Seap recebe doação de livros para biblioteca da Unidade Custódia e Reinserção, em Icoaraci
As doações feitas pela Defensoria Pública do Estado, em parceria com a ONG Conectar, ajudarão os custodiados na preparação para o Encceja e Enem
A “I Campanha Arrecadação de Livros”, criada pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), recebeu na quarta-feira (10), da Defensoria Pública do Estado (DPE), em parceria com a ONG Conectar, a primeira doação. Para receber os livros literários e didáticos foi escolhida a Unidade Custódia e Reinserção (UCR) de Icoaraci, distrito de Belém. O material renovará e ampliará o acervo da biblioteca, para utilização em projetos de reinserção educacional de leitura desenvolvidos na casa penal, como o “Arca da Leitura”.
Com a doação da DPE e da ONG Conectar, a Seap ampliará seus projetos educacionais, para que mais pessoas privadas de liberdade (PPLs) possam ser aprovadas no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e no Exame Nacional do Ensino Médio para detentos do sistema prisional e jovens do socioeducativo (Enem PPL). Os livros também levarão mais conhecimento aos internos.As doações ampliarão o acervo da biblioteca, para utilização em projetos de reinserção educacional pela leitura
Livro é "ouro" - Segundo a pedagoga Lindomar Espíndola de Carvalho, da Coordenação de Educação Prisional, “somente a Seap não dá conta dessas demandas sociais”, daí a importância da parceria com a Defensoria Pública e a ONG Conectar. A UCR Icoaraci foi a primeira beneficiada, mas o planejamento da Defensoria Pública é doar livros para todas as unidades prisionais do Estado.
“Isso é ouro para nós. É de muito valor, preciosa demais essa doação que eles fizeram para a renovação do nosso acervo didático, para os nossos alunos se prepararem para o Encceja, para o Enem. Nós fomos privilegiados porque foi a primeira unidade, mas a DPE estará entregando em todas as unidades prisionais, e seguirá nesse grande engajamento para que possa suprir todas as unidades prisionais com livros de boa qualidade”, disse Lindomar de Carvalho.
Voluntária na ONG Conectar, a universitária Ana Beatriz Pinto contou que a organização foi contatada pela DPE por meio da Liga Acadêmica Jurídica do Pará (Lajupa). Ana Beatriz relata que foi solicitado apoio à unidade maternoinfantil da Unidade de Custódia e Reinserção Feminina (UCRF) de Ananindeua (Região Metropolitana de Belém), que precisava também da doação de livros para a biblioteca.
A universitária disse que os pedidos foram apresentados ao conselho do Conectar, e para um dos fundadores do projeto, Filippo Guanais Catellan. “De pronto eles falaram: vamos ajudar. Já tínhamos algumas unidades de livros, uma quantidade bem considerável, e também fizemos a coleta internamente com os nossos voluntários”, informou Ana Beatriz, acrescentando que “o Filippo passou uma lista no grupo dos nossos voluntários para perguntar quem tinha doação de livros a fazer, e fomos buscando na casa dos nossos voluntários para juntar uma quantidade considerável. Foi uma média de 150, 200 livros arrecadados por dia”.Livros doados na primeira campanha
Arca da Leitura – “A leitura engrandece a alma”, disse o escritor, historiador e filósofo francês, François-Marie Arouet, mundialmente conhecido como Voltaire (1694-1778). E esse poder da leitura serve também como caminho para a reinserção e remição de pena aos custodiados do sistema prisional paraense.
Um dos projetos é o "Arca da Leitura", pelo qual um monitor, a cada quatro dias, oferece um livro para um interno que integra o programa de leitura. Após esse período, o custodiado pode escolher outro livro do acervo, informou Arnaldo Alex, monitor voluntário e interno da UCR Icoaraci.
Após uma semana, o custodiado escolhe um dos livros lidos, seja didático ou literário, para fazer um resumo. Por meio desse projeto de leitura o interno conquista a remição na pena de quatro dias por cada livro lido e resumo entregue. O resumo é encaminhado ao Ministério Público do Estado (MPE) e ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PA), para ser avaliado e resultar no benefício.
Para Arnaldo Alex, a atividade de leitura alcança bem mais que a diminuição dos dias de pena. Ele disse que muitos internos relatam que, quando s estavam em liberdade, não tinham o hábito de ler, mas agora a leitura se tornou uma forma de ocupar a mente, “para não ficarem pensando coisas que não venham trazer benefícios”.
Mudança visível - “Nosso objetivo é levar o livro até eles, para que possam estar criando mais e mais o hábito pela leitura. É visível a mudança. Nós, que estamos lá convivendo com eles diariamente, percebemos que através da leitura tem surgido um forte impacto, uma mudança, que cada vez mais eles vão criando força de vontade, um incentivo a mais, e tem mudado totalmente a vida de muitos internos”, garantiu Arnaldo.
Thiago Cardoso de Lima, também monitor do projeto de leitura na unidade de Icoaraci, reforçou a importância de novas doações. “Esperamos que possam vir mais doações para a gente ir crescendo em cultura, sabedoria, conhecimento. Esperamos a ajuda de vocês e agradecemos desde já pelo apoio que vocês têm dado a cada um de nós”, acrescentou.
Serviço: A campanha de arrecadação de livros prossegue até 30 de abril. A ação ocorre todos os anos para renovar o acervo das bibliotecas e incentivar a leitura nos blocos carcerários. Todas as unidades prisionais poderão receber livros usados, em bom estado para a leitura. A sede da Seap também é posto de arrecadação para servidores da Secretaria. As doações podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 08h às 16h.
Texto: Márcio Sousa - NCS/Seap