Pará atinge a marca de 300 doações de córneas no ano de 2023
Cooperação técnica entre instituições estaduais e a implementação de ações estratégias contribuíram para o crescimento do número de doações
O Banco de Tecido Ocular do Hospital Ophir Loyola (HOL) alcançou, esta semana, a marca de 300 doações de córnea em menos de 12 meses. Os dados referentes ao período de janeiro a primeira semana de setembro de 2023 representam um aumento de 191, 26% em relação ao ano de 2022, com 103 doações catalogadas. O resultado é fruto do trabalho desenvolvido pelas equipes atuantes na captação no território estadual e, principalmente, pelo acordo de cooperação técnica celebrado entre o hospital, o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL) e o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), da Polícia Científica do Pará (PCEPA), sob a coordenação da Secretaria Estadual de Saúde (Sespa).
“Os números consolidados representam um aumento crescente no número de captações de córnea, evidenciam o comprometimento das equipes envolvidas no processo e uma maior conscientização das famílias, as quais são responsáveis por consentir a doação dos tecidos oculares dos entes queridos. Esse é um marco histórico para a saúde pública paraense. Continuaremos desenvolvendo ações estratégicas com foco na capacitação de profissionais e campanhas de conscientização para aumentar o número de doações e garantir um recomeço para quem aguarda na fila de espera”, destacou a titular da Sespa, Ivete Vaz.
Responsável técnico pelo BTO, o oftalmologista Alan Costa, destaca que o serviço possui uma extensão no IMOL com profissionais atuando 24h. “Inicialmente, com apoio das diretorias de ambas instituições, montou-se uma estrutura física para que nossa equipe pudesse desenvolver as atividades no Instituto. Posteriormente, capacitamos as equipes operacionais, atuantes com mortes violentas e de causas naturais, para poderem garantir a integridade dos tecidos oculares desde o deslocamento do local do óbito até o momento da captação, após a autorização da família.”, informou.
“A Polícia Científica do Pará tem o prazer de manter essa cooperação exitosa com o Hospital Ophir Loyola e possibilitar mais oportunidades de doações. Esse trabalho envolve a preparação dos nossos remocistas e permite que durante o transporte dos corpos estabeleçam as circunstâncias ideais à enucleação do globo ocular. Também ofertamos uma sala de necrópsia com estrutura adequada para que os técnicos do hospital possam atuar de maneira salubre para fazer a captação”, disse Celso Mascarenhas, diretor-geral da PCEPA
O Banco de Tecido Ocular do HOL atua na captação, preservação e destinação de córneas em conformidade com a Central Estadual de Transplantes (CET) para atendimentos da rede particular, SUS e convênio. No total, 928 pessoas aguardam por uma córnea no Pará. A fila é única, por ordem de inscrição, e independe do paciente ter plano de saúde, atendimento particular ou ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Alguns casos são priorizados, quando preenche os critérios estabelecidos pela legislação brasileira.
“A nossa gestão não mede esforços para abastecer o nosso banco com tecnologias, materiais e insumos necessários ao trabalho desenvolvido pelos nossos profissionais. Adquirimos um microscópio especular, que é um aparelho de alta resolução, para garantir mais segurança na análise dos tecidos corneanos. Sabemos que o número de doações é diretamente proporcional ao aumento do volume de cirurgias, contudo, precisamos continuar trabalhando para conscientizar a população sobre a importância do diálogo em vida sobre o desejo de ser um doador”, destacou o diretor-geral do HOL, João de Deus.
A córnea é um tecido fino e transparente que fica na parte da frente do olho, sendo responsável por focar as imagens e captar a luz. O transplante é indicado quando uma anomalia ou doença na córnea é diagnosticada ou para corrigir defeitos oculares que ponham em risco a anatomia ou a função do olho.
Qualquer pessoa que for a óbito a partir de dois anos até 70 anos pode fazer a doação. Há critérios específicos de exclusão, como pacientes portadores de HIV e dos vírus covid-19, hepatites B e C. Os tecidos oculares podem ser retirados até seis horas após o óbito e após preservados, têm um prazo de 14 dias para serem implantados em um receptor.
Para fazer a doação, a família pode entrar em contato com Banco de Olhos pelos telefones (91) 3265-6759 e (91) 98886-8159; ou com a Central Estadual de Transplantes pelo (91) 97400-6456.