Especialistas debatem métodos diagnósticos e tratamentos ofertados para neoplasias de fígado, vias biliares
Evento abordou condutas terapêuticas e reuniu especialistas, médicos, residentes e estudantes de medicina no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia
Como parte da programação do I Congresso Amazônico de Oncologia do Hospital Ophir Loyola (HOL), realizado no Hangar, a sessão intitulada "Neoplasia de fígado, vias biliares e pâncreas" contou com as palestras de Agnaldo Lima (MG), Eduardo Ramos (PR) e Camila Tabosa (PA), tendo como debatedores Nataliê Almeida Silva (SP) e Bernard Costa Favacho (SP) e a moderação refinada de Paulo Soares, chefe do Departamento de Cirurgia Abdominopélvica do hospital.
Conforme o doutor em oncologia pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), Paulo Soares ressalta que "todo congresso visa trocar ideias e cada um aprender com a experiência do outro. É assim que crescemos cientificamente". No entanto, não se perde de vista que cada região tem uma incidência de câncer diferente. "O Brasil é muito grande e nós temos, por exemplo, incidências de tumores gástricos muito altos em Belém, alguns tumores no fígado, causados pelo Vírus B e pelo Vírus C. O paciente só tem a ganhar com nossa integração", garante.
A melhor forma de se fazer o diagnóstico do paciente e a melhor terapêutica para cada caso têm se desenvolvido, apesar dos desafios. "Com os meios de comunicação mais avançados, temos maior rapidez em saber o que está acontecendo na Europa, na América do Norte ou na Ásia. Obviamente, os métodos diagnósticos dependem também da disponibilidade financeira nos sistemas público e privado. Mas, é assim que conseguimos obter resultados que antigamente não era possível, resultados com maior fidelidade sobre aquilo que está acontecendo com o paciente e mensurando melhor o tamanho da doença".
Diagnóstico – Coordenador de Transplante de Fígado da Santa Casa de Belo Horizonte e professor da Pós-graduação em Cirurgia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Agnaldo Lima acredita que o Brasil conquistou mais avanços nos processos de diagnóstico do que nos tratamentos. "Na maioria dos serviços, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS), temos um parque de ferramentas para diagnóstico com tomografia, ressonância, ultrassonografia, laboratórios. Estamos muito mais próximos do que sonhamos em termos de capacidade para diagnosticar. Já o tratamento, quando é cirúrgico, temos muitos recursos, mas, quanto a drogas e equipamentos, estamos mais atrás", comparou.
O professor é cauteloso quanto a paralelos regionais no que se refere ao acesso de pacientes ao diagnóstico e tratamento das doenças. Agnaldo Lima argumenta que "em Minas Gerais, na capital e em algumas cidades-polo, existem atendimentos de excelente qualidade. Mas, o interior de Minas sofre muitas limitações. Obviamente, tem uma explicação de emprego de recursos: a concentração otimiza o uso dos recursos, mas, dificulta para quem precisa se deslocar por horas e horas até o local de atendimento; é muito sofrido não só porque ele tá doente, mas, por nem sempre ter recursos próprios para se manter em outros lugares".
Em uma das três palestras proferidas na manhã desta sexta-feira, 15, "Tratamento de metástases hepáticas do cólon: quando indicar cirurgia Upfront ou Neoadjuvância?", Agnaldo Lima dissertou, justamente, neste contexto de um diagnóstico preciso antes de se optar pela cirurgia, imediatamente, antes da quimioterapia – a chamada cirurgia Upfront. A título de ilustração, tem-se que “a discussão sobre quimioterapia neoadjuvante ou não só se aplica aos tumores não-obstrutivos no cólon e ressecáveis no fígado”.
O congresso – Nos dias 15 e 16 de novembro, o evento será realizado das 8h30 às 18h30, no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. A finalidade é promover um espaço de divulgação de pesquisas científicas desenvolvidas no HOL e em outras instituições do Pará, além de debater e disseminar conhecimento científico multidisciplinar nas áreas de referência de alta complexidade, com a presença de especialistas da Amazônia e de outras regiões do Brasil. Os mais de 2 mil congressistas inscritos poderão conferir a exposição do legado de 112 anos do HOL. Estão programados minicursos, jornadas, painéis, simpósios, mesas-redondas e cerca de 220 palestras. Haverá apresentação de e-pôsteres e estandes, com expositores das redes de saúde pública e privada.
Sobre o Hospital - Certificado como Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) e Hospital de Ensino pelo Ministério da Saúde e Ministério da Educação, o HOL participa do Plano Estadual e da Rede de Atenção Oncológica do Estado do Pará. Atende mais de 70% da demanda oncológica paraense, sendo responsável pelo atendimento de adultos com casos de câncer do aparelho ginecológico, urológico e digestivo das regiões de Saúde Metropolitana I, II e III. É referência para o atendimento de todos os tipos de câncer em todas as regiões de saúde do Pará e estados vizinhos. A unidade hospitalar também é referência em neurologia, neurocirurgia e transplantes de córnea, medula óssea e rim. Oferta programas de residência médica, multiprofissional e uniprofissional, e participa de estudos multicêntricos nacionais e internacionais.