Fundação Santa Casa do Pará é referência em transplantes renais pediátricos e hepáticos
Hospital tem uma estrutura avançada, e, neste primeiro semestre de 2024, já realizou 18 transplantes. Foram 10 renais pediátricos e oito de fígado.
O trabalho da Santa Casa contribui com a qualidade de vida da população paraense, por meio da diversidade de serviços de alta complexidade. O Hospital é o único, no Pará, por exemplo, a realizar o transplante renal pediátrico, e desde o ano de 2023, passou também a fazer o transplante hepático, com a realização do primeiro transplante do fígado em hospital público da região Norte. No primeiro semestre deste ano foram realizados 18 transplantes (10 renais pediátricos e oito de fígado).
Médica intensivista, Nelma Machado é a coordenadora da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgão e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), da Santa Casa, frisa a importância da realização dos transplantes.
“A partir de 2022, a gente entra como hospital produtor de pacientes com potencial para doação. Um trabalho em várias áreas do hospital. Começamos a trabalhar no processo de educação em conjunto com a Central Estadual de Transplantes (CET/Sespa), e fomos avaliar como a Santa Casa, como hospital transplantador, poderia implementar várias ações. Ações fundamentais para contribuir com esse ato de amor que é a doação de órgãos e tecidos”.
Norma Assunção, diretora técnica Assistencial da Fundação Santa Casa, destaca que a qualificação da equipe é importante para a doação de órgãos e trabalhar em função disso é fundamental. “Decidimos ser um hospital transplantador. Começamos com o transplante renal pediátrico, que estava dentro da instituição e que precisava ter esse olhar e conseguimos em 2019, com o trabalho de uma equipe de alto nível, iniciar o transplante renal pediátrico. E, a partir de 2023 começamos a fazer nossos transplantes hepáticos, em adultos”.
A doutora Norma Assunção observa, também, que um ponto importante é conscientizar a população. "É necessário que cada um de nós possamos trabalhar com a nossa família, com nossos amigos essa conscientização quando teremos mais e mais doadores porque as pessoas engajadas tendem a ser mais favoráveis e interessadas no ato de doação. Essa conscientização é o nosso desafio. Sermos agentes dessa felicidade”, destaca a diretora.
“Estou muito feliz porque é uma vida nova para o André. Uma vida mais ativa. Ele não tinha condições de fazer nada porque tudo doía nele. Graças a Deus, hoje ele está mais alegre, mais sorridente, mais ativo, mais participativo com a gente ainda. Foi uma graça de Deus e uma bênção mesmo. Quero muito agradecer, também, a essa família que doou o órgão para meu filho. Ele agora vai retornar a sua vida escolar. Ele não tinha vida escolar ativa. Ele faltava muito, tinha muitas dores. Vai voltar à escola de novo. Uma bênção”, afirmou Antônio Melo, pai de André Esquerdo de Melo, de 13 anos.
O adolescente André Esquerdo de Melo, de 13 anos, com os pais Antônio e Andréa Damasceno EsquerdoO adolescente é natural do município de Cametá, no Baixo Tocantins, e passou pelo transplante de fígado no último mês de junho na Santa Casa. Andréia Damasceno Esquerdo, mãe de André, também comemora o resultado da cirurgia do filho.
Para Antônio Melo, o pai de André, "o transplante foi uma benção, uma verdadeira graça. Primeiramente agradecer a Deus por esse presente, em segundo lugar agradecer a família do doador, né? Nós temos hoje no Pará, essa referência que é a Santa Casa, que, antigamente, não tínhamos. Então isso para nós é uma satisfação. O meu filho foi o primeiro transplantado do fígado pediátrico (primeiro transplante pediátrico). E a equipe que o atendeu foi maravilhosa é uma equipe composta de excelentes profissionais”.
André de Melo diz que o novo fígado representa a retomada à vida normal. “Eu agora pretendo retornar às aulas e fazer minhas atividades que havia deixado de lado por conta das dores e sofrimento que me tiravam o ânimo. Eu agradeço muito aos familiares do doador e a equipe que cuidou de mim aqui”, disse o garoto.
