Estande da Ioepa tem debate sobre os 40 anos de literatura de Antônio Juracy Siqueira
O professor e cordelista é um dos homenageados da 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes
Um animado bate-papo em torno da literatura produzida pelo professor e cordelista Antônio Juracy Siqueira, um dos homenageados da 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, marcou a noite da última terça-feira, 20, no estande da Imprensa Oficial do Estado (Ioepa). O autor também aproveitou para autografar os cinco livros da coletânea "Obras Reunidas de Antônio Juracy Siqueira", publicado pela Editora da Ioepa que marca os 40 anos de militância na literatura popular.
O debate foi intermediado pela representante da Editora Pública Dalcídio Jurandir, Vitória Oliveira, com a participação do presidente da Ioepa, Jorge Panzera e outros poetas que foram prestigiar o autor.
Ao conversar com o público sobre a literatura do cordel, Juracy Siqueira disse que a homenagem representa toda uma categoria de escritores do Estado. “Eu externo essa homenagem a todos nós, que trabalhamos pela literatura no Brasil e na maior parte espalhados pelo norte e nordeste, porque a literatura eterniza as palavras através da arte e a arte é que imortaliza o homem”, disse ele.
O titular da Ioepa, Jorge Panzera, lembrou que há 37 anos distribui os poemas em um papel de coração. "É uma tradição e quem já o encontrou pela rua em algum momento, com certeza deve ter guardado em algum livro 'o coração do poeta'", disse ele ao falar da alegria em receber a solicitação da Universidade Federal do Pará para publicação das obras.
"Esses livros são apenas uma parte do seu trabalho. Agora imaginem quantos corações já foram distribuídos ao longo de sua carreira. Vai ter que juntar os corações em tudo quanto é lugar de Belém se for fazer a obra toda", brincou Panzera, ao lembrar, do esforço de se criar uma política pública de produção de livros no estado. "Nesses cinco anos que a Editora fará no dia 24, já produziu 190 livros, sendo cinco livros do Juracy Siqueira".
Participação - Fã das obras do autor, o poeta Márcio Galvão aproveitou para recitar um poema de Antônio Juracy Siqueira. “Eu era um garoto quando já ouvia falar dele na rádio Cultura, no programa sobre os encontros da Malta. Ele é um cara sensacional e muito ativo. Fico profundamente feliz de ver que ele está sendo homenageado na Feira do Livro e merece essa homenagem mais do que ninguém aqui no estado”.
Outra fã do autor que esteve presente no momento foi a cabeleireira Suely Silva, que aproveitou para fazer um vídeo do autor ao filho, um professor que leciona em Canaã dos Carajás e aniversariava no momento. “Foi um pedido que meu filho fez quando soube que viria para cá. Além de ser um grande poeta, Antônio Juracy Siqueira é meu vizinho e sempre prestígio suas programações”, contou ela.
Mineração - Pela tarde, houve uma roda de conversa com o professor, sociólogo, especialista em História Agrária e doutor em História Social da Amazônia, Marcos Carmo de Almeida, sobre o trabalho desenvolvido sobre as populações do Rio Capim afetadas pela mineração do caulim a partir de meados da década de 90, resultado de sua dissertação de mestrado em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), em 2014.
Publicada pela primeira vez em 2022, a obra “Mineração e Deslocamento dos Ribeirinhos no Rio Capim – Resignação, resistência e repertórios de luta” é relançamento da Editora Pública Dalcídio Jurandir e está à venda no estande da Imprensa Oficial do Estado.
Segundo o autor, Marcos Almeida, o objetivo desse trabalho é compreender esse processo ocorrido nessa região. “Como esse povo resistiu, quais as estratégias que essas comunidades estabeleciam para permanecer na terra diante do avanço da mineração ou para receber uma indenização ou, de repente, para cobrar benefícios tanto da empresa quanto do Poder Público”, disse o autor, ao lembrar que se trata de “uma história rica e foi concebida para que o povo, estudantes, professores e a própria comunidade do Rio Capim tenha acesso a esse trabalho”.
Serviço: A coletânea “Obras Reunidas de Antônio Juracy Siqueira” está custando R$’130,00. Já o livro “Mineração e Deslocamento dos Ribeirinhos no Rio Capim – Resignação, resistência e repertórios de luta” é relançamento da Editora Pública Dalcídio Jurandir, tem 226 páginas e custa R$ 50.
Com informações de Gabriel Raiol