Hospital Galileu garante cirurgias de alta complexidade nas vias aéreas
Nos últimos três anos, unidade hospitalar já realizou mais de mil procedimentos de laringe, traqueia e brônquios
Os investimentos do governo do Estado na saúde pública têm devolvido para pessoas a dignidade e a qualidade de vida. Nos últimos três anos, por exemplo, mais de 1 mil procedimentos de alta complexidade foram realizados no Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), na Grande Belém.
As cirurgias das vias aéreas, que tratam de lesões na laringe, na traqueia e nos brônquios, se tornaram referência em todo o País, e até, internacionalmente, diante de sua especificidade dentro da especialidade de cirurgia torácica e, sobretudo, pela sua realização através do Sistema Único de Saúde Pública (SUS).
Um encontro inesperado fez com que Rosana Esmeria Silva, de 24 anos, voltasse a ter esperança em dias melhores. A estudante de enfermagem, em 2017, sofreu um acidente de motocicleta, no qual o impacto afastou potencialmente a região do seu pescoço, comprometendo gravemente suas cordas vocais. Desde então, começou a luta da jovem, que, até ano passado, tinha perdido as expectativas de recuperação e da retirada da traqueostomia.
A moradora de Uruará, no sudoeste paraense, procurou ajuda até fora do Estado, mas sem sucesso. "Depois de 7 meses do acidente, fiquei sabendo a real gravidade. Fomos para São Paulo procurar ajuda, e lá, fiz cirurgias, e sem nenhum resultado, lá desenganaram o meu caso. O médico disse que era muito complexo. Voltei para a minha cidade sem esperança de que um dia eu teria a possibilidade de retirar a traqueostomia. Já tinha aceitado que ia usar para sempre", comentou Rosana Silva.
No final do ano passado tudo mudou. Ela estava em Santarém, numa roda de carimbó, quando o cirurgião torácico do Galileu, Roger Normando, observou o uso da jovem com traqueostomia. "Costumo dizer que ele foi enviado por Deus. Não há outra explicação. Eu e minha família estávamos em Alter do Chão, quando o doutor me viu na pracinha, ele procurou saber da minha história. E disse que no Galileu teria o tratamento", relembrou. Em Belém, a estudante fez a consulta e logo foi encaminhada para a primeira cirurgia no HPGE.
"Voltei a sonhar com a possibilidade de retirar a traqueostomia. Ainda estou em tratamento mas com certeza que tudo vai dar certo. Sou eternamente grata ao doutor Roger e a toda a equipe do Galileu, pelo carinho e pelo cuidado", agradeceu a jovem que hoje leva uma vida quase normal, comendo, respirando melhor e com um avanço na comunicação verbal.
Complexidade
"Falei com ela e seus pais. Observamos que a cirurgia era muito complexa, mas que poderíamos tentar. Fizemos (a equipe de cirurgia torácica) um procedimento bastante complexo de 3 a 4 horas de procedimento. Essa foi a primeira aqui. Ainda não terminou o tratamento, mas já conseguimos canalizar as vias aéreas. Foi um passo muito importante, e muito em breve já será retirada a traqueostomia e ela voltará a respirar normalmente", detalhou o cirurgião torácico do HPEG.
Procedimentos
Nos últimos três anos, os 1 mil procedimentos realizados pelo Galileu foram de pequenos, grandes e de médio porte. É que além das cirurgias, alguns casos foram tratados com métodos minimamente agressivos, endoscópicos, que substituem a cirurgia e devolvem a qualidade de vida.
Os procedimentos tratam dos traumatismos torácicos, câncer de pulmão, outras doenças pulmonares benignas e cirurgia das vias aéreas. Segundo Roger Normando, nos últimos tempos, estão se destacando o transplante de pulmão e a cirurgia minimamente invasiva, seja a cirurgia por vídeo, seja cirurgia robótica.
Pioneiro no Norte do Brasil, o serviço de alta complexidade oferecido pelo HPEG ainda é pouco ofertado no País. Com o centro implantado no Hospital paraense, os procedimentos se tornaram destaques internacionais.
“A traqueo não é uma especialidade. Mais conhecida como cirurgia das vias aéreas, ela é parte de cirurgia torácica, embora algumas outras especialidades também possam realizar, mas isso é pouco comum. Vale entender que as vias aéreas têm uma parte no pescoço e uma parte dentro do tórax, que é a mais complexa. Como ela faz parte do aparelho respiratório, que é de domínio do cirurgião torácico, por essas questões acabou fazendo parte da nossa especialidade”, explicou Roger Normando.
Diferencial
A diferença da especialidade no Galileu é que ela trata a cirurgia complexa das vias aéreas. É um tema bastante controvertido e pela sua alta complexidade não é realizada em qualquer centro médico.
“O HPEG tem um sistema de fluxograma muito bem azeitado, tomada equipe cirúrgica a equipe de terapia intensiva e a assistência dos médicos das enfermarias chegam ao que nós ou qualquer outro serviço busca, a excelência. O melhor de tudo é que isso tudo é feito pelo SUS com a fomentação do governo do Estado do Pará. Como temos um número muito grande de procedimentos simples e complexos isso atrai outros cirurgiões de outros centros para conviver com essa experiência que é única na nossa região e uma das poucas no país”, detalhou o cirurgião.
Reconhecimento
Para se ter uma ideia da importância do serviço ofertado no Galileu para o Brasil, ano passado, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, premiou a equipe do Hospital. Os médicos Roger Normando Junior, Ajalce Leão Janahú e Marco Antônio Tavares receberam um prêmio nacional de Ordem do Mérito Institucional Professor Antônio Ribeiro Netto.
O reconhecimento avalia a assistência prestada e o impacto destes processos no ambiente onde estes profissionais atuam, neste caso, na Amazônia, região de grande abrangência e menos recursos. O prêmio levou em consideração o alcance do trabalho realizado, inovação, excelência e dedicação no tratamento de pacientes portadores de estenose laringo-traqueal.
“Não temos medido esforços para ver o Pará avançando. E na saúde, devolver o bem estar, a qualidade de vida, é dar esperança para novos rumos, novas etapas de vida. 1 mil procedimentos em três anos de procedimentos de alta complexidade, mostra que estamos no caminho certo e nos tornando referência para o Brasil e para o mundo que uma assistência de qualidade e assertiva proporcionada pelo SUS é possível sim”, comemorou Ivete Vaz, secretária Estadual de Saúde Pública.
Perfil - O Hospital Público Galileu, administrado pelo Instituto de Saúde e Social da Amazônia – ISSAA, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) é referência na rede pública de saúde estadual para tratamentos de lesões na traqueia e traumas.
Texto de Roberta Paraense