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Campanha Outubro Rosa reforça importância da mamografia na luta contra o câncer

Por Redação - Agência PA (SECOM)
14/10/2015 15h16

Aos 69 anos, a aposentada Ana Maria Meire fez a primeira mamografia nesta quarta-feira, 14. “Nunca senti nenhuma dor, mas há alguns dias acabei me desequilibrando e batendo o meu seio. Desde então ele ficou doído. Aí fiquei com medo de deixar pra lá e ser alguma coisa mais séria”, contou a aposentada, minutos antes de ser chamada por uma das técnicas da Unidade de Referência Especializada Materno Infantil (Uremia), em Belém. Neste mês, a unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) tem reforçado as ações de conscientização e prevenção do câncer de mama, através da campanha Outubro Rosa.

No Pará, a neoplasia mamária é a segunda que mais acomete a população, ficando atrás apenas do câncer de colo de útero. Até o fim de 2014, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou 830 casos novos de câncer de mama no Estado, sendo 360 destes somente na capital. “Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as possibilidades de cura. Se descoberto em fase inicial, as chances são de mais de 90%. Por isso, a importância de conscientizarmos cada vez mais a população e incentivarmos a procura por atendimento médico”, diz Nazaré Falcão, coordenadora do Núcleo de Apoio à Gestão na Atenção da Mulher no Controle do Câncer e Colo de Útero e Mama.

Apesar da dor no seio não ser, neste caso, um indicativo da neoplasia, para Nazaré Facão, atitudes como a da aposentada Maria Meire fazem a diferença na luta contra a doença. “A mulher tem que estar ciente da importância do exame e não deixar de fazer sempre que notar qualquer mudança”, orienta. Já a aposentada, que admitiu não ter procurado antes o atendimento por falta de interesse, agora tem outra visão. “A gente sempre acha que não pode acontecer com a gente. Foi preciso eu sentir uma dor por outra coisa pra vim fazer. Nunca tive medo porque ia doer ou coisa do tipo, era por falta de vontade mesmo. Mas graças a Deus eu consegui logo o atendimento”, disse.

Mamografias - Natural do município de Igarapé-Açu, Meire buscou a unidade pela manhã, por volta das 7h. No início da tarde, ela já adentrava a sala de radiografia para realizar o exame. Em média, 35 mamografias são realizadas diariamente na unidade, seja por referência ou por demanda espontânea, como é o caso da aposentada. Dando o exemplo, a dona de casa Ana Maria Aragão, 57, realizava o exame pela quarta vez, dando sequência a um tratamento iniciado em 2013. “Fiz a primeira logo que completei 50 anos, depois fiz novamente em 2013 e depois em 2014 porque apareceu um nódulo. Se eu pudesse dar um conselho, seria para as mulheres não terem medo. É uma segurança para nós”, afirmou.

Na unidade, atualmente um mamógrafo está instalado e outro está em fase de instalação. Diariamente, três mastologistas atendem pela manhã e tarde. Além disso, técnicos e enfermeiros capacitados atuam no atendimento dos usuários do serviço. Para fazer o exame, a mulher deve primeiramente procurar a Unidade de Saúde mais próxima de casa para que possa ser encaminhada ou não para locais de referência onde estão disponíveis os procedimentos de mamografia. Entretanto, algumas mulheres acabam procurando diretamente a Uremia. Nestes casos, uma avaliação prévia é realizada no local.

Serviços - Além de mamografias, desde 2013 a unidade faz, no Centro Hospitalar Jean Bitar, em Belém, mutirões para retirada de nódulos em mamas, para tratamento de lesões benignas e diagnóstico precoce de câncer, além de ultrassonografias. O serviço já beneficiou mais de 400 mulheres em 23 mutirões. Nas demais regiões do Estado, exames de mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) podem ser feitos na região do Baixo Amazonas (Casa da Mulher de Santarém e Carajás) e no Centro de Referência Integrado à Saúde da Mulher, em Marabá. No sistema privado, algumas clínicas particulares também realizam exames em convênio com o SUS.

No âmbito da média complexidade, outra unidade que também oferece o serviço à população é a Fundação Santa Casa de Misericórdia, que faz a média de 147 mamografias por mês.

Robson Tadachi, gerente do serviço de radiologia e endoscopia da unidade há oito anos, também ressalta a importância do exame. “A mamografia é extremamente específica e minuciosa. Quanto maior for a técnica radiológica adequada, aliada a um preciso laudo mamográfico emitido por um médico especialista, maior será o êxito no diagnóstico. E a precocidade na descoberta está diretamente relacionada ao aumento da sobrevida do paciente com qualidade”, observa.

Outros quatro hospitais regionais – localizados em Altamira, Marabá, Santarém e Breves – também fazem o procedimento no Estado. Atualmente o Pará dispõe de 113 mamógrafos, incluindo as redes SUS e privada, sendo 64 no SUS. Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde anunciou, recentemente, que está reestruturando os serviços para garantir novos mamógrafos. Além do novo equipamento que já está em fase de instalação na Unidade Materno Infantil, outros dois serão instalados no Hospital Ophir Loyola e na Santa Casa, ambos na capital.

Segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), em 2014, no Pará, foram feitas 47.617 mamografias em mulheres na faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde para prevenção do câncer de mama – 50 a 69 anos – e 2.402 mamografias em mulheres de outra faixa etária. Em 2015, os registros mostram que, de janeiro a abril, foram feitas 15.530 na faixa etária preconizada e 616 em outra faixa etária. A meta para os Estados é de 10% das mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos, que devem fazer mamografia. A estimativa é que a meta seja maior a cada ano.

Adesão - Realizada em todo o mundo desde a década de 90 para lembrar a luta contra a doença, a campanha Outubro Rosa ganhou força no Brasil no início dos anos 2000. No Pará, a adesão passou a ser expressiva a partir de 2013, com a lei 7.746 sancionada pelo governador Simão Jatene. Desde então, durante todo o mês, campanhas de esclarecimentos, exames e outras ações educativas e preventivas visando à saúde da mulher são reforçadas pelo governo em cooperação com a iniciativa privada e entidades civis. Além da mamografia para as mulheres acima dos 50 anos, a campanha reforça a importância do autoexame e dos exames clínicos, caso seja percebida qualquer tipo de alteração na região mamária.