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Agricultores de Abaeté celebram títulos definitivos de terras

Por Redação - Agência PA (SECOM)
13/01/2018 00h00

A agricultora Maria de Nazaré Muniz, 69 anos, mora e retira da terra que ocupa na agrovila de Cataiandeua, município de Abaetetuba, os alimentos que garantem a subsistência e o sustento de sua família. Dona Domingas Palheta, 77 anos, planta, produz farinha e capitula as tradicionais ladainhas na comunidade. As famílias das duas idosas e outras 104 que vivem na área do Projeto Estadual de Assentamento Agroextrativista (PEAX) foram beneficiadas com o título coletivo da terra, na manhã deste sábado (13), entregue pelo governador Simão Jatene e pelo presidente do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Daniel Lopes.

Participaram da solenidade a deputada estadual Cilene Couto; a secretária extraordinária dos Municípios Verdes, Izabela Jatene; o secretário de Estado de Transporte, Kleber Menezes; a secretária adjunta de Saúde Pública, Heloisa Guimarães; o prefeito de Abaetetuba, Alcides Negrão, vereadores e secretários municipais.

Dona Maria nasceu e vive até hoje na comunidade. Vinda de uma família de lavradores, desde criança ela teve contato com as técnicas da agricultura familiar. No início, eles produziam arroz e milho, culturas que exigem mais da terra. “Hoje a gente não planta mais, pois a terra não suporta, está ficando cansada”, ressalta.    

Ela criou sete filhos com a renda obtida na venda da produção de mandioca, pupunha, açaí, cupuaçu e pequenos animais. “Nós começamos a vida na lavoura e continuamos trabalhando com isso até hoje”, conta, reassaltando a importância que o título da terra vai ter na vida da sua família. “Meus filhos já estão criados e com suas próprias famílias, mas agora eles terão a propriedade definitiva de suas terras”, diz.

Tradição - Dona Domingas Palheta também foi beneficiada com o título de sua terra. Além da agricultura, a família dela é responsável pela capitulação das ladainhas, tradição cultural que mistura preces e cânticos ofertados aos santos pelos devotos, e que se mantém viva em algumas comunidades do interior. “Somos apenas nós que mantemos a tradição. Quando morrerem todos os irmãos não teremos mais ladainhas por aqui em Cataiandeua”, lamenta Domingas, ao contar que a maioria dos 11 irmãos abandonou a vila e foi embora para a cidade.

Mas ela resistiu e permaneceu na comunidade. Mesmo do alto de seus 77 anos ela continua ativa na capitulação de ladainhas e na produção da farinha de mandioca. O título definitivo da terra é mais um motivo para a família prosseguir na produção agrícola e também manter a tradição dos ladainheiros, já ameaçada de desaparecer. “Tem que roçar a capoeira e deixar secar o roçado, plantar, capinar, pegando sol quente e chuva, antes de preparar a farinha. É muito trabalho, mas fazemos com amor. Só posso dizer muito obrigado ao governador por ter me dado a felicidade de ter o título da minha terra”, agradeceu.

O presidente da Associação do Assentamento da Comunidade do Ramal do Cataiandeua, Claudio Cardoso de Brito, 45 anos, ressalta que a segurança é o principal benefício trazido pelo título coletivo. Ele explica que muitas comunidades deixaram de existir com a chegada dos grandes projetos e das monoculturas. “Com isso vamos poder alavancar a nossa produção, ir atrás dos benefícios e das políticas publicas que o título legal nos garante”, comemorou.

“Fazemos parte de uma comunidade que se organiza e trabalha bastante a questão da agroecologia e da preservação do meio ambiente para aproveitar ao máximo aquilo que a natureza nos oferece”, ressaltou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Abaetetuba, Elias Kempner, 61 anos.

Para ele, o título definitivo da terra significa a garantia de que a agricultura familiar vai continuar existindo. Ele destaca que este tipo de produção é constantemente ameaçado pelas monoculturas. “Com esse documento a gente garante que as futuras gerações vão continuar produzindo e com a segurança de estar trabalhando naquilo que é seu”, comenta.

O governador enalteceu o trabalho dos pequenos agricultores, que, segundo ele, são uma importante engrenagem na cadeia produtiva nacional. “Um país se constrói a partir do interior, onde homens e mulheres trabalham de sol a sol para produzir os alimentos que serão consumidos por quem vive nas grandes cidades”, ressaltou. "Em uma época onde se valoriza mais o individual em detrimento do coletivo, é muito nobre ver um grupo de pessoas se organizar e lutar por um titulo coletivo de terra. É uma verdadeira aula de civismo”, declarou.

Para o diretor do Iterpa, a titulação dessas terras é mais um passo que se avança no processo de regularização fundiária no Pará. “Este título significa, primeiramente, a dignidade para famílias que já viviam há muito tempo na terra e não tinham a segurança de contar com um documento que lhes assegurasse todos os seus direitos”, explicou Daniel Lopes.

O prefeito de Abaetetuba, Alcides Negrão, destacou que há muito tempo a comunidade vinha lutando para conquistar a posse definitiva da terra, o que, agora, dará a eles a possibilidade de delimitar a área e captar investimentos. “Enquanto gestor municipal venho aqui agradecer ao governo do Estado e dizer que todo investimento é bem vindo porque é desta forma que temos que trabalhar para que as reivindicações do povo sejam atendidas”, afirma.

A PEAX de Cataiandeua foi criado pelo governo do Estado em novembro de 2017, após a publicação do decreto no Diário Oficial, e possui uma área de 367.9110 hectares. Distante cerca de nove quilômetros da sede de Abaetetuba, o projeto tem sua base econômica no extrativismo.

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