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Especialistas debatem padronização e acesso a medicamentos antineoplásicos no Brasil

Temática foi um dos destaques da programação científica promovida no Congresso Amazônico de Oncologia e contribuiu com o desenvolvimento das atividades do profissional farmacêutico, com o compartilhamento de experiências e debates de assuntos inseridos nesse campo de atuação

Por Leila Cruz (HOL)
17/11/2024 14h36

Como parte das atividades do I Congresso Amazônico de Oncologia do Hospital Ophir Loyola, a II Jornada de Farmácia Hospitalar e Oncológica reuniu profissionais e estudantes para discutir temas estratégicos no tratamento do câncer. Entre os assuntos abordados no sábado, 16, destacou-se a palestra de Elaine Lazzaroni Moraes, farmacêutica da Divisão de Suprimentos do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e presidente da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia (Sobrafo), que discutiu os "Desafios para a Incorporação de Novas Tecnologias em Oncologia".

Ela se refere, especialmente, aos medicamentos antineoplásicos, cujos custos elevados tornam o acesso cada vez mais difícil para a maioria da população. Elaine destaca que o Brasil enfrenta um cenário heterogêneo, com uma disparidade significativa entre a oferta de medicamentos nos setores público e privado. Enquanto o setor privado tem mais capacidade para disponibilizá-los, o acesso no setor público é limitado. Além disso, há uma clara regionalização no acesso aos tratamentos, com destaque para os centros mais bem estruturados no Sudeste, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e nas regiões Sul do país. No entanto, a especialista aponta exceções, como o estado do Pará: "Temos uma experiência exitosa aqui, o Hospital Ophir Loyola é reconhecido como referência no tratamento de alta complexidade em Oncologia na região", afirmou Elaine.

A categoria farmacêutica desempenha um papel crucial no enfrentamento desses desafios. "Por se tratar de medicamentos, os farmacêuticos atuam diretamente desde a concepção das tecnologias na indústria farmacêutica, mas, principalmente, no ambiente hospitalar e na gestão de tratamentos, avaliando os benefícios e os riscos dessas inovações. Eles realizam análises econômicas essenciais para determinar se os benefícios superam os custos e qual o impacto disso para a população", explica a especialista. Essa batalha pela incorporação de tecnologias no SUS vem sendo travada há mais de uma década. "A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias em Saúde no SUS foi institucionalizada em 2011. Desde então, temos avançado na inclusão de novas tecnologias, especialmente no tratamento do câncer, com foco nos antineoplásicos", completou.

Conscientização – Outro assunto punjente foi exposto por Carolina Heitmann, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Pará e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA). Com a palestra intitulada "Interpretação de exame laboratorial: aplicando resultados à prática clínico-hospitalar", ela destacou o empenho dos órgãos representantes de classe para que os profissionais atentem ao assunto. “Principalmente, identificar o que o medicamento pode estar alterando no exame, o que é importantíssimo para podermos minimizar qualquer problema relacionado a esse tipo de terapia medicamentosa”, ressalta.

O Pará conta com pouco mais de 12 mil farmacêuticos, e Carolina enfatiza a importância de que todos busquem qualificação contínua, independentemente de sua área de atuação, seja em hospitais, consultórios ou qualquer ambiente onde haja a dispensação de medicamentos. "A qualificação é essencial para garantir a segurança e eficácia no uso dos medicamentos, em qualquer contexto", ressaltou.

Annie Oliveira, Superintendente do Instituto Central do Hospital Ophir LoyolaAnnie Oliveira, superintendente do Instituto Central do Hospital Ophir Loyola (HOL) e presidente da Sociedade Brasileira (SBRAFH) - regional Pará, foi a responsável pela moderação de uma série de palestras durante a jornada e destacou a importância da atualização contínua dos profissionais de farmácia. Ela ressaltou, ainda, a relevância da integração desses profissionais nas equipes multidisciplinares, que incluem médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros.

"O farmacêutico pode atuar em mais de cem áreas diferentes", explica Annie, lembrando que a capacitação contínua, por meio de eventos como jornadas e congressos, é fundamental para ampliar as oportunidades de atuação e garantir um desempenho de qualidade. "O foco principal deve ser sempre o paciente", concluiu.

PalestrantesO Congresso – Realizado nos dias 15 e 16 de novembro, com abertura no dia 14, o evento ocorreu no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Seu objetivo foi criar um espaço para a divulgação de pesquisas científicas desenvolvidas no Hospital Ophir Loyola (HOL) e em outras instituições do Pará, além de promover o debate e a disseminação de conhecimento científico multidisciplinar nas áreas de alta complexidade. O congresso contou com a participação de especialistas e formadores de opinião da Amazônia e de diversas regiões do Brasil.