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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Soltura de 50 mil quelônios no Rio Xingu reforça preservação na Amazônia

Ação conjunta do Ideflor-Bio e a Norte Energia reuniu voluntários, adultos e crianças, em Senador José Porfírio, no sudeste paraense

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
02/12/2024 10h53

Aproximadamente 50 mil quelônios foram devolvidos ao Rio Xingu no último sábado (30), em uma ação coordenada pela Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio). A iniciativa faz parte do Projeto Tartarugas do Xingu e mobilizou voluntários, moradores locais e crianças na Unidade de Conservação (UC) Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal, em Senador José Porfírio, sudeste paraense.

Desde 2011, o Programa de Conservação e Manejo de Quelônios já possibilitou a soltura de cerca de 6 milhões de filhotes de tartarugas-da-amazônia, tracajás e pitiús. Este ano, o monitoramento revelou 1.748 ninhos das três espécies nas praias do Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal. Além de promover a soltura, a atividade buscou conscientizar a população sobre a importância da preservação da fauna local.

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, “essa ação é um marco para a conservação da biodiversidade amazônica. Unimos ciência, engajamento comunitário e parcerias estratégicas para garantir que espécies tão importantes continuem a contribuir com o equilíbrio do ecossistema. É uma vitória para a natureza e para as futuras gerações”, enfatizou. 

Participação - Entre os voluntários mirins, Arthur Cavalcante Gomes, de 9 anos, participou com entusiasmo. “Eu gostei muito de aprender sobre as tartarugas. Descobri que a tartaruga-da-Amazônia pode pesar até 65 quilos. Foi incrível ajudar os filhotes a voltarem para o rio”, relatou o garoto, que também participou das escavações na areia para liberar os quelônios.

Os quelônios possuem características únicas. A tartaruga-da-Amazônia, maior entre as espécies protegidas, pode colocar até 100 ovos por ninho. Já o tracajá e o pitiú, menores, depositam em média 20 ovos. Esses animais são fundamentais para o equilíbrio ambiental, pois atuam como dispersores de sementes e auxiliam na regeneração da floresta.

A participação comunitária foi um dos destaques do evento. Nikaelyson Batista, voluntário pela primeira vez, compartilhou sua experiência. “Foi incrível aprender sobre essas espécies e perceber o quanto nosso envolvimento é importante para a preservação delas. Vou levar esse aprendizado para minha comunidade”, ressaltou.

Ações - As atividades incluem monitoramento contínuo, marcação de ninhos e manejo das condições naturais de reprodução. Desde agosto, equipes compostas por biólogos e auxiliares trabalham para garantir o sucesso da desova e a segurança dos filhotes. A eclosão, que ocorre entre novembro e dezembro, é acompanhada com atenção para assegurar que os animais alcancem o rio.

De acordo com o gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia, Roberto Silva, o projeto representa uma renovação de vida. “Em breve, os primeiros filhotes soltos no início do programa estarão se reproduzindo nas praias do Tabuleiro. Esse ciclo, impulsionado por nosso trabalho, é gratificante e essencial para a preservação da fauna regional”, destacou. 

Além das atividades de soltura, o projeto também combate práticas ilegais, como a coleta de ovos e caça predatória, que ainda representam ameaças significativas. A fiscalização é realizada em parceria com órgãos como do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e secretarias municipais, visando proteger as áreas de desova.

Segundo a bióloga do Ideflor-Bio e presidente do Programa Estadual de Conservação de Quelônios do Pará, Priscila Fonseca, “as ações de preservação das tartarugas do Xingu, são de suma importância, principalmente no que diz respeito à região amazônica, pois as tartarugas têm um simbolismo cultural. São espécies migratórias e dispersoras de sementes, o que garante que a gente possa ter uma flora sustentável. Então, os programas de proteção que o Ideflor-Bio está elaborando, que é uma ação de proteção para os quelônios do estado do Pará, tem grande relevância para que a gente possa garantir a permanência dessas espécies tão importantes para o nosso ecossistema amazônico”, explica a especialista. 

Com a 7ª edição do Projeto Tartarugas do Xingu, a Norte Energia e o Ideflor-Bio reforçam a importância de unir esforços pela preservação da biodiversidade amazônica, garantindo um futuro mais sustentável para os quelônios e para os rios da região.