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Santa Casa tem ambulatório especializado para acompanhamento de prematuros

Equipe multiprofissional assiste crianças egressas do setor de neonatologia do hospital e, só este ano, já realizou mais de 10 mil atendimentos

Por Etiene Andrade (SANTA CASA)
17/11/2023 08h11

Ana Laura, de 3 anos, no colo da mãe Divanilda Ferreira na Fundação Santa Casa do Pará, em BelémQuem vê Ana Laura brincando e esbanjando saúde, não imagina o que a menina, agora, com 3 anos e 4 meses, nasceu prematura e ficou um mês internada na Santa Casa. Hoje, ela ainda volta ao hospital regularmente, mas apenas para o acompanhamento no 'Ambulatório do Prematuro, espaço que atende bebês egressos do setor de neonatologia na Santa Casa, nascidos com menos ou até 35 semanas e com baixo peso (menos de 2 quilos e 500 gramas).

"Eu não tinha completado 7 meses de gestação quando fui encaminhada para a Santa Casa com a pressão muito alta. Fui internada, e como os exames mostraram que a bebê também estava em risco, decidiram logo fazer o parto. Ela nasceu e foi pra UTI e de lá fui com ela pro Canguru para ela ganhar peso e quando ela recebeu alta do hospital, já fui encaminhada pra cá", conta Divanilda Ferreira, mãe de Ana Laura, que acredita que todo o acompanhamento que recebeu, desde a internação até o ambulatório, contribuiu com o desenvolvimento da menina.

"A gente quando é mãe, de primeira viagem, não sabe muita coisa, fica insegura. E ainda é mais difícil quando o bebê é prematuro. Mas eu fui muito bem atendida e orientada desde lá do Canguru até aqui sobre os cuidados que eu precisava ter com ela, o que precisa observar. Eu fiz tudo direitinho, venho para as consultas, e Graças a Deus, a minha filha está crescendo saudável", conta Divanilda.

No ambulatório do prematuro as crianças são acompanhadas por uma equipe multiprofissional, que conta com enfermeiros e técnicos de enfermagem, psicólogos, médicos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, além de uma equipe de apoio; cada um na sua especialidade e um colaborando com o outro para oferecer o melhor para o paciente.

A pediatra Rosangela Patrazana integra a equipe do ambulatório há 17 anos e ressalta algumas características do bebê prematuro que exigem uma abordagem especializada e também multiprofissional.

"Por serem prematuros,  nascem com os sistemas imaturos, requerendo maiores cuidados, com intervenção imediata se necessário, pois o risco de internações fica bem maior, quando comparados com bebês nascidos de termo. Como médica o meu atendimento inclui orientações, prevenção, diagnóstico e tratamento; mas todos os profissionais da equipe, são de fundamental importância na assistência para um adequado desenvolvimento neuropsicomotor da criança", detalha a médica.

Equipe multiprofissional

Também com experiência de mais de uma década de atuação no ambulatório do prematuro, a fisioterapeuta Daniela Scasa, concorda com a importância do acompanhamento interdisciplinar do paciente. Além desse aspecto, ela ressalta a necessidade de se incluir o cuidador na estimulação, seja ele mãe, pai, avós, outro membro da família ou alguém designado para esse fim.

"Entre as orientações dadas aos cuidadores de prematuros estão o posicionamento para dormir, o carregar mais adequado, exercícios de estimulação das habilidades motoras com o objetivo destas estarem equivalentes ao desenvolvimento motor de sua idade cronológica e a importância dos cuidadores estimularem essas habilidades em diferentes ambientes", destaca a fisioterapeuta que  realiza as avaliações dentro de um ambiente lúdico e seguro para que os prematuros e familiares se sintam acolhidos.

Além do atendimento com a fisioterapeuta, no ambulatório as crianças ainda recebem o atendimento da fonoaudióloga e da terapeuta ocupacional, que também orientam sobre os cuidados e a estimulação adequada.

Elielma e Maria Elisa com a fonoaudióloga Alessandra Bailosa em uma demonstração de afeto entre paciente profissionalA fonoaudióloga Alessandra Bailosa conta como se dá esse trabalho dentro da sua especialidade. "Como fonoaudióloga avaliamos o desenvolvimento motor e da linguagem do bebê prematuro, observando e avaliando cada fase do desenvolvimento, realizando a estimulação do desenvolvimento neuropsicólogo e da linguagem, incluindo a audição, sempre que necessário", explica Alessandra.

Já o trabalho da terapeuta  ocupacional consiste, segundo Carla Scasa que é terapeuta da Santa Casa há 15 anos, no acompanhamento do desenvolvimento neuropsicomotor das crianças, avaliando áreas do desempenho ocupacional , além do brincar simbólico e orientações das atividades de vida diária.

"Quando a criança se encontra em atraso do desenvolvimento neuropsicomotor será inserida no Programa de Intervenção Precoce, que consiste em terapia semanal para estimular aspectos sensório- motor e perceptor- cognitivos. São realizados nos atendimentos orientações junto aos cuidadores no sentido de oferecer suporte como estimular em domicílio o desenvolvimento global, manuseios, práticas diárias e orientações quanto ao brincar simbólico", explica a terapeuta ocupacional.

Na retaguarda de todos esses cuidados se agrega o atendimento psicológico que engloba o paciente; com a observação dos aspectos comportamentais, afetivos e os fatores de risco para o desenvolvimento;  e fornece apoio para quem cuida dessas crianças, como explica a psicóloga Cláudia Colino.

"Costumamos observar o comportamento da criança no momento da consulta, além do relato de sua dinâmica relacional, familiar e social, que as mães trazem. Também fazemos a escuta terapêutica das mães com relação a vivência das demandas da maternidade de um bebê prematuro. Muitas mães apresentam questões emocionais importantes por lidarem com um filho prematuro. No momento da consulta são acolhidas e orientadas, e quando há necessidade, até encaminhadas para um acompanhamento especializado" conclui a psicóloga.

Alta ambulatorial

Desde o primeiro atendimento ao bebê prematuro até a alta do paciente, que ocorre normalmente aos 4 anos, são dezenas de consultas, exames, avaliações e orientações que exigem da equipe muita qualificação técnica e profissionalismo.

Mas diante de tantos cuidados, as relações entre profissionais, cuidadores e pacientes também agregam afeto e amizade, como relata Gizele Lima, enfermeira neonatologista, que ao longo de 15 anos no atendimento já viveu experiências emocionantes.

"A gente acaba tendo um vínculo muito forte com as crianças e com as mães, que confiam muito na equipe. Quando chega o momento da alta é uma mistura de alegria, pois isso significa que a criança teve uma boa evolução e está bem, e também tristeza de ambas as partes, pois já começamos a sentir saudades. É esse sentimento de amor e saudade e de dever cumprido, pois isso revela que a gente fez um bom trabalho", afirma a enfermeira.

Para Elielma Lopes, mãe da Maria Elisa , a alegria é por ver a filha, que nasceu pesando 1 quilo e 400 gramas, chegar aos 4 anos com peso, altura e todo o seu desenvolvimento adequado para a idade.

"Eu só tenho um sentimento de gratidão neste momento, mas também de saudade. Gratidão pelo excelente atendimento que a minha filha recebeu de todos esses profissionais da Santa Casa", diz a mãe.

De janeiro a outubro de 2023, o ambulatório do prematuro da Santa Casa realizou mais de 10 mil consultas multiprofissionais, incluídos os atendimentos médicos, fisioterápicos, psicológicos, fonoaudiológicos, terapêuticos ocupacionais e de enfermagem.