Estratégias do Pará no combate à Monilíase são apresentadas em festival na Bahia
No Festival Internacional do Chocolate e do Cacau em Ilhéus, Pará reforça ações de prevenção ao fungo causador da Monilíase, que causa perda total da produção
As ações de combate à Monilíase na região do Baixo Amazonas, oeste paraense, como o monitoramento de propriedades e atividades de educação sanitária, foram apresentadas pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) durante o Festival Internacional do Chocolate e do Cacau em Ilhéus, no sul da Bahia.
No Baixo Amazonas, região na divisa do Pará com o Estado do Amazonas, a Agência vem adotando diversas ações de prevenção e combate para evitar que o fungo Moniliophthora roreri, que ataca os frutos do cacau e do cupuaçu, ameace a produção cacaueira no Pará e comprometa as relações comerciais com a Bahia, maior comprador das amêndoas paraenses.
Durante o Chocolat Bahia 2024, o diretor-geral da Adepará, Jamir Macedo, e o gerente de Defesa Vegetal, Rafael Haber, participaram das programações com representantes do setor público e produtores da região.Programação com gestores públicos e produtores para mostrar o compromisso do Governo do Pará com a produção de cacau
Um dos eventos foi a reunião da Câmara Setorial do Cacau do Estado da Bahia, na qual foi discutida a criação do Fundo do Cacau da Bahia, a exemplo do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau), que fomenta a atividade cacaueira no território paraense ao destinar recursos para ações e programas que fortaleçam a cadeia produtiva.
O Funcacau tem proporcionado capacitação de equipes de defesa agropecuária e, mais recentemente, o custeio das ações emergenciais de combate à Monilíase, com o envio de uma força-tarefa para monitorar o avanço do fungo na divisa do Pará com o Amazonas.
Prevenção - Jamir Macedo também participou de palestra e reunião técnica com diversos produtores, quando apresentou as ações de prevenção realizadas no território paraense, sobretudo no Baixo Amazonas, onde há intenso trânsito agropecuário, tanto fluvial quanto terrestre, entre o Amazonas e o Pará.
“Nós estamos fazendo todos os esforços em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para que o Pará não seja afetado com o fungo da Monilíase. E, com isso, o Estado continue mantendo as boas relações comerciais com a Bahia, que é o nosso maior mercado das amêndoas de cacau”, reforçou Jamir Macedo.Gestores da Adepará no Festival Internacional no sul da Bahia
Além da participação nos eventos, os representantes da Adepará visitaram cooperativas, indústrias de beneficiamento de cacau e fábricas de chocolate em Ilhéus. A cidade foi a primeira exportadora mundial de cacau, e é considerada a capital do fruto no Brasil. De acordo com a Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), o setor garante mais de 4 mil empregos diretos e indiretos, e está consolidado como um dos elos da cadeia que mobiliza mais de 120 mil pessoas, incluindo produtores rurais e profissionais de indústrias de chocolate. Segundo estimativas, o setor gera R$ 23 bilhões anuais ao País.
Amêndoas e chocolates produzidos no Pará se consolidam no mercado Produção e proteção no Pará - Hoje, aproximadamente 120 mil toneladas de amêndoas de cacau produzidas no Pará vão para a Bahia. O setor movimenta em território paraense mais de 30 mil produtores, a maioria da agricultura familiar, e gera 369 mil postos de trabalho (74 mil empregos diretos e 295 indiretos). Os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) indicam que o Pará produz mais de 150 mil toneladas do fruto.
Desde maio está em vigor o Decreto nº 3.954/2024, sancionado pelo governador Helder Barbalho, que proíbe a entrada, o trânsito e o comércio de frutos, sementes, mudas e hastes de cacau provenientes de estados com ocorrência de Monilíase, uma forma de manter o Pará protegido contra a disseminação do fungo, mais agressivo que a vassoura-de-bruxa porque provoca perda total da produção.
“O decreto do governo do Estado mostra a sensibilidade da nossa liderança máxima, o governador Helder Barbalho, para com essa questão de defesa sanitária envolvendo a cacauicultura, e evidencia os nossos esforços no sentido de proteger o Estado dessa praga devastadora para a cultura do cacau, tanto no Pará quanto na Bahia”, ressaltou Jamir Macedo.
Reconhecimento - De acordo com o gerente Rafael Haber, a atuação do Pará no combate à Monilíase é reconhecida nacionalmente. “Protegendo o nosso Estado também estamos protegendo a Bahia. Não queremos de maneira alguma perder esse mercado tão importante para a agricultura paraense. Faz parte dos nossos esforços evitar que algum patógeno seja enviado daqui para lá. Por isso, estamos com ações emergenciais contra a Monilíase nas áreas de fronteira, porque tudo isso que estamos fazendo é uma forma de auxílio mútuo”, explicou Rafael Haber.
O Chocolat Festival é considerado o maior evento da América Latina em sua categoria, sendo realizado em mais de quatro estados brasileiros e em Portugal, conferindo a produtores de cacau e ao chocolate de origem brasileira o reconhecimento mundial. O Festival reúne mais de 200 expositores e cerca de 100 marcas de chocolate de origem.
Neste ano, 27 produtores de cacau de várias regiões do Pará participaram do evento, que proporcionou capacitação, informações técnicas, discussões sobre beneficiamento de amêndoas, melhoramento produtivo e debates sobre outras temáticas pertinentes à produção. De acordo com a organização, cerca de 50 mil pessoas visitaram o evento em Ilhéus.