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CULTURA E INCLUSÃO

Cultura indígena ganha visibilidade no trabalho de artesãs qualificados pelo Estado

Seaster contribui para a valorização da cultura amazônica e para a geração de renda, principalmente para mulheres, com ações e cursos de capacitação

Por Carol Menezes (SECOM)
09/08/2024 10h16

Presente em diversas formas no dia a dia dos paraenses, a cultura indígena inspira artesãos regionais e conquista admiradores dentro e fora do Pará. O segmento conta com investimentos do governo do Estado, que incentiva o empreendedorismo regional. 

No Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de Agosto, e também durante todo o ano, diversos exemplos de produtos artesanais valorizam essa cultura milenar e transformam a realidade de centenas de pessoas.

Por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), os profissionais recebem apoio técnico, participam de cursos, oficinas e palestras, e têm acesso a cadastros no sistema brasileiro que quantifica e qualifica a demanda desse segmento.

Para garantir a participação em eventos regionais e nacionais, que contribuem para a profissionalização, a Secretaria emite a carteira do artesão. Em 2023 foram entregues 1.070 carteiras, enquanto 2 mil artesãos foram beneficiados com ações e serviços. As palestras promovidas pela Seaster têm como principais eixos Noções de precificação, Atendimento ao cliente, Gestão de negócios e Vitrinismo.

A Secretaria avança na oferta de serviços a empreendedores, que recebem orientações sobre legislação, plano de negócios, vitrinismo e precificação, para alavancar os empreendimentos. A produção e venda das peças inspiradas na cultura indígena ajudam a fortalecer a autonomia financeira das mulheres indígenas e a preservar suas tradições.

Reconexão com a ancestralidade - Para essas artesãs, o trabalho vai além do aspecto comercial; é uma forma de se reconectar com suas raízes, preservar culturas e reafirmar o papel de guardiãs da floresta. Cada peça carrega histórias da relação milenar dos povos originários com a mata. O design é um elo entre tradição e modernidade, que perpetua a cultura indígena.

A artesã Anne Lobo, neta de indígenas, foi criada em Belém e integra o movimento de descolonização de povos que perderam suas referências. Ela trabalha há vários anos com a confecção de bonecas de pano indígenas, agregando o valor da cultura regional viva.

“Há 15 anos venho dedicando minha vida à criação de bonecas de pano, um universo onde encontro expressão e conexão com minhas raízes. No entanto, foi somente no ano passado que uma conversa com um amigo especial transformou meu olhar e despertou em mim o desejo profundo de explorar e celebrar a cultura indígena", relata Anne Lobo.

Ela conta que esse amigo a chamou de “artista amazônida’, um elogio que a levou a resgatar memórias de sua avó Quitita, que carregava a ancestralidade do Povo Tupinambá. “Foi a partir dessas lembranças que nasceu a primeira boneca indígena, uma homenagem emocionante à minha avó e ao legado de seu povo”, informa.

O objetivo da artesã com esse trabalho ultrapassa o aspecto meramente artístico. Para ela, em cada peça tem a missão de disseminar e preservar a rica cultura dos povos originários, utilizando o lúdico como ferramenta para educar e encantar.

Em Belém, Anne percebeu a lacuna nesta narrativa. Até o ano passado ninguém havia usado bonecas de pano para contar essa história, o que fez Anne decidir tomar a frente para compartilhá-la com o mundo. “É desafiador ser aquele que se aventura por territórios não explorados. Mas cada obstáculo reforça ainda mais minha determinação em contar essas histórias tão valiosas, que não podem se perder com o passar do tempo. É sobre representatividade cultural o conceito da minha marca”, reforça a artesã.

Herança cultural - Cida Matos confecciona bijuterias inspiradas na cultura dos povos indígenas, trabalho que é sua única fonte de renda. Suas criações com matéria prima regional garantem o crescimento das encomendas, inclusive de outros lugares. A artesã também participa de eventos, onde divulga seu trabalho e a cultura regional.

“Vejo a importância da visibilidade cada vez mais necessária para manutenção e a preservação da cultura, manifesta na ancestralidade dos povos originários da nossa exuberante floresta amazônica. Eu sou inspirada pela beleza, demonstrada através do domínio, herança cultural, tradições e o saber dos povos amazônicos. Isso que me inspira, a beleza deles, a naturalidade, e eles demostram a cultura através desses traços no corpo, que eu acho muito lindos, e trago para a criação das minhas peças. É algo natural e característico deles. Eu fico fascinada. Quando comecei a usar esses traços nas minhas bijuterias, todos já reconhecem e adoram. E deu bastante visibilidade para nossas peças. Minha coleção é toda inspirada nos povos indígenas, e procurei fazer uma coleção que deu um bom retorno, de reconhecimento e financeiro, também”, informa Cida.

Reconhecida como mestre artesã, Socorro Castro trabalha com a confecção de bolsas inspiradas na cultura indígena. Ela também ministra aulas e oficinas sobre fabricação dos produtos. “Sou mestre artesã, e há anos confecciono estes produtos que têm marcas autorais e traços regionais. Atuo como instrutora em algumas oficinas de espaços culturais no Estado. Já realizei diversos trabalhos, vendidos até fora do nosso Estado. Eu faço também com a reciclagem de papéis e papelão, que utilizo como material na confecção das peças. Já ganhei um prêmio por ter feito uma carteira feminina indígena com sacola plástica bordada a mão, e com outro trabalho feito com folhas de bananeira e cacau tingidas, e confeccionado à mão. É muito importante manter viva a cultura indígena. Os seus traços, saberes e tradições”, destaca a empreendedora.