Hospital Ophir Loyola reforça conscientização sobre câncer de boca
Fumantes de cigarros, charutos, cachimbos e derivados do tabaco têm cinco vezes mais chances de desenvolver tumores na cavidade oral
Campanha dedicada à conscientização sobre o câncer da cavidade oral, o Maio Vermelho também faz referência ao 31 de maio - Dia Mundial Sem Tabaco. Isso porque o tabagismo está entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença, que acomete lábios, gengiva, bochechas, palato, língua e assoalho da boca (região embaixo da língua). Apesar de pouco conhecida, a neoplasia maligna ocupa a oitava posição entre os principais tipos de cânceres que acometem os brasileiros.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta cerca de 15.100 casos novos em 2024, um risco estimado de 6,99 por 100 mil habitantes, sendo 10.900 do sexo masculino e 4.200 do sexo feminino. Ainda segundo o órgão auxiliar do Ministério da Saúde, homens tabagistas, com idade acima dos 40 anos e de baixa renda são os indivíduos mais acometidos pela doença. A maioria dos casos é diagnosticada em estágios avançados.
Em homens, o tumor é o quarto mais frequente na Região Sudeste (13,16 por 100 mil) e o quinto nas Regiões Nordeste (8,35 por 100 mil), Centro-Oeste (8,14 por 100 mil) e Norte (4,53 por 100 mil). Na Região Sul (10,52 por 100 mil), ocupa a sexta posição. Entre as mulheres, é o 13º nas Regiões Sudeste (4,37 por 100 mil), Nordeste (3,87 por 100 mil) e Norte (1,96 por 100 mil). Já na Região Centro-Oeste (3,21 por 100 mil), ocupa a 15ª posição. Na Região Sul (3,60 por 100 mil), está na 16ª posição.
Para o Estado do Pará são estimados 260 casos novos (170 em homens e 90 em mulheres). Dados do Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia, apontaram 273 pacientes em tratamento contra o câncer bucal até o mês de abril, sendo 61% do sexo masculino e 39% do sexo feminino. Ainda segundo a análise estatística da instituição, houve um aumento de 22% de novos casos em 2023 em relação ao ano de 2019.
Fatores de risco e prevenção - Estima-se que fumantes de cigarros, charutos, cachimbos e derivados do tabaco têm cinco vezes mais chances de desenvolver tumores na cavidade oral. “A prevenção ocorre com a eliminação do fumo e do consumo de álcool (fatores de maior potencial carcinogênico), além da manutenção de uma alimentação saudável, rica em frutas e vegetais. Também é indicada a aplicação de protetor solar nos lábios, bem como o uso de preservativos durante a relação sexual oral, a fim de evitar a infecção pelo Papilomavírus (HPV)”, orientou a coordenadora da Divisão de Odontologia do HOL, Gyselle Oliveira.
Os profissionais da agricultura e criação de animais, indústria têxtil, construção civil, metalúrgica, oficina mecânica, mineração de carvão, cabeleireiros, carpinteiros, pintores, mineiros, açougueiros, entre outros tipos de trabalhadores apresentam um risco aumentado de desenvolver a doença, conforme o Ministério da Saúde.
As manchas e as lesões esbranquiçadas semelhantes a aftas e que não cicatrizam devem ser examinadas. “Por serem assintomáticas nos estágios iniciais, as lesões do câncer de boca merecem atenção. O autoexame, o rastreamento e a detecção precoce feito por um especialista são fundamentais para que ocorra o diagnóstico precoce, favorecendo o tratamento e aumentando as possibilidades de cura. Em contrapartida, quando não tratadas, as lesões evoluem para úlceras e nódulos”, ressaltou a especialista do HOL.
Gyselle Oliveira é categórica ao afirmar que “qualquer lesão persistente por mais de 15 dias deve ser investigada por um especialista, que avaliará o volume, o contorno e as alterações teciduais”. Contudo, pacientes com câncer de boca também podem apresentar rouquidão persistente e dificuldades na fala, mastigação e deglutição. “A investigação continua com a biópsia e, caso o diagnóstico aponte câncer, o paciente é encaminhado pelo sistema de regulação para dar início ao tratamento adequado. O acompanhamento de rotina é realizado pelo oncologista e por um odontologista.”
Alterações nos lábios são fáceis de notar, mas é necessário atentar para a cavidade interna da boca, como embaixo da língua, onde não se costuma ter uma visibilidade tão boa. “O autoexame é recomendado para observar se há algo incomum ou se há algo machucado. Alguns sinais que seriam observados por um especialista podem passar despercebidos aos olhos de uma pessoa comum”, disse.
Os casos suspeitos devem ser identificados pela equipe da Atenção Primária no Sistema Único de Saúde (SUS). O diagnóstico pode ser realizado por cirurgião-dentista capacitado para realização da biópsia, em unidades básicas de saúde e nos centros de especialidades odontológicas. A frequência ideal para ir ao cirurgião-dentista pode variar de dois em dois meses ou anualmente, a depender dos hábitos de higiene, fatores de riscos ou problemas apresentados por cada paciente.
“A maioria das doenças de boca é cárie e doença periodontal. Há pacientes que nada manifestam e podem ir de ano a ano ao dentista, porém aqueles que não têm cuidados adequados, precisam comparecer em um intervalo menor de tempo. O trabalho dos profissionais inseridos na prática clínica, por meio de uma investigação detalhada dos casos, exame físico sistemático e a prescrição adequada de exames complementares, é indispensável à uma melhor precisão no diagnóstico precoce e na contribuição para o controle do câncer de boca”, concluiu a cirurgiã-dentista.