Expedição à Estação Ecológica Grão-Pará monitora riquezas da floresta tropical
Unidade de Conservação é a maior do Brasil na categoria de Proteção Integral e levantamentos ajudam a monitorar a fauna e flora
Uma equipe composta por 23 pessoas realizou, durante 10 dias, uma expedição de monitoramento da biodiversidade na Estação Ecológica (Esec) Grão-Pará, a maior Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral em florestas tropicais do mundo, situada no oeste paraense. A iniciativa reuniu pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), coordenadores, auxiliares e representantes indígenas com o objetivo de catalogar a fauna e a flora locais e promover a integração e respeito às tradições indígenas.
A Esec Grão-Pará, criada em 2006, abrange uma área de 42.458,19 km², localizada na margem esquerda do rio Amazonas e abrange os municípios de Oriximiná, Óbidos, Alenquer e Monte Alegre. O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) é o responsável por sua gestão, que é conduzida por meio da Gerência Administrativa da Calha Norte III, a qual também gerencia a Reserva Biológica (Rebio) Maicuru e a Esec Mamuru.
Durante a expedição, a equipe empregou diversas metodologias de coleta, como armadilhas fotográficas, transectos de aves e amostragem de solo. Em diferentes pontos da UC, os pesquisadores observaram os hábitos e interações das espécies locais, identificando informações valiosas sobre a saúde dos ecossistemas.
“Essa expedição foi uma grande oportunidade para entendermos melhor a dinâmica da floresta e identificar as interações entre as espécies, muitas das quais ainda não foram documentadas”, afirmou o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto.
Desafios para acessar o território protegido
A logística para alcançar a Esec Grão-Pará foi um dos principais desafios da missão. A viagem envolveu um planejamento cuidadoso e um aporte significativo de recursos do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Lançado em 2002 pelo Governo Federal e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, o Arpa apoia 120 UCs na Amazônia, sendo 60 de Proteção Integral, incluindo a Esec Grão-Pará.
Para o trabalho, foi necessário alugar um avião para chegar à aldeia Mapuera, o local com a pista de pouso mais próxima da UC. A partir dali, uma jornada de dois dias em embarcações conhecidas como “casco” levou os pesquisadores até os pontos de coleta de dados.
O conhecimento ancestral dos povos indígenas foi fundamental para a navegação rio acima, já que a região apresenta uma série de desafios, como áreas com baixo volume de água e corredeiras.
“Os conhecimentos tradicionais dos indígenas da calha do rio Mapuera foram importantes para superarmos as adversidades do caminho e alcançarmos os locais de monitoramento”, ressaltou o titular da GRCNIII, Neto Vasconcelos. “Essa parceria demonstra como a ciência e os saberes locais podem se complementar para a conservação da biodiversidade”, complementa o gerente.
Diversidade - Os dez dias de expedição foram marcados por momentos de descoberta e aprendizado. A diversidade de espécies encontradas, desde árvores imponentes a pequenos insetos, reafirmou a importância da Esec Grão-Pará como um dos principais refúgios da biodiversidade amazônica. Os registros incluíram novas interações entre espécies e informações inéditas sobre os ecossistemas locais, indicando que há ainda muito a ser explorado e compreendido nesse vasto território.
Ao final da expedição, a equipe se reuniu para discutir os dados coletados e compartilhar experiências. O consenso era de que a missão havia sido um sucesso, contribuindo não apenas para a pesquisa científica, mas também para reforçar o compromisso com a conservação da floresta. “A Esec Grão-Pará, com sua imensidão de vida e conhecimento, permanece como um pilar da esperança na luta pela conservação da Amazônia”, ressalta Neto Vasconcelos.
Parcerias - A expedição também fortaleceu a integração entre os pesquisadores e as comunidades indígenas. A troca de conhecimentos e saberes se mostrou essencial para a preservação da UC. A Esec Grão-Pará se reafirma como um bastião da biodiversidade tropical, servindo como uma fonte de esperança para a conservação em um contexto de crescentes desafios ambientais globais.
Segundo a professora da Ufopa do Campus Oriximiná (PA), Dávia Talgatti, a parceria entre o Ideflor-Bio e a Ufopa é fundamental para aprofundar o conhecimento biológico e compreender os processos ecossistêmicos das principais UCs do Pará. A expedição à Esec Grão-Pará, realizada este ano, é a segunda fruto dessa colaboração e teve como objetivo levantar dados da fauna e flora amazônica, além de instaurar o monitoramento biológico na região. Essa iniciativa é extremamente valiosa, especialmente pela dificuldade e custo de acesso ao local, o que só se torna possível graças a parcerias como esta com o Instituto”, enfatizou.
O diretor de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação, Ellivelton Carvalho, afirmou que a expedição marcou um importante avanço na proteção da floresta amazônica. “Os resultados obtidos nessa expedição mostram que ainda há muito a ser descoberto e preservado na Esec Grão-Pará. A união entre ciência, gestão e conhecimentos tradicionais é o caminho para garantir a conservação desse ecossistema tão valioso”, declarou.