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Família de gaviões se instala em um dos campi da Uepa

Por Redação - Agência PA (SECOM)
05/03/2018 00h00

Contato com a natureza é algo que o ser humano normalmente deseja. Nesse quesito, os alunos e professores do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa) foram premiados: um casal de gaviões-carijós fez morada na castanheira situada no terreno ao lado do Centro. As aves são presença constante no campus e foi constatado que elas estão em período de reprodução. Apesar de alguns incidentes na convivência entre a comunidade acadêmica e os animais, todos estão animados em resguardar a espécie e dividir seu território com eles.

Na segunda-feira, 26 de fevereiro, o professor Diniz Bastos curtia um cafezinho no intervalo entre suas aulas, apreciando o verde do campus, quando sentiu que algo lhe atingiu a cabeça. “Meus óculos caíram no chão e me abaixei para pegar, quando levantei, senti o sangue na testa e ardume perto do olho esquerdo. Fui ajudado na assepsia do ferimento e procurei um médico”, contou o professor, que fez um post bem-humorado em sua rede social para informar a todos sobre a presença do gavião.

Embora tenha sofrido com o aguçado instinto de preservação da ave, Bastos afirmou que não se ressentiu. “Pelo contrário, acho que devemos apoiar e proteger os animais, pois somos culpados de eles estarem invadindo as áreas urbanas, por termos destruído seu habitat”, ponderou. E a agressividade do gavião não era sem motivo. A direção do Centro acionou o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), para que fizesse a remoção do que, até então, se pensava ser apenas uma ave.

Ao analisar a situação, a equipe do BPA identificou na árvore a presença de um casal da espécie Gavião-carijó (Rupornis magnirostris) e um ninho. De acordo com o artigo 29 da Lei Ambiental, parágrafo 1º, inciso II, remover ninhos de aves protegidas é crime, portanto, os gaviões permanecerão na castanheira pelo período de 30 a 60 dias, tempo necessário para que os filhotes levantem voo.

Seguindo orientações do BPA, a direção do Centro isolou as áreas mais propícias para ataques e converteu o que poderia ser uma briga com os “vizinhos” em uma situação de aprendizado para os alunos. “Todos na gestão se mostraram muito sensíveis à situação dos gaviões, afinal, nós ocupamos o espaço deles. Estamos em uma universidade, por isso, achamos por bem ‘adotar’ a família de gaviões e iniciar uma campanha de conscientização dentro da comunidade acadêmica sobre a presença de animais silvestres nos centros urbanos e como lidar com eles”, argumentou o diretor do CCSE, Anderson Maia.

O campus oferta o curso de Licenciatura em Ciências Naturais e sua atlética tem como mascote um gavião. Os alunos aprovaram a postura adotada pela gestão do Centro. “Eu vejo muitas vantagens na presença dos gaviões no campus, principalmente porque eles se alimentam de pombos, que são um risco para a saúde das pessoas. O número de pombos já diminuiu desde que eles apareceram aqui. Nós, que somos seres humanos, é que precisamos zelar por eles e tomar cuidado para não invadir o seu espaço”, observou o estudante de Física, Henrique Vieira, de 20 anos.

Outro aluno de Física, Diego Nonato, reforça a posição do colega. “Não me sinto ameaçado com a presença destas aves aqui. Podemos tranquilamente conviver com isso e sinto que esse é nosso dever”, avaliou. Já o servidor Rui Fabrício acredita que o Centro deve zelar pelas aves mesmo depois de passado o período de reprodução, quando elas poderão ser removidas pelo BPA. “Eles ajudam com a situação dos pombos, reduzem a presença de roedores e fazem um controle da população de outros bichos nocivos aos seres humanos. É a natureza mostrando seu equilíbrio. Vamos iniciar uma campanha chamada ‘Fica, Gavião’”, brincou.

O assunto será tema de uma palestra solicitada pelo Centro ao BPA, sobre os costumes da espécie, a presença de animais silvestres nas cidades e como lidar com situações inusitadas. O evento fará parte da programação da Semana do Calouro, prevista para a penúltima semana de março.