de Nossa Senhora de Nazaré, o pedreiro Alexandre Ferreira encara a longa caminhada rumo à Basílica Santuário há três anos. Para cumprir esta promessa, cujo motivo ele não revela por nada, foi preciso sair de sua cidade às quatro horas da tarde da segunda-feira. "Amanhã, às seis da manhã, eu estarei na Basílica, se Deus quiser!", comemorou.

Com o sentimento de dever cumprido, Pollyana estava emocionada ao ver a escola cheia de pessoas movidas pela vontade de ajudar, de praticar a solidariedade. Para ela, o papel do colégio não é só trabalhar conteúdo, disciplinas, mas também trabalhar o ser humano, independentemente de religião. E ás vésperas de mais um Círio, o de número 223, a comunidade da Escola Costa e Silva provou que o sentimento de união pela coletividade e pelo amor ao próximo pode fazer, sim, toda a diferença. "A caminhada dos romeiros de Magalhães Barata não seria a mesma sem a acolhida dessas pessoas", assegurou.