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ROMARIA FLUVIAL

Círio Fluvial leva mais de 400 embarcações às águas da Baía do Guajará

Por Redação - Agência PA (SECOM)
10/10/2015 16h55

Pouco antes das 9h a imagem de Nossa Senhora de Nazaré deixou o Trapiche de Icoaraci a bordo do navio Garnier Sampaio, da Marinha do Brasil, dando início à terceira romaria oficial do Círio 2015. A Procissão das Águas reuniu cerca de 400 embarcações. Ao longo do percurso de quase 18 quilômetros pela Baía do Guajará até a Escadinha do Cais, que teve duração de duas horas e meia, a padroeira dos paraenses recebeu centenas de homenagens.

Durante toda a madrugada a imagem peregrina foi aguardada por milhares de fieis que permanceram em vigília na Igreja Matriz de Ananindeua, ponto final do Traslado de 47 quilômetros percorridos na primeira das doze romarias do Círio, nesta sexta-feira, 9. A procissão durou cerca de 12 horas e passou por onze paróquias e três municípios da Região Metropolitana de Belém.

Às 20h, por baixo de chuva, a romaria que conduzia a berlinda chegou à Igreja de Nossa Senhora das Graças, onde foi recebida com uma missa celebrada por Dom Cláudio Hummes, Arcebispo Cardeal Emérito de São Paulo. Este ano, o trajeto foi reduzido por orientação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), para garantir melhor fluxo à procissão. 

Às 5h30 deste sábado, 10, teve início a Romaria Rodoviária que conduziu a imagem em direção ao Trapiche de Icoaraci e foi seguida por milhares de pessoas ao longo do trajeto pela BR-316, Entroncamento e Avenida Augusto Montenegro. Na chegada ao distrito, a Rainha da Amazônia recebeu novas homenagens e, após a missa celebrada no porto, foi transportada até o navio Garnier Sampaio para que tivesse início a procissão fluvial.

O governador Simão Jatene e a primeira-dama, Ana Jatene, participaram do Círio Fluvial a bordo da embarcação Aladim Pires, que juntamente com o barco motor Tapajós, este ano foi reservado a uma ação da ONG Rede Solidária Pará, destinada a angariar fundos para a 5º edição do projeto Natal D'Água, promovido pelo Núcleo de Articulação e Cidadania (NAC), órgão ligado à Casa Civil.

O bordo do BM aladim Pires, os devotos - visitantes, convidados, apoiadores e colaboradores da iniciativa - participaram de momentos de reflexão e fé durante uma missa celebrada pelo Padre Ronaldo, da paróquia de Nazaré. Entre eles estava Edilamar Ribeiro, 58 anos, que participou pela primeira vez do Círio Fluvial. 

Natural do Maranhão, ela chegou no Pará há 15 anos trazendo na bagagem apenas algumas roupas e o desejo de uma vida diferente. Era quase outubro e uma conhecida a convidou para ir à Trasladação. “Nunca tinha visto algo tão lindo na vida. Foi nesse dia que me apeguei a Nossa Senhora e pedi que interecedesse por mim. Depois desse dia algumas portas se abriram na minha vida e tenho certeza que foi graças à Virgem Maria”.

Hoje com a casa própria e um emprego de carteira assinada, Edilamar só tem a agradecer. “Eu ganhei o convite do fluvial de presente da minha filha e estou vivendo essa experiência maravilhosa junto dela e da minha netinha, Maria Laura, de 3 anos. Com meu salário estou reformando minha casinha no Bairro Guamá e sou grata a Nossa Senhora por todas as bênçãos que já consegui desde que cheguei em Belém. Tenho certeza que Maria sempre andou ao meu lado e vai continuar andando”, contou, emocionada.

O paulista Leo Steiner, de 61 anos, que atualmente mora em Tel Aviv (Israel) fez questão de vir a Belém na época do Círio e desde que chegou está acompanhando todas as procissões. E dissse que ficou impressionado com a romaria fluvial. “Morando na Terra Santa vemos muitas expressões de fé, mas essa reunião de barcos em procissão eu nunca tinha visto, nem imaginado nada igual. Está sendo uma experiência única”, disse Leo.

