Natea, da Policlínica Lago de Tucuruí, recomenda convívio social nas férias
Psicólogas observam que a quebra de rotina pode regredir as habilidades conquistadas por quem apresenta o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Pode até parecer um clichê, mas todas as pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam comportamentos diferentes uns dos outros. Porém, as mudanças drásticas na rotina e a ausência do convívio social, são fatores com impactos universais na mudança de comportamento, no aumento de estresse e na tensão de quem lida com o diagnóstico. A quebra de rotina pode causar regressão nas habilidades conquistadas. Para quem vai viajar, é preciso inserir a criança no planejamento para se habituar à nova realidade. E, durante as férias escolares, como evitar o inevitável? Especialistas no Núcleo de Atenção ao Transtorno do Espectro do Autismo (Natea), da Policlínica Lago de Tucuruí, no sudeste paraense, orientam sobre como amenizar os danos.
O Censo Escolar 2023, divulgado em de fevereiro de 2024, mostra que a quantidade de autistas nas escolas não para de crescer. Em apenas um ano, o número de matrículas de pessoas com TEA passou de 429 mil, em 2022, para 636 mil, em 2023 no país —um aumento de 48%. E para manter essa turma em casa, é necessário planejamento. ''É importante não causar mudanças drásticas na rotina das crianças, sendo assim, são necessários os pais, cuidadores ou responsáveis manter as atividades lúdicas e acadêmicas habituais no seu cotidiano mantendo a socialização e integração da criança em seu ambiente social e com pessoas do seu convívio'', alertou a psicóloga Ana Flavia Pompeu.
Durante o período de folga em casa, o uso de TVs, tablets e celulares pode aumentar como entretenimento a rotina. Mas, a especialista do Natea, traz um alerta. ''As telas nunca são uma boa opção. Tendo em vista que é prejudicial a criança pois contribuem negativamente no desenvolvimento social, intelectual e cognitivo. Por esse motivo é importante ter outros recursos e alternativas para preencher o dia a dia da criança'', destacou Pompeu.
Atraso
Em sua maioria, as famílias dependem de rotinas estruturadas para se sentirem seguras e confortáveis. A transição para as férias pode causar ansiedade, dificuldades de adaptação e até mesmo regressão em habilidades já conquistadas ao longo do tratamento.
''Toda quebra de rotina pode gerar uma regressão no processo de aprendizagem como por exemplo intelectual, social, comportamental e cognitivo. Tendo em vista que, em um ambiente que faz parte do cotidiano da criança e está habituada a frequentar, permanecer e realizar as atividades lúdicas, interagindo socialmente com pessoas e outras crianças que fazem parte desse mesmo núcleo, quando essa rotina foi quebrada pode causar essas regressões citadas acima, sendo estes comportamentos negativos como ter dificuldades para entrar no ambiente que ela estava habituada, assim como, não conseguir realizar as mesmas atividades, ou se relacionar socialmente'', frisou.
Viagens
Quem optar em viajar com as crianças com TEA durante as férias escolares, precisa antecipar a programação mesmo em casa. ''É importante envolver a criança no processo de programação e mostrar a ela as atividades que serão desenvolvidas em seu período de férias, como por exemplo trazer fotos, imagens, bem como, mostrar o que ela deve levar na viagem ou passeio'', acrescentou a psicóloga Beatriz Fernanda Lagustera.
A profissional do Natea Tucuruí também reforça que é preciso dar autonomia às crianças de escolher as roupas, brinquedos e objetos pessoais. ''Com isso, conseguimos ver o envolvimento direto da criança formando uma rotina sem que a mesma fique ociosa, ou seja, surpreendida por algo novo, onde poderia causar ansiedade e consequentemente gerando uma desorganização emocional'', ressaltou Beatriz.
E para levar uma criança com TEA aos balneários, praias, clubes e lugares com grande circulação de pessoas, a família e/ou responsável precisa redobrar a atenção. ''E necessário estar atento e ciente das limitações da criança, tendo em vista a dificuldade que a mesma encontra em se relacionar com novas pessoas em ambientes diferentes, tendo dificuldades em lidar com barulhos, conversações, músicas em alto volume, onde pode ser gerado uma desorganização. Para que isso seja evitado é necessário montar um cronograma com atividades, sempre pensando na qualidade e conforto para que a criança não fique ociosa, utilizando abafadores, brinquedos intuitivos, bem como, levar a criança em horários de pouco movimento'', ponderou a psicóloga Beatriz Lagustera.
Serviço:
A Policlínica Lago de Tucuruí/Natea é referência em saúde para moradores dos sete municípios da Região de Integração Lago de Tucuruí – Breu Branco, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento e Tucuruí. O Núcleo oferece terapia, avaliação e triagem para pacientes com diagnóstico confirmado ou ainda em investigação do transtorno.
A unidade, gerenciada pelo Instituto Social da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública, fica na Avenida Raimundo Veridiano Cardoso, nº 1008, no bairro Santa Mônica, e o funcionamento é 100% gratuito, pelo SUS, por meio da Regulação Estadual.
Texto de Roberta Paraense / Ascom Policlínica Lago de Tucuruí