Agricultores familiares debatem eixos do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Pecuária
Demandas e propostas oriundas do evento realizado em Belém serão levadas a instituições governamentais, produtores rurais e à indústria da carne
O Programa Estadual de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Pecuária foi tema do Seminário voltado à agricultura familiar paraense. Os participantes debateram os principais eixos do Programa - rastreabilidade, integridade, valorização e fortalecimento da cadeia produtiva -, além do papel fundamental que o segmento possui no setor pecuário. O evento foi realizado no hotel Beira Rio, em Belém, nesta quarta-feira (8), e contou com a participação de representantes do segmento e pequenos produtores de todas as regiões do Estado.
Um dos principais objetivos do seminário foi informar aos produtores familiares sobre o Programa Estadual e formar grupos de trabalho para a elaboração de um documento com demandas e propostas de ação, que serão levadas ao Conselho Gestor, composto por instituições governamentais, segmento da produção rural e da indústria da carne.
A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), que preside o Conselho Gestor do Programa e é responsável pelo Sistema de Rastreabilidade Bovídea, um dos pilares da iniciativa, participou do evento levando informações aos produtores sobre o “Perfil do rebanho pecuário no Estado do Pará e a importância da Agricultura Familiar e pequenos criadores”, apresentado pelo fiscal agropecuário e gerente do Programa Estadual de Erradicação da Febre Aftosa, George Santos, e pela coordenadora da Unidade de Controle e Rastreabilidade Animal (Ucra), Barbra Lopes, que mostrou como funcionará a rastreabilidade com foco na agricultura familiar, esclarecendo todas as dúvidas da categoria.
De acordo com George Santos, o maior número de produtores cadastrados pela Adepará é oriundo da agricultura familiar - são mais de 70 mil, com até 100 animais. A criação de uma política pública em parceria com o segmento que move a pecuária, disse o gerente, é essencial para o desenvolvimento do Programa, tornando-o eficaz e inclusivo.
“A maior parte do nosso cadastro é da agricultura familiar. É importante sabermos a percepção deles sobre o Programa de Rastreabilidade para construirmos um sistema que mantenha a sanidade do rebanho e seja inclusivo. A Adepará precisa da parceria dos produtores para fomentar esse segmento. O sucesso do produtor também é o nosso. É uma parceria que sempre funcionou, e agora com o Programa vai continuar”, acrescentou.
Etapas - O seminário foi dividido em três etapas: explanações de temas sobre o cenário da pecuária; desafios e a importância da agricultura familiar neste cenário, e esclarecimentos sobre o Programa Estadual e formação de grupos de trabalho, que debateram sobre rastreabilidade bovídea, integridade e contribuições da agricultura familiar na implantação do Programa de incentivo à cadeia da pecuária.
“O Estado agora está desenvolvendo uma política pública que inclui a agricultura familiar, visando organizá-la e proporcionar competitividade para o setor, assegurar mercado e construir uma pecuária no Estado inclusiva, com a participação de todos. O Programa é o mais importante para o setor pecuário, e estamos aqui para discutir sobre a implantação dele, ampliar o conhecimento dos produtores, levar suas contribuições para o Conselho e, assim, poder implementar um programa que atenda à realidade do segmento”, destacou Cássio Pereira, secretário de Estado de Agricultura Familiar e um dos membros do Conselho Gestor do Programa.
O encontro também contou com a participação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), representada por Indara Aguilar, coordenadora de Conformidade de Cadeias Produtivas da Diretoria de Mudanças Climáticas, que mostrou aos produtores o desenvolvimento da política pública.
"A Semas apresentou a estruturação e diretrizes principais do Programa estadual de integridade e desenvolvimento da cadeia produtiva da pecuária para lideranças da agricultura familiar e integrantes das comunidades, o que foi fundamental para a compreensão do escopo do programa e para o estabelecimento da comunicação entre a classe e o governo no âmbito da sua construção", concluiu a coordenadora Indara Aguilar.
Valorização - Dinorar da Silva, criadora de gado no assentamento Colônia São José do Xingu, no município de São Félix do Xingu, sudeste paraense, mantém um rebanho de 75 animais, vê o Programa como uma oportunidade de desenvolvimento para os pequenos produtores e valorização de seus produtos.
“O Programa vem para melhorar o nosso município e o Estado. Eu creio que vai melhorar a nossa agricultura familiar, valorizando o gado de pequeno porte que temos. Aderindo ao Programa, vamos desenvolver a nossa agricultura. Eu creio que vai dar certo, com união e valorização conseguiremos chegar em um patamar melhor”, disse a pecuarista.
Os produtores também receberam informações sobre comercialização do rebanho, que segue alguns critérios, repassadas pelo representante do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola).
“É a oportunidade de ampliarmos a escuta de todos os atores principais deste Programa, fazendo a inclusão deste segmento, e extrair as demandas para que a construção do Programa seja eficaz e benéfica para todos. Esse processo de trazê-los faz parte do empoderamento do segmento. Estamos agregando questões que ainda serão inseridas no Programa, como o fortalecimento da agricultura familiar. A participação destes atores é essencial para o processo de implantação”, ressaltou Lisandro Inakake de Souza, gerente de Cadeia Pecuária do Imaflora e membro do Conselho Gestor do Programa Estadual.
“O Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia ) tem trabalhado com a cadeia pecuária nos últimos anos, e também com a agricultura familiar, que possui um papel importante para o desenvolvimento da cadeia. Este evento torna-se importante porque estamos trazendo uma visão de quem está efetivamente produzindo nesta cadeia. Dentro das diretrizes do Programa destacamos a inclusão e a possibilidade de apoio aos produtores, com assistência técnica, qualificação e promoção, para que as famílias possam se desenvolver”, informou Edivan Carvalho, coordenador do Ipam no Pará.
O encontro foi organizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Pará (Fetraf) e Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Pará (Fetagri).
Produtividade - O Programa Estadual de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Pecuária é uma iniciativa do Governo do Pará, e está vinculado aos demais programas ambientais, visando à preservação da cadeia da pecuária da produção à comercialização, além de garantir o desenvolvimento da cadeia e a qualidade do rebanho, promovendo sustentabilidade, aumento da produtividade e geração de renda para os produtores.
Um dos pilares do programa é o Sistema de Rastreabilidade Bovídea, coordenado pela Agência de Defesa Agropecuária. A equipe de sistemas desenvolveu módulos específicos, que serão executados por meio do Sistema de Gestão Agropecuária (Sigeagro), da Adepará, para atender às necessidades da Agência, das demais instituições que integram o Programa e, principalmente, do produtor rural, que poderá acessar e lançar suas informações por qualquer dispositivo móvel.
A implementação será dividida em três fases, começando pelos municípios com os maiores rebanhos, no sudeste do Estado, e finalizando no Arquipélago do Marajó. A previsão de início é julho próximo, e conclusão em dezembro de 2026, com a identificação de todos os bovídeos do Estado.