Bombeiros reforçam combate a focos de incêndio no Pará
Começa nesta quinta-feira (3) e deve durar por dez dias uma operação do Corpo de Bombeiros para combater focos de incêndio em vegetações no Pará. Dados recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que dez municípios paraenses estão entre os que mais registram esses focos, entre eles Santarém, Portel, Pacajá e Novo Repartimento. Segundo o major José Raimundo Lélis, comandante dos Bombeiros de Turucuí, foi feito um levantamento das áreas mais críticas e mais atingidas. “Fizemos um sobrevoo nestas regiões e vamos in loco iniciar os serviços”, assegura.
A onda de fumaça e focos de queimadas vem causando preocupação em diversas regiões, inclusive a metropolitana. Segundo o Centro Integrado de Operações (Ciop), só no último domingo, mais de 40 ocorrências foram registradas, principalmente em Belém e Ananindeua. “Essas fumaças são resultado do clima seco, umidade baixa, falta de chuva e, principalmente, a ação do homem”, destaca o capitão Williames Andrade, instrutor de turmas de combate a incêndio florestal do Corpo de Bombeiros.
Segundo o militar, queimar lixo no quintal de casa e jogar bagana de cigarro em área vegetativa pode agravar a situação. Ele explica que o ambiente passa por uma inversão térmica. Como a poluição está muito grande, o ar quente não consegue sair, pois a camada de gases poluentes provoca uma barreira na Terra, fazendo com que o ar continue circulando pelo sistema e deixe a cidade com clima pesado.
Neste período, cresce o número de pessoas com alergias e infecções provocadas pela fumaça. Em Tucuruí, por exemplo, mais de 50% dos casos atendidos pela rede pública de saúde têm ligação com problemas respiratórios provocados pelas fumaças na região, segundo o major Lélis.
Neste período, o Corpo de Bombeiro sugere à população que beba bastante água, use roupas leves, mantenha uma boa alimentação e evite ambientes com fumaça concentrada. Deve-se também optar por andar de bicicleta ou ir a pé, deixando o carro (grande poluidor do ar) em casa. “Pedimos ainda que as pessoas não queimem lixo em casa e nas ruas. Se for preciso queimar algo, que façam seguindo as orientações de segurança”, ressalta o capitão Williames.
Estrutura – Para esta operação, o Corpo de Bombeiros conta com novas viaturas, materiais e equipamentos de combate a incêndios florestais. A aquisição é fruto de convênio, firmado em setembro do ano passado, entre o Governo do Estado e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, por meio do Fundo Amazônia, financiou o projeto “Pará combatendo os incêndios florestais e queimadas não autorizadas”. Foram investidos recursos na ordem de R$ 22.330.960.
O principal objetivo da iniciativa é reduzir o número de queimadas e incêndios florestais com atuação direta e, por meio de palestras e treinamentos, conscientizar agricultores, indígenas, quilombolas, professores e alunos da rede pública de ensino quanto à prevenção.
Foram entregues quatro veículos pesados para transporte de tropa, 15 picapes equipadas com conjunto de combate a incêndio com tanque flexível de 400 litros, moto bomba centrífuga e mangueira de sucção e de descarga, dez motos bombas flutuantes, 150 mangueiras de combate a incêndio de 30 metros, 150 esguichos reguláveis, receptores de posicionamento global via satélite, barracas de campanhas, colchões, cantis, extintores e abafadores de fogo.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) está articulando uma campanha com a Secretaria de Meio Ambiente de Belém (Semma) para monitorar queimadas naturais, acidentais ou provocadas na cidade e região metropolitana. Segundo a Semas, eventos como esse estão se tornando comuns no Brasil por conta da diminuição das chuvas e consequente redução da umidade e aumento de calor, resultados das mudanças climáticas que ocorrem no mundo.