Santa Casa cria protocolo para atender casos suspeitos de zika vírus
Entrou em vigor nesta quinta-feira (3) o protocolo de condutas criado pelo Núcleo de Epidemiologia da Santa Casa, em parceria com o Núcleo de Epidemiologia do município de Belém, para orientar os trabalhadores da saúde quanto aos casos de zika vírus na maternidade.
O documento diz que todos os casos suspeitos devem ser notificados. Feito isso, o laboratório do hospital é que fará a coleta do exame, para ser encaminhado ao Laboratório Central do Estado (Lacen). Se necessário, o Lacen pode enviar ao Instituto Evandro Chagas (IEC) amostra para análise mais detalhada. Como a doença é sintomática, o tratamento segue os padrões mundiais de saúde, com remédios indicados para combater sintomas como febre, dor no corpo, inflamação nos olhos e manchas pelo corpo.
A Santa Casa de Misericórdia do Pará não vai fazer exame no líquido amniótico. Segundo o coordenador do núcleo de vigilância epidemiológica hospitalar do hospital, Edilson Calandrini, o procedimento não faz parte das orientações do Ministério da Saúde. O exame será feito apenas em casos excepcionais. Quanto aos questionamentos e dúvidas referentes à amamentação, Edilson garante que ela segue normalmente. “Não há suporte científico que banque a ideia de que mães com casos confirmados ou com suspeita da doença irão passar zika para os bebês”, garante.
Será adotado ainda um período de coleta de um a cinco dias para que pessoas com sintomas da doença façam o exame. Passado esse período, somente grávidas estarão autorizadas a fazer a coleta de sangue para investigação do caso. A Santa Casa reforça que receberá apenas os casos de grávidas de alto risco com suspeita de zica virus. Já as gestantes sem risco e todas as pessoas que precisam fazer a coleta para o exame podem procurar um posto de saúde mais próximo.
O coordenador esclarece também que não há produção científica que comprove a ligação da microcefalia com o zika vírus. “O que acontece é que as grávidas ficam com imunidade mais baixa, estando mais suscetíveis a problemas de saúde”, completa, informando que só serão submetidos a exames confirmatórios para o vírus os recém-nascidos que apresentarem microcefalia e cujas mães tenham histórico epidemiológico da doença no primeiro trimestre da gravidez. Ou seja, mesmo que a mãe tenha tido a doença e a criança tenha nascido normal, não haverá necessidade de fazer o exame. O Pará não está em estado de alerta, porém essas ações vêm para ajudar o monitoramento e prevenir futuros casos.
A zika é uma doença causada por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo causador da dengue e febre chikungunya. O vírus provoca sintomas parecidos com os da dengue, como febre alta, dor de cabeça e no corpo, manchas avermelhadas, dores musculares e nas articulações. Também pode causar inflamações nos pés e nas mãos, conjuntivite e edemas nos membros inferiores. Os sintomas costumam durar entre quatro e sete dias.
Há outros sintomas menos frequentes, como vômitos, diarreia, dor abdominal e falta de apetite. “Diante das semelhanças de sintomas entre as doenças, pedimos que os médicos não foquem só na zika e peçam sempre um exame completo para estudar todas as possibilidades de transmissão deste vírus”, diz Edilson Calandrini.
De acordo com o último boletim divulgado pela Sespa, em 2015, foram registrados 36 casos de zika no Estado. Todas as ocorrências foram confirmadas pelo IEC como autócones - quando a doença é contraída dentro do município. O tratamento para a zika é apenas paliativo, de suporte e de correção de sequelas. Logo, é preciso diminuir a incidência do mosquito transmissor.