Programa da Seduc auxilia no atendimento às vítimas de escalpelamento
Crianças atendidas pelo Programa Classe Hospitalar, da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), deram um exemplo de superação na última quinta-feira, 12, no Espaço Acolher, da Fundação Santa Casa de Misericórdia. Duas meninas e um menino na faixa dos 8 a 10 anos de idade, dos municípios de São Domingos do Capim, Oeiras do Pará e Cametá, cantaram e coreografaram canções de roda usando barcos de papel diante de uma plateia emocionada. As crianças foram orientadas pela bolsista da UEPA, Sabrina Sarmento.
Elas fazem tratamento para escalpelamento. Em funcionamento no Espaço Acolher desde 2011, o Classe Hospitalar viabiliza que crianças, adolescentes e adultos, vítimas de escalpelamento nos rios dos municípios paraenses, possam dar continuidade a seus estudos na sede em Belém, simultaneamente ao tratamento médico na Santa Casa.
As crianças se apresentarem aos participantes do V Fórum de Pesquisa, I Simpósio de Hepatologia, I Simpósio de Nutrição e I Simpósio de Atendimento Escolar Hospitalar, no auditório da Santa Casa.
Em 2014, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) identificou 12 casos de escalpelamento, inclusive um óbito, no Estado. Em 2015, são oito casos registrados no Pará, como informou Socorro Silva, representante da Sespa na Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento.
“Esse trabalho da Classe Hospitalar no Espaço Acolher é muito importante, porque nós acabamos de ver uma demonstração de vida, de alegria e, mais do que tudo, de interação social, por essas crianças que se apresentaram aqui. Então, na parte pedagógica, tem o fato de se sentir participante, de ter a sua autoestima valorizada. O trabalho de vocês aqui é maravilhoso”, afirmou a professora doutora Léa Chuster Albertoni, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que palestrou na abertura do evento.
A presidente da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Rosângela Brandão Monteiro, ressaltou que o trabalho desenvolvido por uma comissão estadual de enfrentamento ao escalpelamento tem como base a objetividade nas proposições, de forma a atingir as comunidades do interior do Estado. Rosângela Monteiro observou que a pesquisa científica contribui para aperfeiçoar o atendimento aos pacientes, em particular as vítimas de escalpelamento, para que não abandonem os estudos.
Em pauta - Entre as orientações está o corte dos cabelos ou mantê-los amarrados e, ainda, a cobertura do eixo do motor do barco pelos barqueiros, além dos serviços de orientação e proteção do motor dos barcos, prestados pela Sespa, Marinha do Brasil e instituições e empresas parceiras nos rios e comunidades ribeirinhas.
A pedagoga da Seduc Denise Mota, que atua no Espaço Acolher, informou que o “Classe Hospitalar”, sediado na Escola Estadual Barão do Rio Branco, estuda a realização, em breve, de um seminário com gestores e professores de escolas do arquipélago do Marajó, para discussão de mudança curricular em que a prevenção ao escalpelamento seja inserida, de forma perene, no universo de conteúdos dos estudantes.
O Classe Hospitalar atende estudantes no Ensino Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), neste caso, pais e acompanhantes das vítimas dos acidentes. Atuam no Espaço Acolher a coordenadora Maria Luzia de Matos, da Santa Casa, e as pedagogas Rosiane Alcântara, Gilda Saldanha, Denise Mota, Silvana Almeida, Rita Figueiredo e Deusanilce Batista.