Workshop inicia produção da coleção 'Joias de Nazaré 2024’
Sedeme promoveu o evento, que reuniu cerca de 30 profissionais do Programa Polo Joalheiro e os responsáveis pelo manto oficial da Virgem de Nazaré
Profissionais e estudantes que participaram do workshop, primeira etapa da coleção Joias de Nazaré 2024O manto, a berlinda, a corda e outros ícones da maior festa religiosa do Brasil, o Círio de Nazaré, estiveram em destaque nesta sexta-feira (12) durante o Workshop de Geração de Produtos "Coleção Joias de Nazaré", que neste ano traz o tema "Trajetos de Fé: Orações a Maria". A oficina reuniu cerca de 30 profissionais, incluindo empreendedores do Programa Polo Joalheiro (designers e ourives), estudantes do curso de Bacharelado em Design de Joias e os profissionais responsáveis pelo manto oficial da Virgem de Nazaré, padroeira dos paraenses, usado nas procissões.
O evento visa desenvolver uma coleção de joias inspiradas na religiosidade do Círio de Nazaré, com base nos conceitos de economia criativa, design sustentável e fortalecimento da cadeia produtiva de joias autorais com temática religiosa.Workshop promovido pela Sedeme incluiu roda de conversa
Realizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), responsável pela gestão do Espaço São José Liberto (ESJL), onde funciona o Polo Joalheiro, o workshop é ministrado pela designer de joias e professora do curso de bacharelado em Design, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Rosângela Gouvêa Pinto.
O workshop incluiu roda de conversa, destacando a "vivência na arte de criar e confeccionar o Manto Oficial de Nossa Senhora de Nazaré", com a participação dos profissionais responsáveis pela produção da peça: a estilista Letícia Nassar (design e confecção); Antônio José de Souza (bordados) e Marcelo Monteiro, da empresa Ourogema, instalada no ESJL (ourivesaria).
Os participantes puderam conhecer o processo de criação e produção do manto, incluindo o simbolismo da peça, a escolha de materiais e as diferentes técnicas utilizadas no bordado e na ourivesaria dos metais.Peças inspiradas nos ícones do Círio de Nazaré
Afeto e criação - Letícia Nassar explicou que as memórias afetivas foram fundamentais no processo de criação do manto. "O sentimento deve ser o ponto de partida, e permanecer como a semente do processo criativo. Geralmente, ele vai te acompanhar, mas não como a linha inicial, pois sofrerá modificações. O importante é estruturar como você vai incorporar aquele sentimento ao projeto. Esse sentimento precisa permear todo o projeto, mas a estrutura é fundamental", explicou a profissional.
Ela também falou sobre o processo de escolha dos materiais utilizados, incluindo formato, cores e execução. "São decisões importantes na hora de escolher o material a ser empregado. Todo o processo de criação do manto foi realizado de forma colaborativa. Como uma equipe, debatemos, sugerimos e depois partimos para a prática, sempre ouvindo a opinião de todos. Digo sempre que Maria, nossa mãe, nos abençoa nessa missão tão especial, e certamente a mais linda que já fiz em minha vida", ressaltou a estilista.
Marcelo Monteiro (c), responsável pela ourivesaria do manto usado nas procissõesO ourives Marcelo Monteiro enfatizou que, "embora a ourivesaria seja artesanal, a integração da tecnologia é essencial para a criação de peças tão emblemáticas como o manto. Além das ferramentas tradicionais, como martelos, serras e alicates, utilizamos métodos modernos para aprimorar as criações, como impressora 3D, fundição de cera perdida e máquina a laser, que tornam o processo ainda mais artesanal", explicou.
Troca de experiências - "Aprimorar o olhar artístico através do contexto histórico que compõe o Círio está entre os objetivos do workshop", informou Rosângela Gouvêa Pinto, que há 20 anos participa do processo de criação da coleção Joias de Nazaré.
Professora Rosângela Gouvêa: duas décadas de participação no processo criativo da coleçãoA professora reforçou a importância de reunir profissionais como estratégia para fortalecer e promover a troca de experiências sobre lugares, objetos, celebrações e formas de expressão de fé, visando inovar no design e agregar valor a cada peça produzida. Ainda sobre o processo criativo, Rosângela Gouvêa citou o percurso e os pontos de homenagem ao longo da maior procissão paraense, destacando diferentes estilos de prédios históricos, como o Teatro da Paz, que enriquecem as narrativas e agregam valor às peças da coleção.
Criatividade - Lindalva Azevedo, participante da oficina, membro de uma família de ourives, há 20 anos trabalha com joias artesanais no ESJL. “Através do workshop, compartilhamos ideias, assimilamos as orientações recebidas e enriquecemos nosso repertório criativo”, destacou.
A estudante Amanda Rocha, do 5º período do Curso de Design, também participou da oficina, e considerou a experiência enriquecedora. "Tenho interesse em seguir na área de joias. Tudo que aprendi aqui será muito útil, especialmente para mim, que continuo em formação, adquirindo experiência e conhecimento, que irão contribuir para meu crescimento profissional", disse Amanda.
A coordenadora de Projetos Estruturantes da Sedeme, Poliana Gualberto, que acompanhou o workshop, destacou a importância de reunir os profissionais nessa troca de experiências sobre o universo mariano que envolve o Círio de Nazaré, proporcionando um momento de interação entre os participantes. “O Círio é fé e união; precisamos estar unidos para o sucesso de mais uma edição da Coleção de Joias de Nazaré”, enfatizou Poliana Gualberto.
Ela informou aos participantes que a próxima etapa do processo criativo é a entrega dos projetos, nos dias 15 e 16, os quais serão posteriormente avaliados pela ministrante do curso. Os projetos aprovados serão expostos na Feira de Projetos, no anfiteatro Coliseu das Artes, no São José Liberto, a partir de 17 de julho.