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EDUCAÇÃO E CIDADANIA

Internos da unidade prisional de Cametá recebem certificação de conclusão de cursos

Por Caroline Rocha (SEAP)
22/03/2024 16h29

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) realizou na quinta-feira (21), a certificação de internos da Unidade de Custódia e Reinserção (UCR) de Cametá. No total, 24 custodiados concluíram os cursos de Artesanato em Madeira e Eletricista, além destes outros sete internos concluíram a turma de alfabetização do Instituto de Brasileiro de Educação e Meio Ambiente (Ibraema).  

A solenidade foi realizada no auditório do Campus do Instituto Federal do Pará (IFPA), de Cametá. Na ocasião, estiveram presentes técnicos, policiais penais, servidores públicos da Seap, além de autoridades municipais e lideranças locais. Os familiares dos custodiados puderam participar do evento e tiveram a oportunidade de prestigiar o momento de certificação e a feirinha que comercializou objetos de madeira e chaveiros de resina feitos pelos internos.

No período de 2019 a 2023 mais de 2 mil internos concluíram o projeto de alfabetização no sistema prisional paraense. De acordo com a dinâmica adotada pelo Instituto, dois internos com alguma formação exercem a função de “professores” que ensinam e educam os demais. Além disso, também possibilita um entendimento de mundo através das letras. Evandro Lima, pedagogo de Reinserção Social (DRS) da Seap, explica que a trajetória educacional dentro do cárcere começa pela leitura e a conclusão do ensino fundamental.

“O Ibraema é o ponta pé inicial para as pessoas que em algum momento não tiveram essa oportunidade de estudar por 'N' motivos que não nos cabe julgar, mas quando eles chegam na unidade, passam por uma triagem, e a equipe de reinserção social faz um levantamento, a partir disso os internos que não sabem ler e escrever são inclusos no processo de alfabetização, em seguida na Educação para Jovens e Adultos (EJA) e trilhar o restante da vida educacional através de um curso profissionalizante ou até mesmo o ensino superior”, afirma.

É cada vez mais comum encontrar pessoas privadas de liberdade dentro do sistema penitenciário que entraram sem saber ler e escrever, ou até mesmo, com o ensino fundamental incompleto e agora estão cursando uma graduação. Esse resultado é possível por conta de toda a reestruturação e padronização dos procedimentos operacionais de segurança, juntamente com a custódia humanizada e todo o trabalho desenvolvido dentro das unidades através da educação, trabalho, biopsicossocial e a reinserção social.

À frente da Unidade há quatro anos, Júnior Xavier, diretor UCR Cametá, garante que todos os 81 internos estão envolvidos em pelo menos uma das diversas atividades, seja laboral ou educacional.

"Através dos projetos de educação e do trabalho, todas as pessoas privadas de liberdade custodiadas hoje na UCR Cametá estão em alguma atividade de Reinserção Social. Em todas essas atividades os internos têm remissão da sua pena. A certificação é mais uma etapa concluída na vida educacional e de trabalho dessas pessoas privadas de liberdade, e esta, sem dúvidas, é apenas uma das tantas conquistas que estão por vir", finaliza o diretor.

Além dos servidores e policiais penais da UCR Cametá, a realização do evento contou com o apoio operacional do Comando de Operações Penitenciárias (Cope), para o deslocamento dos internos da unidade até o campus do IFPA.

Profissionalização – O curso de Artesanato em Madeira ofertado pela Secretaria de Ciências, Tecnologia, Educação Superior Profissional e Tecnológica do Estado do Pará (Sectet) através do termo de cooperação técnica com a Seap, certificou 18 internos que agora possuem conhecimento técnico para contribuir com o processo da ressocialização. Ainda neste ano de 2024, outros cursos profissionalizantes estão previstos. Evandro Neves, coordenador dos Cursos Profissionalizantes da Sectet, afirma que os próximos serão focados na matriz econômica do município.

“Cametá tem uma potencialidade, que é a questão do açaí e do peixe, e nós vamos trazer cursos profissionalizantes para as pessoas privadas de liberdade que atendam essa dinâmica econômica do município. Não vamos deixar de atender cursos com outras vertentes, mas o foco principal vai ser atender os cursos que contemplam a cadeia produtiva do município”, reforça o coordenador.

Mudanças – Paulo Roberto Oliveira, 43 anos, foi escolhido para ser um dos facilitadores do Ibraema. O interno, que cursa Tecnologia da Informação na modalidade à distância, conta que tomou um susto quando soube que daria as aulas.

“De imediato eu não quis aceitar, porque já fazia outras atividades dentro da unidade e também tinha as aulas da faculdade, mas acabei aceitando e foi uma experiência única. Eu aprendi muito com eles. É muito gratificante para mim, poder trocar ideias, conversar, falar da nossa situação, das nossas famílias, então eu agradeço muito, espero que venham outras oportunidades e que venham outros facilitadores também para ter essa mesma experiência que eu tive ali dentro”, afirma Paulo.

Já Armando Pinheiro, 36 anos, estava sem entrar em uma sala se aula há 22 anos, e foi dentro do cárcere que o custodiado teve a oportunidade de voltar os estudos. “Estudar está sendo uma grande alegria na minha vida, antes era uma coisa apagada na minha vida e hoje em dia é só satisfação. Não foi uma coisa boa estar preso, mas aqui eu fui descobrir algo melhor para minha vida, então venho agradecer o Ibraema, a Seap, os policiais da unidade, e a equipe de reinserção que deu e ainda dá apoio pra gente!”, conta Armando.

Texto: Yasmin Cavalcante - NCS/Seap Pará