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RECONSTRUÇÃO DE MAMA

Microcirurgia inédita no Estado é realizada pelo Ophir Loyola

Técnica garante aparência natural da mama, preserva músculos abdominais e possibilita recuperação mais rápida

Por Leila Cruz (HOL)
19/07/2024 18h11

O Hospital Ophir Loyola (HOL) realizou a primeira reconstrução de mama com microcirurgia no Estado do Pará. A intervenção cirúrgica foi realizada na paciente Raimunda Gercina, 52 anos, que apresentava assimetria em decorrência de uma mastectomia total do lado esquerdo devido ao câncer nessa região. A técnica DIEP utiliza fios microscópicos para retirar um retalho do abdômen, levá-lo à região afetada e devolver a forma e volume perdidos, conforme a estrutura e estética da paciente.

O procedimento foi realizado no último dia 5 de julho e durou cerca de 9 horas e foi realizado pela equipe de cirurgia plástica do HOL, sob o comando do doutor Milton Fernandes. Conforme o especialista, a metodologia mantém os vasos sanguíneos preservados para conectá-los aos vasos do tórax, permitindo o retorno da circulação sanguínea no local. “A utilização do próprio tecido do paciente garante um aspecto mais natural e uma melhor satisfação e qualidade de vida pós-operatória a longo prazo. Utilizamos de preferência o retalho da pele e tecido subcutâneo da região do abdômen para este tipo de reconstrução”, esclareceu.

A cirurgia é indicada no hospital para pacientes que realizaram uma mastectomia total ou parcial devido ao câncer de mama. “Também podem ser submetidas mulheres que passaram por reconstrução com prótese de silicone e, por alguma complicação, precisam retirá-la e substituí-la por um tecido. Inclusive, pacientes que vão fazer mastectomia profilática, procedimento de remoção da mama antes mesmo do câncer aparecer, por um risco aumentado ou mutação genética compatível com o desenvolvimento da doença”, explicou o cirurgião plástico.

Nesta quinta-feira, 18, a paciente compareceu ao hospital para uma consulta de retorno como cirurgião plástico. Raimunda contou que comemorou bastante ao receber a notícia sobre a cirurgia. “Tive alta no ano passado da mastologia, a cirurgia era o meu sonho. Eu me sentia horrível ao vestir roupa decotada, as pessoas notavam e ficavam perguntando. Fiquei com um vazio no corpo, na alma. A minha autoestima e o meu casamento foram afetados. Foi uma época muito difícil. Hoje sou viúva, mas meu marido falava coisas que me machucavam, dizia que não era uma mulher completa. Mas agora tenho motivos para festejar”, disse.

Metodologia - Uma incisão é realizada no abdômen da paciente, a pele e o tecido subcutâneo são retirados e preservado o vaso sanguíneo responsável pela circulação desse retalho. Posteriormente, retira-se um segmento da costela para expor as artérias e veias mamárias que serão a nova fonte de circulação sanguínea do retalho. Após a reconexão, a mama reconstruída é então posicionada e moldada da melhor forma possível.  

“As artérias e veias dissecadas são usadas para fazer a conexão do vaso preservado do abdômen com ajuda do microscópio. O material é delicado e pequeno, então é realizado um treinamento à parte. A reconexão dos vasos é feita por meio de sutura microscópica. Nossa equipe está treinada e repassamos a técnica para os outros profissionais da equipe. O procedimento já está disponível para pacientes com essa indicação cirúrgica”, afirmou Fernandes.

Benefícios - A principal vantagem dessa cirurgia em relação a métodos mais tradicionais é a preservação da parede abdominal. Além disso, promove a forma e a consistência natural da mama, um melhor contorno corporal e não há necessidade de implantes, portanto os resultados são mantidos a longo prazo. Antes, para levar esse tecido do abdômen ao tórax, além da pele e do tecido subcutâneo, eram necessárias estruturas mais profundas, como a aponeurose (tecido que reveste o músculo) e a própria musculatura.

“O risco de causar dano à parede abdominal era alto, com possibilidade de desenvolvimento de abaulamentos, hérnia da parede abdominal e problemas posturais. Era uma cirurgia agressiva. Com a evolução da técnica, conseguimos levar apenas o essencial que é a pele, a gordura e o tecido subcutâneo com o vaso conectado e preservar a parede abdominal. As chances de complicações são muito reduzidas”, destacou Fernandes.

A recuperação é semelhante à de qualquer outra cirurgia de caráter reparador. A paciente precisa se acostumar nos primeiros dias com a posição do retalho para as feridas cicatrizarem de maneira apropriada. Após um tempo, ocorre o desinchaço e, em seguida, a retirada dos drenos e dos pontos. A estimativa é de que Raimunda Gercina volte às suas atividades normais após 30 dias.