Durante o percurso da romaria fluvial foi realizado o sorteio de brindes entre os passageiros e também uma programação animada por cânticos religiosos. O próprio governador Simão Jatene tomou a frente dos músicos convidados e animou os devotos cantando “Romaria”, de Renato Teixeira. 

“O Círio Fluvial tem tudo a ver com a nossa historia, com a Amazônia e com Belém. Ribeirinhos e peregrinos, de todos os lugares, fazem questão de participar deste momento único. Essa é a certeza de que, embora sejam muitas as nossas diferenças, há algo maior que nos une com esse espirito coletivo. Tenho certeza que só uma força superior tem a capacidade de reunir tantas pessoas para fazer algo tão bonito”, disse o governador.

O governador Simão Jatene fez questão de ressaltar que apesar do Círio ser realizado todos os anos, ele é sempre diferente. “Ser paraense não é uma questão de local de nascimento, mas, sim, de espírito. O Círio desperta nas pessoas um conjunto de sentimentos e tem na sua essência o encontro com a família, os amigos e, o mais importante, o reencontro de cada um consigo mesmo e dos sentimentos mais profundos que o cotidiano não nos deixa ter. O Círio é encantador enquanto manifestação religiosa de fé, de esperança, mas também pela fantástica capacidade de aproximar pessoas independente de cor, classe ou credo.”

Círio das Águas foi acompanhado por mais de 50 mil pessoas 

A imagem peregrina desembarcou na Praça Pedro Teixeira, em frente à Estação das Docas, às 10h50 e foi recebida com honras de Chefe de Estado pela Polícia Militar, como determina a Lei Estadual nº 4.371, de 15 de dezembro de 1971, que proclamou a Virgem de Nazaré, Padroeira do Pará, Rainha da Amazônia e merecedora dessa deferência. O mesmo ritual se repete desde 1999.

Ela também passou em revista à tropa conduzida pelas mãos do Arcebispo e foi entregue às mãos do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, que a exibiu aos fieis antes de seguir seu destino.

Da Escadinha do Cais do Porto a berlinda com a imagem de Nossa Senhora seguiu pelas Avenidas Presidente Vargas e Nazaré em direção ao Colégio Gentil Bittencourt, acompanhada por cerca de 20 mil motociclistas na Moto Romaria, quarta procissão oficial do Círio de Nazaré, e a terceira realizada somente neste sábado. 

Na chegada ao Colégio Gentil, os fiéis receberam as bênçãos do Arcebispo Metropolitano Dom Alberto Taveira, do Bispo Auxiliar Irineu Roman e do Arcebispo Cardeal Emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes.

Esta é uma das menores romarias oficiais, com percurso de 2,6km e duração de cerca de meia hora. Mesmo assim, todo um esquema de segurança foi montado para garantir a tranquilidade dos romeiros a fluidez do trânsito nas ruas do centro de Belém. Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Detran e Polícia Civil deram apoio à procissão. Vale lembrar que a partir das 14 horas deste sábado a Avenida Magalhães Barata estará inteditada ao trânsito de veículos para garantir os preparativos da Trasladação.

Concurso de Embarcações

Este ano, 400 embarcações foram credenciadas pela Setur e pela Capitania dos Portos para participar da 30ª edição do Concurso de Ornamentação de Embarcações da Romaria Fluvial, idealizado pela Companhia de Turismo Paraense (Paratur), em 1986.

Os barcos foram identificadas com uma flâmula náutica do Círio e avaliados por um grupo de cinco jurados de fora do Estado, convidados pela Setur: Sávio Almeida Fernandes, chefe do curso de bacharelado em Design da Universidade Federal do Pará (UFPA); Jefferson Severino, jornalista especializado em turismo, editor da Coluna Online e correspondente de diversos veículos de comunicação; Luana Rocque, filha do jornalista idealizador da Romaria Fluvial, Carlos Rocque, Fernando Sette Câmara, fotógrafo, do Estúdio Sette, e o estilista paraense Carlos Amilcar.

