Ideflor-Bio discute desafios e soluções para o Manejo Comunitário Florestal durante evento do BID
Painel apresentou estratégias para alavancar o Manejo Comunitário Florestal na Amazônia
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) foi destaque em mais um painel do evento Concessões Florestais no Brasil: Construindo sinergias para a conservação da Amazônia, promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e BID Invest, em Manaus (AM). Desta vez, a gerente de Gestão de Contratos Florestais do Ideflor-Bio, Cíntia Soares, discutiu estratégias para fortalecer o manejo comunitário e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
Moderado pela especialista do Setor Amazônia do BID, Ellen Serrão Acioli, o painel “Manejo Comunitário: Como podemos alavancar a agenda?” reuniu importantes vozes do setor. Além de Cíntia Soares, a mesa contou com o diretor de Fomento Florestal do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), André Aquino; a coordenadora geral de Populações Tradicionais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Tatiana Redher; o coordenador da Movelaria Anambé - Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (Coomflona), Arimar Feitosa Rodrigues; o coordenador executivo do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Manuel Amaral; e o diretor técnico do Idesam, André Vianna.
A gerente do Ideflor-Bio iniciou sua apresentação destacando os principais obstáculos ao avanço do manejo comunitário florestal. Ela apontou a exclusão das comunidades nas políticas de gestão de florestas públicas e a tendência de focar exclusivamente na madeira como desafios significativos. “Não podemos tratar o manejo comunitário de forma excludente. A concessão florestal é apenas uma das modalidades de gestão e não deve ser a única prioridade”, enfatizou.
Soares também destacou a importância de valorizar os produtos não madeireiros. Ela argumentou que o foco excessivo na madeira limita o potencial do manejo florestal comunitário, que poderia incluir uma variedade de produtos florestais, contribuindo assim para a sustentabilidade financeira das comunidades. “Precisamos considerar a madeira como parte de um todo e não como o único produto valioso da floresta”, disse.
Tecnologia - Outro ponto crítico levantado por Soares foi a necessidade de investimentos em conhecimento técnico e tecnologia para potencializar os conhecimentos socioculturais das comunidades. Ela defendeu a importância de fortalecer a governança local em todas as etapas da cadeia produtiva, desde a colheita até a comercialização dos produtos da sociobiodiversidade.
Para que o manejo comunitário se torne mais inclusivo, a gerente sugeriu alinhar as estratégias institucionais das políticas federais e estaduais. Isso inclui respeitar as peculiaridades de cada grupo, associação ou cooperativa, promovendo um manejo adaptativo que considere as especificidades locais. “É crucial que as políticas públicas sejam sensíveis às realidades de cada comunidade”, destacou.
Em relação à ampliação dos benefícios do manejo florestal para todas as comunidades, Soares propôs uma maior articulação entre governo e organizações sociais. Ela ressaltou a importância de fomentar e organizar a cadeia produtiva dos produtos da floresta, incentivando a organização social dentro das comunidades.
Expertise - A gerente de Gestão de Contratos Florestais do Ideflor-Bio também compartilhou experiências práticas do Pará, onde a concessão florestal já completou 13 anos. Ela destacou como os concessionários têm manejado a madeira de forma sustentável, Ao mesmo tempo em que comunitários manejam outros produtos florestais, como castanha-do-pará, cumaru e andiroba. “Estamos falando de manejo florestal com uso múltiplo da floresta, envolvendo diferentes atores sociais e produtos, todos contribuindo para a proteção e valorização da floresta”, explicou.
Cíntia concluiu sua apresentação reforçando a importância de manter a floresta em pé, garantindo serviços ecossistêmicos de qualidade e agregando valor ao uso sustentável dos recursos florestais. “A floresta oferece muito mais do que madeira. Precisamos investir em uma abordagem holística que valorize todos os produtos e serviços que ela pode proporcionar”, afirmou.