Santa Casa discute em Fórum importância do atendimento ao recém-nascido prematuro
O evento visa ampliar o conhecimento sobre esses cuidados dentro da assistência, do planejamento e da gestão em saúde
Gestores, profissionais e estudantes da área de saúde participam nesta quinta-feira (21) do 2º Fórum de Assistência Integral e Humanizada do Recém-Nascido Prematuro, aberto no auditório do Centro de Estudos e Treinamentos da Fundação Santa Casa do Pará. O evento, direcionado a quem atua ou pretende trabalhar na assistência neonatal do prematuro, tem entre seus objetivos compartilhar e ampliar o conhecimento sobre esses cuidados do ponto de vista da assistência e do planejamento e gestão em saúde.
A coordenadora do Fórum, Salma Saraty, médica neonatologista que comanda a área neonatal da Fundação Santa Casa, disse que é fundamental o cuidado de qualidade ao recém-nascido, para que esse processo melhore a qualidade do pré-natal. “Santa Casa e Abelardo Santos (Hospital Regional Dr. Abelardo Santos) vivem lotados, e a maioria dos nossos internados é prematuro. Tem muito prematuro, de muito baixo peso, e nós precisamos diminuir a mortalidade no pré-natal. É um grande desafio. Vamos para cima, na luta para melhorar a assistência neonatal, começando desde o pré-natal”, frisou a especialista. O evento foi aberto no auditório do Centro de Estudos e Treinamentos da Fundação Santa Casa do Pará
“A qualidade da assistência prestada desde o pré-natal até o atendimento neonatal, minimizando a manipulação dos prematuros e controlando fatores estressantes, como a redução de ruídos e iluminação, além da presença constante da mãe, que participa dos cuidados, contribuindo para ganho de peso, é um dos fatores que consequentemente têm impacto na diminuição da taxa de mortalidade de recém-nascidos", destacou Salma Saraty.
Estatística - Segundo Norma Assunção, diretora Técnica Assistencial da Fundação Santa Casa, “fizemos um cálculo e temos, aproximadamente, 25% das crianças que nascem dessa extensão são prematuras. Isso é um quantitativo muito alto, já que a Santa Casa faz uma média de 800 partos por mês. Temos em torno de 150 a 210 crianças. São muitas crianças”.
“Esse olhar na discussão da prematuridade, que é um acontecimento evitável, porque a gente sabe que a maior parte dessas crianças nasce de forma prematura por conta de alterações durante a gravidez, quer seja infecção. E esse é um problema sério, que nós estamos vivenciando diariamente nessa instituição, que é a superlotação dentro da unidade neonatal e da maternidade. Aumentamos, ao longo desses anos, o número de pacientes grávidas com intercorrências na gravidez que acaba internando. A gente está em torno de uma média de 30, 40 pacientes internadas na nossa urgência diariamente”, informou a gestora.
Dados e desafios - No Fórum, a médica Ana Cristina Guzzo, coordenadora Estadual de Saúde da Criança, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), apresentou dados e desafios na redução da prematuridade e para a estruturação dos serviços de atendimento aos prematuros no Estado. “Essa é uma questão que precisa ser capitalizada, a qualidade do pré-natal nos nossos territórios. A gente está falando de um estado de dimensões continentais. Isso já é uma fala muito permanente, e com peculiaridades, coisas diferentes em cada região que a gente vai. O Estado tem quatro macrorregiões, 13 regiões de saúde e 144 municípios com suas realidades diversas”, acrescentou. As palestras enfatizam o aumento da qualidade do pré-natal
Ainda segundo Ana Cristina Guzzo, é preciso “qualificar as salas de parto dentro do que preconiza a Portaria 371 do Ministério da Saúde. A gente acompanha as salas de parto e vê que elas não cumprem essa Portaria. Qualificar, para que elas cumpram a Portaria que vai orientar a estruturação da sala de parto, para que recebam um bebê que tem dificuldades para respirar, dificuldade ao nascer. E estruturar isso, além de considerar as regiões que a gente está trabalhando, para que essa criança consiga ser mantida dentro desse serviço até que se garanta o transporte, a transferência, quando houver necessidade”.
Avanço tecnológico - Gabriel Variane, diretor médico da UTI Neonatal Neurológica da Santa Casa de São Paulo, que abriu o Fórum com a palestra "Integração Digital na UTI Neonatal: Tecnologia para Prevenção de Sequela Neurológica", ressaltou que um evento dessa amplitude reforça a educação, pilar para transformar qualquer sociedade. “E isso não é diferente na medicina; não é diferente na neonatologia. Esse fórum, buscando atualizações, trazendo as melhores práticas, promovendo educação para os profissionais de saúde, é realmente fundamental para que a gente consiga melhorar cada vez mais a qualidade do atendimento e os desfechos clínicos para esses pequenos grandes guerreiros”, completou.
Em relação ao avanço da tecnologia, Gabriel Variane disse ainda que a Inteligência Artificial é fascinante, ao permitir a análise de muitos dados com maior precisão. “A gente consegue entender com maior precisão a fisiopatologia, permitindo diagnósticos mais precoces, possivelmente tratamentos mais assertivos. É um caminho fascinante, que certamente vai revolucionar a medicina, e nos próximos 5 a 10 anos vai ter um impacto muito grande. Eu acredito que essa evolução é que nem o computador, a internet, os smartphones. É mais um passo dessa evolução digital da humanidade como um todo”, enfatizou.
Referência - A Santa Casa do Pará é referência na assistência materno-infantil para todo o Estado, atendendo grávidas e recém-nascidos de alto risco. Atualmente, a Fundação Santa Casa é um centro de qualificação para os cuidados com o recém-nascido prematuro, sendo certificado pelo Ministério da Saúde como Referência Estadual à Atenção Humanizada ao Recém-Nascido - Método Canguru.
A instituição também integra a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), promovendo, protegendo e apoiando o aleitamento materno, que garante o alimento mais saudável aos recém-nascidos.
Doação de leite materno – A Santa Casa possui 140 leitos para pacientes neonatais. Atualmente, cerca de 35% dos recém-nascidos internados são prematuros ou de baixo peso, e precisam de leite humano.
Por isso, a programação do “Novembro Roxo” conta com a participação do Banco de Leite da Santa Casa, que orienta mães de recém-nascidos sobre o aleitamento materno e doação de leite humano.
Toda mulher que está amamentando pode doar leite humano. Só precisa estar bem de saúde e ter excedente de leite. O formulário de cadastro para ser doadora está disponível no site da Santa Casa: santacasa.pa.gov.br e no site do Corpo de Bombeiros do Pará (parceiro do projeto de doação): bombeiros.pa.gov.br
Mais informações pelos fones: (91) 3251-7475 / 3251-7311