A novidade nesta edição é que eles puderam circular entre as embarcações participantes a bordo de um barco de menor porte e com mais agilidade que o catamarã utilizado pela secretaria nos anos anteriores, de onde só podiam visualizar os detalhes que seriam julgados de determinados ângulos e com o auxílio de binóculos. A medida buscou dar isonomia ao concurso e mais chances aos concorrentes.

As embarcações concorrem em duas categorias: Embarcações Regionais (categoria A) e Outros Tipos de Embarcações (categoria B), sendo que a comissão julgadora escolherá os vencedores do 1º, 2º e 3º lugares em cada uma. A premiação será no dia 22 de outubro.

A Setur também trouxe a Belém quatro operadores de turismo, dos Estados do Paraná, Goiás e Santa Catarina, para que conhecessem de perto a festividade do Círio de Nazaré e a partir dessa experiência, comercializar o destino Pará em futuros pacotes voltados ao turismo religioso. São eles: Pedro Kempe, da Domus Viagens, de Curitiba (PR), Lurdes Olibomi Guarda, da Lua Azul Turismo, de Curitiba (PR), Taisa Aguiar, da Golden Way Operadora, de Recife (PE) e Teresa Guimarães, da BDV Turismo, do Rio de Janeiro (RJ).

O secretário de Estado de Turismo, Adenauer Góes, que acompanhou a romaria fluvial, conta que este ano quase 85 mil turistas venham a Belém para as festividades nazarenas. De acordo com ele, ações como o Concurso de Ornamentação de Embarcações, a própria Romaria Fluvial e outras que relacionam o Círio de Nazaré com segmento do turismo religioso demonstram o “novo papel do turismo na nova economia de mercado nacional e internacional”.

Adenaur Goés também enxerga de maneira positiva a parceria da Setur com a Capitania dos Portos. Para ele a Romaria Fluvial é uma forma de os ribeirinhos poderem homenagear Nossa Senhora de Nazaré. “No Pará, os rios e igarapés são verdadeiramente nossas ruas. E o Círio é o principal produto turístico do Pará. A estratégia é ter essa festa como referencial na atividade econômica do Estado, buscando impactar de forma positiva o desenvolvimento paraense.”

Histórico

A primeira Romaria Fluvial foi realizada pela Companhia Paraense de Turismo (Paratur) em 8 de outubro de 1986 e foi acompanhada por cerca de 30 barcos. O responsável pela iniciativa foi o presidente da Paratur à época, o historiador Carlos Rocque.

Já a Moto Romaria teve sua primeira edição em 13 de outubro de 1990, idealizada pela Federação Paraense de Motociclismo, que decidiu prestar sua homenagem acompanhando a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Na ocasião, cerca de 40 motociclistas participaram da romaria.

Segurança

Cinquenta e seis militares do Grupamento Marítimo Fluvial do Corpo de Bombeiros atuaram durante o Círio Fluvial com serviços de prevenção de acidentes. Os militares foram distribuídos em pontos estratégicos para atender possíveis ocorrências em locais de grande concentração de pessoas, como o porto de Icoaraci, onde a imagem foi recebida sob a salva de centenas de fogos de artifício.

Doze embarcações do Corpo de Bombeiros, em parceria com a Marinha do Brasil e outros órgãos de segurança pública, acompanharam todo o percurso da procissão fluvial até a escadinha do Cais do Porto, na Estação das Docas.

Segundo o Tenente Coronel Roger Teixeira, Comandante do Grupamento Marítimo Fluvial do Corpo de Bombeiros, este ano o Círio Fluvial contou com um serviço de segurança diferenciado. “O CBM atuou nas embarcações operacionais em parceria com a Polícia Militar, organizando o deslocamento das embarcações durante o percurso do evento”, comentou.

Também foram montados três postos de atendimento pré-hospitalares com viaturas de resgate no Trapiche do Grupamento Marítimo Fluvial, no complexo Ver-o-Rio e na Escadinha do Cais do Porto. Nenhuma ocorrência mais séria foi registrada durante a romaria fluvial.