Transplante de medula óssea em pacientes com Doença Facilforme é discutido em Workshop no Hemopa
A Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) realiza o II Workshop de Hemoglobinopatias e Doença Falciforme (DF) com Sobrecarga de Ferro: Novas Perspectivas – Transplante de Medula Óssea (TMO), nos dias 28, 29 e 30 de outubro, no auditório do hemocentro. Entre os temas, destaque para o transplante de medula óssea em pacientes com Doença Falciforme, que recentemente foi aprovado pelo Ministério da Saúde (MS). Anteriormente a essa portaria ministerial, autorizando o procedimento, foram realizados 29 transplantes no Brasil, sendo cinco deles em paraenses que, estão em processo de cura.
Este ano o evento agregará também o I Encontro Paraense de Pessoas com Doença Falciforme e a I Oficina de Autocuidado em Doença Falciforme. Organizado pela Coordenação de Atendimento Ambulatorial (Coamb) do Hemopa, em parceria com a empresa farmacêutica Novartis, a atividade conta com mais de 120 participantes inscritos, entre profissionais, acadêmicos, pacientes e acompanhantes, que assistirão à palestras e mesas redondas, apresentadas por profissionais do Estado e do Brasil, entre eles a hematologista Belinda Simões, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, onde desenvolve importante trabalho de TMO em pessoas com DF.
“Não é caro fazer transplante. Caro é o que se gasta com sangue, hospitalização e cuidados. Isso é caro. Além do custo social: o indivíduo deixa de ir à escola, pois falta o tempo inteiro, não consegue emprego, porque a cada semana precisa ser internado. Esse custo o transplante resolve”, defendeu a médica em recente entrevista a um canal no Youtube, apelando principalmente aos pediatras para que deixem de ter medo e encarem o procedimento como possibilidade real de cura dos pacientes.
Saide Trindade, titular da Coamb, informa que o workshop promove a educação continuada em saúde e traz como novidades esse ano, além do TMO, temas como talassemia (uma desordem hereditária que pode causar anemia). “Teremos dois eventos pré workshop, a I Oficina de Autocuidado em DF e o I Encontro Paraense de Pessoas com DF. Com isso, pretendemos integrar as pessoas com DF e sensibilizá-las quanto à importância da adesão ao tratamento”, comenta.
Em 2014, além das palestras, o evento contou com Oficina de Úlcera de Perna e Roda de Conversa, com profissionais do Hemopa. Os pacientes também passaram por consultas com especialistas da Universidade Federal da Bahia, para avaliar a possibilidade de tratamento com terapia celular nas pessoas com necrose asséptica decorrente da DF, uma das doenças hereditárias mais comuns no Brasil.
Números - Segundo dados do MS, todos os anos 3,5 mil crianças brasileiras nascem com a patologia, e outras 200 mil com o traço falciforme. No Pará, o hemocentro possui um cadastro de 13.418 pacientes ativos. Desses, 711 são portadores de DF. A doença é mais comum na população afrodescendente. Para diagnosticá-la, o principal exame na fase neonatal é o teste do pezinho. Oferecido pela Rede Básica de Saúde, tem a necessidade de realização a partir do terceiro ao sétimo dia de vida. Acima de seis meses de idade, o diagnóstico é feito pelo exame de eletroforese de hemoglobina, disponível também no SUS.
Os principais sintomas são: anemia crônica, icterícia (cor amarelada na parte branca dos olhos), mãos e pés inchados, dor nos punhos e tornozelos (frequente até os 2 anos de idade), crises de dores em músculos, ossos e articulações e aumento do baço, podendo evoluir à forma mais grave, comprometendo o Sistema Nervoso Central.
O ambulatório de pacientes funciona na sede da Fundação Hemopa, na travessa Padre Eutíquio, 2.109, em Batista Campos, de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h. Mais informações pelo Alô Hemopa: 0800-2808118.