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DIA DAS AVES

Nascimento de filhotes de ararajuba coroam esforço para reintroduzir espécie em Belém

Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna ganhou cinco novos espécimes dessa espécie que era considerada extinta na área urbana da capital

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
05/10/2024 10h29

Filhotes de ararajuba nascidos no Parque Ambiental de Belém são novo passo na reintrodução dessas aves nos céus da capitalO Dia das Aves, neste sábado, 5, ganhou um significado especial com a comemoração de uma importante vitória para a conservação da biodiversidade. O Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas na Região Metropolitana de Belém, conduzido pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com a Fundação Lymington, acaba de alcançar uma nova etapa. Pela primeira vez, cinco filhotes de ararajubas (Guaruba guarouba) nasceram no Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”, um marco no processo de reinserção dessas aves que já foram extintas na região.

Os cinco filhotes, que completaram dois meses, são os primeiros descendentes diretos do projeto, que já devolveu 58 ararajubas aos céus de Belém. De acordo com os especialistas, os jovens pássaros já começaram a sair do ninho, mas antes observaram os adultos e aprenderam com eles comportamentos essenciais para sua sobrevivência, como voar e se alimentar. 

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, a celebração do Dia das Aves não poderia ter um significado mais profundo para Belém. “O nascimento desses filhotes é um símbolo de sucesso para todo o esforço de reintrodução da espécie na nossa região. É um lembrete de que a dedicação à conservação pode, sim, trazer de volta espécies que um dia pareciam perdidas, reafirmando a conexão entre o homem e a natureza. Estamos restaurando um patrimônio natural que esteve ameaçado por muitos anos”, afirmou.

Vale lembrar que até pouco tempo a ararajuba era considerada extinta nas áreas ao redor de Belém, o que destacava a urgência de iniciativas de preservação. Graças ao trabalho conjunto entre cientistas e do poder público, essa realidade está sendo revertida. O nascimento dessas aves representa não só a continuidade da espécie, mas também a recuperação de parte do equilíbrio ecológico da região.Ararajubas têm um perfil colaborativo e todos os espécimes da comunidade ajudam na manutenção e proteção dos filhotes

Colaboração - Um dos aspectos observados pelos biólogos envolvidos no projeto é o comportamento colaborativo das ararajubas na criação dos filhotes. Embora a mãe seja a principal cuidadora, outras fêmeas e machos da mesma comunidade ajudam a proteger e alimentar os pequenos até que estejam prontos para deixar o ninho. Essa prática reforça a coesão social da espécie e é uma das características que diferenciam as ararajubas de outras aves.

Esses filhotes, por terem nascido diretamente na natureza, diferem das ararajubas trazidas de São Paulo pela Fundação Lymington, que precisam passar por um processo de adaptação ao clima e à alimentação local antes de serem soltas. As aves paraenses, no entanto, já estão ambientadas e podem voar livremente pelos céus de Belém sem essa etapa de transição. Em média, dois meses após o nascimento, as ararajubas jovens já estão aptas a ganhar independência.

Continuidade - Outro impulso recente ao projeto foi o Termo de Colaboração assinado em abril de 2024 entre o Ideflor-Bio e a Fundação Lymington, que garantiu a continuidade da iniciativa por mais dois anos. O foco agora é a terceira etapa do programa, que visa não apenas à reintrodução de mais aves, mas também à ampliação das ações de educação ambiental e engajamento da comunidade local.

Até o próximo ano, quando Belém sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a expectativa é de que mais 50 ararajubas sejam soltas na região, fortalecendo ainda mais a população local da espécie. A visibilidade internacional proporcionada pela COP 30 pode, inclusive, atrair mais atenção e apoio para o projeto, colocando Belém no mapa global da conservação.

Além da reintrodução de novas aves, a terceira fase do projeto inclui a ampliação do aviário para treinar as ararajubas em voo e adaptação ao ambiente natural, além da criação de um espaço de quarentena para garantir a saúde das aves recém-chegadas. No Parque Estadual do Utinga, o público terá a chance de interagir com um novo equipamento digital que oferece informações sobre o projeto e a conservação da biodiversidade.

Nos próximos dois anos, o projeto de reintrodução deve alcançar números recordes em termos de aves reintroduzidas, reafirmando o compromisso com a preservação das ararajubas, um dos ícones da fauna brasileira. O diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, Crisomar Lobato, celebra o sucesso contínuo da iniciativa. “Estamos devolvendo às futuras gerações a oportunidade de ver essas aves magníficas em liberdade. A natureza nos devolve o que cuidamos com esforço e dedicação”, enfatizou.