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EDUCAÇÃO E SAÚDE

'Novembro Laranja' promove saúde auditiva e destaca epigenética e misofonia

Uepa destaca que a misofonia e hiperacusia são hipersensibilidades a certos sons observadas neste mês dedicado aos cuidados auditivos

Por Ascom (Ascom)
09/11/2023 11h12

O barulho produzido ao tossir, fungar, mastigar e alguns sons repetitivos como o do teclado de computador podem parecer despercebidos por grande parte das pessoas. Porém, certos indivíduos sentem uma irritação intensa e sofrida diante desses sons específicos. Trata-se de um distúrbio chamado misofonia, que pode estar relacionado ao zumbido nos ouvidos. Essa condição ainda é pouco compreendida, mas aponta uma necessidade de uma abordagem maior do assunto.

A importância de alertar sobre a saúde dos ouvidos é o foco do evento Epigenética e Novembro Laranja, ação promovida por meio de uma parceria entre a Liga Acadêmica de Genética e Epigenética em Saúde (Lagepis) e o projeto de extensão Novembro Laranja, ambos institucionalizados pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade do Estado do Pará (Uepa). A programação será realizada nos dias 09 e 10 de novembro, no auditório do Telessaúde do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), campus II, em Belém, e vai contar com palestras, mesa redonda e atividades lúdicas.

Novembro Laranja é uma campanha nacional, idealizada no ano de 2006, pela otorrinolaringologista e docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Tanit Ganz Sanchez, a princípio para a conscientização acerca do zumbido, e a partir de 2012 passou a inserir também a misofonia e a hiperacusia, que é a hipersensibilidade a certos sons, por vezes relacionada ao volume.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 278 milhões de pessoas sofrem de zumbido. Ainda de acordo com a OMS, cerca de 2,5 bilhões de pessoas vão ter algum problema auditivo até 2050 no mundo, incluindo hipersensibilidade auditiva. Em 2021, a campanha em nível nacional Novembro Laranja foi realizada em formato remoto, com participação da Dra Tanit Ganz Sanchez, relatou a coordenadora do projeto de extensão na Uepa, Novembro Laranja, Ana Paula Guimarães, bióloga e professora da Universidade. Neste ano, a campanha do Novembro Laranja ganha versão presencial local, organizada no CCBS, com foco em promover saúde auditiva e ampliar a divulgação sobre a misofonia. O dia 12 de novembro é designado como o Dia de Conscientização sobre a Misofonia.

Ana Paula esclareceu que a misofonia ou síndrome da sensibilidade seletiva a sons, é uma condição em que a pessoa tem um tipo de intolerância a sons baixos e repetitivos, "por conta da formação de uma alteração neurofisiológica, tem reações aversivas muito intensas a certos sons do cotidiano como tosse, fungado, mastigação, deglutição, ou sons repetitivos como teclado de computador. Estresse excessivo e ansiedade podem desencadear e agravar essa condição". Pouco compreendida, a condição necessita de atenção pois "pode prejudicar muito as interações sociais e profissionais do indivíduo, levando muitas vezes a quadros de depressão".

"Já a epigenética é o estudo dos componentes químicos que, por estímulos do ambiente e estilo de vida, podem 'cobrir' certos genes, deixando-os inativos, ou deixá-los acessíveis e ativos para serem expressos", elucidou Ana Paula. Ela acrescentou que, de modo geral, os bons hábitos "ajudam a inativar os genes que são desfavoráveis à nossa saúde e deixar expostos os genes que a favorecem". Ela explica que tem se buscado descobrir um gene responsável pela misofonia, mas "sendo uma condição complexa, como geneticista acredito que seja multifatorial, com forte contribuição ambiental e envolvendo mais de um gene, especialmente genes relacionados ao neurodesenvolvimento e neuroplasticidade. Assim, a epigenética estuda a influência dos fatores ambientais sobre o controle da expressão gênica. E estudos de genômica e neuroimagem, juntos, já apontam que atividades culturais, atividades físicas e outras, realizadas de forma contínua, modificam certos circuitos neuronais e o epigenoma de grupos estudados", disse. Desta forma, o evento pretende esclarecer e discutir o papel da epigenética e o transtorno neuroauditivo chamado de misofonia.

Programação

Nesta quinta-feira, 09, o evento inicia com as palestras de Neurofisiologia; em seguida, Fisiologia da Audição, às 10h30, e O que é Misofonia?, às 14h30. No período da tarde, será realizada a mesa redonda Grupos de Apoio, o Papel da Família e do Ambiente Profissional e Possíveis Terapias, às 15h30; e a atividade lúdica Heart chakra meditation, às 16h30. A programação continua na sexta-feira, 10, com as palestras Princípios Básicos da Epigenética, às 9h; MicroRNAS como Biomarcadores em Biópsia Líquida no Câncer de Mama, às 10h15; Epigenética, Emoções e Estímulos Ambientais, às 14h; e Atos Poéticos para Despertar Emoções: Um Chamado ao Cuidado à Saúde, às 15h. O evento irá finalizar com um momento cultural, às 16h30. O público-alvo é formado por estudantes, profissionais da área de saúde ou demais pessoas interessadas no tema.

Texto de Diane Maués / Ascom Uepa