Congresso Amazônico de Oncologia destaca Cuidados Paliativos e inovações no atendimento
Estado do Pará é pioneiro na criação do primeiro Centro de Cuidados Paliativos Oncológicos da região Norte, vinculado ao Hospital Ophir Loyola, em Belém, e entregue pelo governo do Estado em abril deste ano
O I Congresso Amazônico de Oncologia do Hospital Ophir Loyola (HOL) debateu "Cuidados Paliativos", no último sábado, 16. A mesa-redonda destacou diversos aspectos relacionados à importância dessa abordagem, que tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves ou incuráveis, e apresentar inovações no atendimento. As palestras evidenciaram temas referentes à Política Nacional de Cuidados Paliativos, terminalidade, plano terapêutico, além da exposição de experiências e tecnologias usadas para o atendimento de pacientes que recebem esse tipo de assistência.
A coordenadora médica da equipe de cuidados paliativos oncológicos do HOL, Daia Polianne Hausseler, destacou a relevância do tema, especialmente após a criação, em 2024, da Política Nacional de Cuidados Paliativos, por meio da Portaria nº 3.681, de 7 de maio. Embora a política seja recente, o hospital já atua na área há 23 anos. "Atuamos em ambulatório, atendimento domiciliar e internação. E, em abril deste ano, inauguramos o Centro Cuidados Paliativos Oncológicos, com 31 leitos, e a previsão de ampliação com mais 20 novos leitos no próximo ano", afirmou a médica.
Daia abordou ainda a desinformação comum sobre cuidados paliativos, que muitas vezes são associados à terminalidade da vida. "O objetivo não é apressar o óbito, mas garantir dignidade e qualidade de vida. Muitos pacientes não estão em um tratamento modificador, mas em uma fase sem perspectiva de cura, contudo, podem, sim, viver muitos anos. O nosso trabalho é garantir conforto, controle da dor e a manutenção da convivência familiar, além de permitir que essas pessoas realizem as atividades básicas diárias e vivam com dignidade", explicou.
Ela ressaltou ainda a crescente demanda por cuidados paliativos, especialmente com a recente implementação da Política Nacional, e a importância de eventos como o Congresso Amazônico de Oncologia para desmistificar a associação entre cuidados paliativos e a morte. "O congresso cumpriu um papel importante de visibilidade e conscientização, a nível local e nacional, sobre a importância de oferecer um cuidado humanizado e de qualidade para aqueles que enfrentam doenças graves. E permitiu um espaço de sensibilização da população, mostrando que cuidado paliativo é um cuidado digno, não uma sentença de morte", avaliou a médica paliativista.
A médica Regiane Frota, também integrante da equipe de CCPO do HOL, destacou dois serviços desenvolvidos pelo hospital: o Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) e o aplicativo “Lila”. As visitas domiciliares são realizadas por uma equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, que se deslocam até a casa dos pacientes para oferecer cuidados personalizados. "É uma experiência única, que nos permite entrar no lar do paciente, entender as necessidades dele e proporcionar um atendimento mais próximo e humanizado. A visita domiciliar é o grande carro-chefe do nosso serviço, pois quem não gostaria de ter uma visita ambulatorial no conforto de casa?", destacou.
Aplicativo
O Centro de Cuidados Paliativos Oncológicos oferta um serviço tecnológico que tem ajudado muito no atendimento dos pacientes: o aplicativo Lila, lançado em abril deste ano. Trata-se de um aplicativo em que os pacientes podem enviar mensagens, com dúvidas e solicitações, para a equipe médica do hospital. O serviço é ofertado no horário comercial, das 8h às 18h, e tem contribuído com a qualidade no atendimento ao evitar que os enfermos precisem se deslocar até o HOL.
Além disso, o Lila tem se mostrado uma ferramenta valiosa no atendimento remoto. O app, que funciona de forma similar ao WhatsApp, permite que pacientes enviem dúvidas e solicitem orientações médicas sem precisar sair de casa. "Em apenas seis meses de funcionamento, o Lila já teve um aumento significativo na adesão. Passamos de 15 atendimentos mensais, em abril, para 199 atendimentos em outubro", relatou Regiane. O aplicativo também permite prescrição de medicamentos, proporcionando maior comodidade e agilidade no atendimento.
A equipe de cuidados paliativos do Hospital é composta por profissionais de diversas áreas, incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, odontólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais e capelães. A multidisciplinaridade reforça o cuidado integral dos pacientes. O Congresso cumpriu um papel importante de visibilidade e conscientização, local e nacional, sobre a importância de oferecer um cuidado humanizado e de qualidade para aqueles que enfrentam doenças graves.