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Marcenaria promove qualificação profissional e mudança de vida de custodiados

Nos últimos dois anos, mais de 12 mil peças foram produzidas nas oficinas de marcenarias nas unidades penais, como móveis de escritório da própria Seap

Por Caroline Rocha (SEAP)
20/03/2024 09h12

A marcenaria é considerada uma das profissões mais antigas do mundo, presente em todas as culturas e acompanhou a própria evolução do homem ao longo de sua história. No dia 19 de março comemora-se o Dia do Marceneiro, e a arte da marcenaria segue presente no cotidiano da humanidade nas suas mais variadas formas. Aqui no Pará, a técnica milenar também serve como o caminho para a mudança de vidas, através da qualificação profissional, e para a ressocialização de custodiados da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).

Para desenvolver esse trabalho, a Secretaria conta atualmente com 8 unidades que possuem oficinas de marcenaria que atuam na formação de profissionais e na geração de renda para aqueles que trabalham nessas unidades. As atuais unidades estão localizadas no Sul do Pará, na região do Baixo Tocantins e na região metropolitana de Belém. Nos últimos dois anos, mais de 12 mil peças foram produzidas nas unidades: de souvenires, artigos de decoração, suprimentos para outras unidades produtivas, a móveis de escritório e planejados para atender as demandas da própria secretaria.

Belchior Machado, diretor de Trabalho Prisional da Seap, destaca que as oficinas de marcenaria fazem parte do programa “Construindo Novas Histórias”, onde as unidades produtivas têm como proposta de valor, “o desenvolvimento das habilidades, dos talentos, dos ofícios das pessoas privadas de liberdade dentro do sistema penitenciário”, diz ele. 

O diretor acrescenta que nas marcenarias da Seap se trabalha em todas as potencialidades dos custodiados que abraçam a oportunidade. Com o intuito, diz Belchior, de torná-lo capaz de viver em harmonia com a sociedade quando se tornar egresso e também para promover o bem comum. Além disso, se acrescenta o objetivo de promover a reinserção social, garantindo vagas de trabalho remunerado. “É importante frisar isso, considerando também que isso gera renda ao custodiado, poupança para quando ele se torna egresso, mas também renda aos seus familiares aqui fora”, completa Belchior.

Ampliação – Com os bons resultados conquistados com a atividade, a Seap atua para ampliar o número de unidades que receberão a implantação de novas oficinas de marcenaria. Belchior Machado explica que até 2025 o sistema prisional contará com mais cinco oficinas produtivas de trabalho, passando de oito para treze oficinas. Para isso, a secretaria contará com recursos federais da Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), órgão de execução delegada das atividades de prevenção e repressão dos crimes contra a administração pública e outros que lhe sejam conexos.

Comercialização – Todos os produtos que são feitos nas marcenarias, eles têm duas saídas, explica Belchior, uma para a autossuficiência do sistema, uma vez que se produz para que a própria Seap tenha móveis planejados e móveis para a execução dos seus serviços, trabalhos. A outra é para a comercialização desses produtos, que vão para o Fundo de Trabalho Penitenciário.

“A comercialização, ela gera resultados para o fundo do trabalho penitenciário, recurso esse que já chegou à marca de quase quatro milhões de reais, que é reinvestido em outras atividades de reinserção, tanto na educação quanto no trabalho prisional”, concluiu Machado.

Mudança - Valber Duarte, titular da Diretoria de Reinserção Social (DRS), ressalta que é muito importante se pensar na qualificação das pessoas privadas de liberdade (PPLs). A reinserção, a mudança de vida, ela acontece nessa especialização também, afirma. Em sua avaliação, começa ali o primeiro passo para a mudança de vida de um custodiado.

“A gente pega a pessoa privada de liberdade, a gente vai qualificando essa pessoa. Justamente para entregar essa pessoa para a Diretoria de Trabalho e Produção, qualificada. E qualificada para o mercado de trabalho, que o processo começa, ali dentro das marcenarias. A gente sabe que a educação é fundamental”, analisa Valber Duarte.

O diretor da DRS lembra que durante muito tempo, apesar de todo o trabalho desenvolvido pelo sistema penitenciário, não se conseguia fechar o ciclo para a ressocialização de um interno. “A gente pegava, trabalhava aquela pessoa, e quando ela vinha aqui para a liberdade, ela não tinha essa qualificação. Aí, a questão do emprego, de ela ter uma vida digna, se torna muito mais difícil, porque ela não vai ter essa qualificação”, diz o diretor.

Para Duarte, a qualificação é fundamental para se alcançar a reinserção, a mudança de vida de um apenado. “E a atividade nas marcenarias fazem aquela pessoa entender a responsabilidade do trabalho, já é o começo ali”, diz. “Ela está recebendo para isso, ela ganha o ordenado dela, o salário dela. Mas é um primeiro passo para algo futuro, algo que vem pós-cárcere. Poder se tornar um egresso, ele vai estar bem mais preparado. Tanto profissionalmente, como qualificado profissionalmente”, finaliza o diretor.

Texto de Márcio Sousa / Ascom Seap