Para Rafael José Romero Garcia, médico responsável técnico da equipe de transplante de fígado, é importante fortalecer o ato de doação para ajudar a salvar muitos pacientes que estão nas filas (atualmente 11 pacientes aguardam o transplante na Santa Casa). “Fizemos oito transplantes de fígado nestes primeiros seis meses, o dobro do ano passado. Só não fizemos mais por não haver doação. A Santa Casa tem capacidade para realizar pelo menos três transplantes por mês. Mas ficamos dependendo da disponibilidade de órgãos que só vão ocorrer se existir doação”.
Monick Calandrini, coordenadora da Clínica de Nefrologia Pediátrica, informa que neste último semestre foram feitos 10 transplantes em pacientes renais crônicos pediátricos. “Um recorde do nosso serviço, quase batemos a meta anual (12 por ano) em apenas seis meses. O que só reforça a importância da conscientização da população sobre a doação de órgãos. Nossa equipe é capacitada e habilitada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) para transplante renal pediátrico”.
“Contamos com três enfermeiras especialistas, quatro nefropediatras e uma equipe cirúrgica com três urologistas pediátricos. Todos esses profissionais capacitados em transplante renal pediátrico. Além de um urologista e um cirurgião vascular com mais de 15 anos de experiência em transplante renal. Deste modo a equipe se encontra apta e totalmente preparada para a demanda de doações necessária”, destaca a médica Monick.
O presidente da Fundação Santa Casa do Pará, Bruno Carmona, disse que a instituição procura estar sempre na vanguarda dos atendimentos em saúde a que se destina, incluindo processos, protocolos clínicos e avanços tecnológicos. “Como definido pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), a Santa Casa é a referência para as doenças do fígado e para o transplante hepático. Neste sentido, o governo vem dando todo o apoio para oferecer à sociedade o tratamento completo das doenças que envolvem o fígado e a gente vem conseguindo entregar à população o melhor da medicina e do atendimento em saúde nesta área, além das demais que competem à instituição”.
Enfermeira Adriana Benjamin orienta Crislane Silva, a mãe de João, sobre os cuidados com ele após a alta hospitalarDoação e Solidariedade - “O João estava há 11 meses fazendo hemodiálise e por isso não podia brincar, tomar banho, fazer o que toda criança gosta. Agora que fez o transplante, sei que a vida dele vai melhorar, vai poder voltar à escola, brincar e até comer algumas coisas que antes não podia”, relata Crislane Silva, mãe de João.
João foi uma das dez crianças que passaram por transplante renal este ano na FSCMPA. Atualmente, 23 crianças em tratamento de terapia renal substitutiva na Santa Casa aguardam por um transplante de rim. A enfermeira Adriana Benjamim da equipe de cirurgia renal do hospital faz um apelo para que as pessoas se sensibilizem com as doações de órgãos, que podem favorecer às crianças na fila de espera.
“O transplante é de grande importância para os nossos pacientes que aguardam na fila. Por isso, é necessário que a sociedade se conscientize sobre a importância da doação de órgãos para salvar a vida dessas crianças que precisam desse ato de amor", conclui Adriana.
O médico Alfredo Abud, coordenador da Central Estadual de Transplantes (CET), relata que o Brasil é referência mundial na área de transplantes. Sendo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), cuja função central é exercida pelo Ministério da Saúde (MS), o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo. “90% das cirurgias realizadas atendem exclusivamente à rede pública de saúde. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos EUA. A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante”.
”O Estado do Pará, através da Sespa/Central Estadual de Transplante (CET-PA), vem fazendo o seu papel no cenário nacional. Evoluímos muito nos últimos anos, principalmente com ações de sensibilização da população, projetos educacionais dos profissionais de saúde e busca ativa na construção de serviços em hospitais do Estado com condições de participar de todo esse processo. A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), é uma instituição fundamental no nosso projeto. Hoje responsável pelo transplante renal pediátrico e transplante hepático adulto, vem ajudando de forma impactante a diminuir as filas de doentes que esperam por um órgão”. Destaca o coordenador da CET.
Sobre o ato de doação de órgãos, o médico Alfredo Abud informa que qualquer pessoa, independentemente da idade, pode ser um potencial doador de órgãos. Para que seja efetivada, é fundamental que a pessoa tenha expressado sua vontade de ser doadora ainda em vida. Não é necessário registrar a intenção de ser doador em cartórios ou incluir essa informação em documentos oficiais. Basta que a família esteja ciente do desejo do indivíduo de se tornar um doador após a morte. Isso ocorre porque, legalmente, a autorização da família é necessária para a concretização da doação.