Pesquisa de aluna egressa da Uepa aborda comunicação sensorial e musicalização intrauterina
O som do coração pulsando, da respiração e do sangue fluindo nas veias. Esses são alguns dos sinais, provocados pelo corpo da mãe, que fazem parte da primeira experiência auditiva da infância, ainda na fase intrauterina. Além disso, no útero, o bebê é capaz de identificar a voz da mãe, que se torna uma das suas principais referências. Ao considerar as potencialidades do bebê reconhecer sons, diferenciá-los e memorizá-los, a egressa do curso de Licenciatura Plena em Música da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Luiza Maria Ribeiro Sério, elaborou o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) "A Comunicação Sensorial como musicalização intrauterina a partir dos cinco meses de gestação: conceitos e atividades para mãe/bebê".
O trabalho conquistou o segundo lugar do curso de Música no Prêmio Melhor TCC 2022/2023 da Uepa, realizado em dezembro do ano passado, para valorizar a produção do conhecimento e inovação no âmbito acadêmico, desde a formação inicial. Apresentada em formato de artigo, a pesquisa teve como objetivos: identificar o processo de iniciação musical na fase intrauterina; reconhecer as possibilidades da educação para o bebê ainda no ventre; analisar a comunicação sensorial enquanto caminho para a educação no período gestacional; e selecionar atividades pertinentes para mãe e o bebê.
O estudo teve a orientação da professora Társilla Castro Rodrigues da Silva, que atua há 10 anos na Uepa. Ela conta que o assunto focalizado foi proposto por Luiza, devido ser um tema que possui proximidade. “Foi uma temática trazida pela orientanda, por ser algo que ela vivenciou, e me identifiquei, porque também tenho uma família de musicistas e isso influenciou, mesmo que indiretamente, na minha escolha em ser professora de música”, afirma Társilla. Para a docente, a musicalização intrauterina abre “mais um horizonte de atuação para o professor de música”, o que reforça a importância de ser contemplada no trabalho da orientanda.
Vivência musical - A relação de Luiza com a música iniciou cedo. Por sua mãe ser musicista, quando ficou grávida, decidiu proporcionar essa experiência à filha, ainda durante a gestação. “Minha vivência musical ocorreu desde o ventre e sempre esteve presente nos relatos da minha mãe, que fez tudo de forma intuitiva. Quando ingressei na universidade, já sabia que esse seria o tema da minha pesquisa”, conta Luiza.
O trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, com a finalidade de abordar a musicalização intrauterina decorrente da comunicação sensorial, quando a mãe se comunica com o bebê por meio dos sentidos: audição, tato, motor e visual.
“A música está presente em todos os lugares e nos traz diversos benefícios. Durante a gestação não é diferente. A mãe pode se comunicar com seu bebê utilizando a música como finalidade, cantando canções de ninar, músicas de gosto pessoal e, assim, ela estará apresentando sua voz para seu bebê, criando laços permanentes e lembranças que poderão ser ativadas após o nascimento”, afirma a egressa.
Dessa forma, segundo Luiza, durante a gestação é possível que a mãe estabeleça um diálogo com o bebê, para criar laços afetivos que trarão benefícios durante e após o seu nascimento. No TCC, são citadas algumas atividades que podem ser realizadas. Uma delas é descrita da seguinte forma: “Pronuncie claramente seu nome ou apelido, três vezes seguidas com voz mais forte que o normal; diga-lhe o quanto o ama e o que espera dele, de forma positiva; cante sua canção de ninar preferida; toque brevemente algum instrumento – pode ser xilofone, piano ou flauta – e observe a reação do bebê; dê-lhe tempo para responder”.
Escrever sobre o tema, conforme a egressa, foi “muito importante, mesmo sendo um assunto desafiador”. Ela afirma que o incentivo de professores e amigos e, principalmente, de sua orientadora, foi essencial na caminhada de condução do trabalho, que teve sua relevância destacada na recente premiação de Melhor TCC. “Receber o prêmio e ter o trabalho reconhecido foi gratificante. A música vai muito além do que imaginamos”, conclui.