Educadores discutem currículo de Ensino Religioso
A elaboração de um currículo de Ensino Religioso para as escolas estaduais e municipais do Estado, em sintonia com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), começou a ser discutida nesta quinta-feira (15), em Belém, por educadores de instituições federais, estaduais e municipais de ensino, e por estudantes do Pará, Amazonas, Amapá, Acre, São Paulo e Minas Gerais, durante o IV Encontro de Professores de Ensino Religioso do Pará, na Universidade Federal do Pará (UFPA).
Ao final do evento, nesta sexta-feira (16), a proposta de currículo será encaminhada à Secretaria de Estado de Educação (Seduc) objetivando inclusão ao projeto de currículo estadual do Ensino Fundamental, conforme cronograma de implantação da BNCC, ao final de 2019.
De acordo com o presidente da Associação dos Cientistas da Religião do Pará (Acrepa), Anderson Costa, entidade promotora do evento, o Pará conta com 600 professores de Ensino Religioso nas redes estadual e municipal.
O Ensino Religioso está contemplado pela BNCC do nível Fundamental, aprovada no final do ano passado, mas precisa ser discutido pelas comunidades, conforme prevê o artigo 33 da Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB). A Associação espera que o Ensino Religioso seja implantado ainda neste primeiro semestre.
A Ciência da Religião nasceu na Alemanha no começo do século passado e chegou ao Pará em 2000 por meio de um curso promovido pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), informa Anderson Costa. O curso da Uepa foi pioneiro na graduação e mestrado no Norte do País.
O professor Devison Amorim, da UFPA, e com atuação na rede estadual, destacou que antes desse curso, o Ensino Religioso era lecionado por professores com enfoque básico na religião cristã. A partir do curso, o ensino ganhou um enfoque na diversidade e do fenômeno religioso inserido no dia a dia dos cidadãos, com abordagem dos aspectos históricos e socioculturais.
Cognição, cultura e cidadania
Palestrante sobre o tema “Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Religioso: uma proposta fundamentada na Ciência da Religião”, o pesquisador Matheus Oliva Costa, mestre e doutorando em Ciência da Religião na PUC-SP, destacou que “o Ensino Religioso hoje é fundamentado em um chão firme, com direcionamento claro; tem muito a contribuir com a formação cognitiva e da cidadania do aluno, por meio da descrição das singularidades de cada religião e, também, da interação entre as religiões”.
O coordenador do Centro de Formação de Profissionais da Educação Básica do Pará (Cefor) da Seduc, Carlos Miranda, representando a Seduc, disse que o Ensino Religioso deve ser entendido como parte da área de Ciências Humanas e de um currículo em construção para o Ensino Fundamental. E informou que a Seduc está reforçando a parceria com a Acrepa para ações e formação de professores.
A cada ano, são formados 22 professores de Ciência da Religião na Uepa. No mestrado, são 12 por ano. A demanda por professores dessa disciplina está em alta e deverá aumentar a partir da implantação da BNCC, que estendeu o Ensino Religioso aos anos iniciais do Ensino Fundamental.
