Codec mostra incentivos do Estado a startup que transforma caroços de açaí em crédito de carbono
Empreendedores do Amapá querem aproveitar o volume de matéria prima existente no Pará, o maior produtor nacional de açaí
Gestores da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec) se reuniram com representantes de uma startup do Amapá, do segmento de biofertilizantes a partir do caroço de açaí, que transforma os resíduos do fruto em crédito de carbono, na quarta-feira (7). Os empreendedores amapaenses vieram em busca das oportunidades de negócios que o Estado oferece, considerando que o Pará é o maior produtor de açaí do Brasil.
A startup, que já atua no norte do Brasil, pretende expandir com a implantação de uma fábrica em território paraense, buscando a solução econômica para produtores rurais e agroindústrias, reduzindo custos operacionais com adubação em até 50%, além de diminuir o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado dos caroços do fruto.
O diretor de Atração de Investimentos e Negócios da Codec, Manoel Ibiapina, destacou os atrativos que o governo do Estado oferece às empresas que visam se instalar no Pará:. “É de muito interesse do governo do Estado que as indústrias conheçam os nossos diferenciais, começando com os incentivos fiscais, mas também o apoio especializado que oferecemos aos investidores, além de todo o apoio técnico e a aproximação com importantes instituições de financiamento e licenciamento ambiental, entre outros. A Codec proporciona essa possibilidade aos investidores. No caso da Amazon BioFert, isso é ainda mais interessante, já que ela visa o crescimento econômico de forma sustentável, exatamente o que buscamos para o Pará”, informou o gestor.
Produtividade - Wesley Resplande, um dos sócios da empresa, explicou que a startup desenvolve soluções verdes para a Amazônia, transformando resíduos em biofertilizantes, por meio da tecnologia do Biochar. “Este produto revitaliza e aumenta a produtividade dos solos, fixando carbono e contribuindo para a mitigação dos efeitos climáticos. Nós ajudamos a agroindústria a transformar seu resíduo em crédito de carbono, transformamos o resíduo através das nossas unidades de produção em biochar, bio óleo, crédito de carbono. Parte disso também retorna para as agroindústrias através de regeneração de solo, e uma parte retorna para as comunidades tradicionais em projetos socioambientais”, disse Wesley.
De acordo com dados da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), em 2022 o Pará manteve sua posição de liderança, com 90,4%, na produção nacional de açaí, totalizando 1,7 milhão de toneladas do fruto. A exportação de produtos derivados do açaí saltaram de menos de 1 tonelada, em 1999, para mais de 61 mil toneladas em 2023.
Biochar e crédito de carbono - O biochar é um tipo de carvão vegetal rico em carbono, com potencial para recuperação e melhoria da saúde de solos. É obtido a partir da queima controlada de biomassa (como resíduos agrícolas, restos de madeira e resíduos orgânicos) em condições de baixa ou ausência de oxigênio - processo conhecido como pirólise. O resultado é um carvão vegetal sustentável, que pode ser usado em aplicações ambientais e agrícolas.
O biochar, devido à capacidade de coletar carbono de forma duradoura, pode desempenhar um papel importante nos mercados de carbono para mitigar mudanças climáticas. Ao transformar biomassa em biochar e utilizá-la no solo, reduzindo a emissão de carbono na atmosfera, é possível gerar créditos de carbono, que são certificados emitidos para empresas que reduzem a emissão de gases do efeito estufa.
Um crédito representa uma tonelada de carbono não liberada na atmosfera. Esses créditos podem ser comercializados, ao mesmo tempo que promovem a sustentabilidade agrícola e a restauração ambiental. Isso cria um ciclo benéfico, que alia a preservação ambiental com oportunidades econômicas.
Ficou definida uma nova reunião para a próxima segunda-feira (12), para a qual será convidado o presidente do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfrutas), representantes da Codec e Amazon BioFert, para alinhar possíveis parcerias com os produtores de açaí, que ao descartarem os resíduos também poderão obter renda extra, por meio do crédito de carbono.