Bacharelado em Design da Uepa se destaca por proporcionar formação multidisciplinar

Habilidades multidisciplinares tendem a se tornar cada vez mais requisitadas pelo mercado de trabalho. Uma das profissões que mais se destaca pela sua vasta possibilidade de atuação é a do designer. Essencial em diversos setores, tais como publicidade, marketing, design de produtos, design gráfico e web design, a profissão é celebrada neste domingo, 5, por meio do Dia Nacional do Design.

A Universidade do Estado do Pará (Uepa) oferta o curso de Bacharelado em Design em Belém, Campus V, e em Paragominas, Campus VI. Ambos são vinculados ao Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT). Conforme o edital do Processo Seletivo (Prosel) 2024, são disponibilizadas 40 vagas para o curso, em cada campus. As inscrições podem ser feitas até o dia 9 de novembro, exclusivamente via Internet. 

O curso de Design da Uepa forma profissionais aptos a planejar, elaborar, supervisionar e coordenar projetos de produtos e serviços. Sua atuação profissional deve ser voltada, prioritariamente, para o desenvolvimento de produtos com aproveitamento da matéria-prima e recursos existentes na realidade amazônica, que venham a atender as necessidades sociais e de mercado.

O design utiliza a metodologia projetual que reúne um conjunto de informações e conhecimentos de ordem tecnológica, ergonômica, psicológica, mercadológica, estética, econômica e cultural para o encontro de uma solução final para um produto ou serviço, visando sua colocação no mercado consumidor. O curso é composto por oito semestres, nos quais são ministradas disciplinas que versam sobre as seguintes temáticas: Metodologia Projetual; Teoria e Prática da Cor; Design e Desenvolvimento Sustentável; Modelagem; Computação Gráfica; Ergonomia do Produto; Empreendedorismo; Design e Joias, entre outras.

Conforme a docente e coordenadora do Bacharelado em Design da Uepa, Ana Paula Freitas, os diferenciais do curso da Universidade são, principalmente, o âmbito de atuação - pois o Projeto Político Pedagógico é focado na formação de um profissional generalista -, já que os discentes recebem formação nas variadas metodologias de design e desenvolvem diversos tipos de produtos e serviços ao longo de sua formação, além do Projeto Interdisciplinar do curso. “Todas as disciplinas de semestre caminham juntas para a identificação de problemas, análise dos contextos e proposição de soluções e prototipagem. Isso possibilita que os discentes tenham uma visão ampla da área do design e dos conhecimentos diversos que a envolvem”.

Atributos - Os estudantes que pensam em optar pelo curso de Design no Prosel da Uepa devem prezar pelas seguintes aptidões, segundo a professora Ana Paula: saber trabalhar em equipe, gostar de lidar com pessoas e se interessar em resolver problemas. “Ao contrário do que se pensa no senso comum, não é necessário ser um exímio desenhista para ser um bom designer”, ressalta.

A coordenadora do curso destaca que as atribuições mais requisitadas para profissionais da área, no mercado de trabalho atual, têm sido o desenvolvimento de produtos e serviços econômico, social e ambientalmente sustentáveis. Além disso, é válido possuir “uma visão estratégica das metodologias de Design para aplicações em diversas áreas, como gestão, políticas públicas e educação. Cada vez mais são requisitados que os designers tenham um perfil dinâmico, adaptável, um pensamento sistemático e habilidades sociais, de trabalho em equipe e de comunicação”.

As áreas mais promissoras do design, no século XXI, de acordo com a docente, são: "Abordagens do design para inovação social e sustentabilidade; Design centrado no usuário; Processos de design participativo e codesign; Design de comunicação; e o Design instrucional, “que é a aplicação dos métodos do Design Thinking na educação, Design de biomateriais, entre outros”, detalha.

Duas temáticas consideradas importantes para o fazer profissional do designer, nos tempos atuais, são a sustentabilidade e as novas tecnologias. Ambas são trabalhadas em todas as disciplinas do projeto do Bacharelado em Design da Uepa. A professora Núbia Santos ministra a disciplina de Materiais e Processos Produtivos no curso. Para ela, é importante o profissional entender os tipos de impactos socioambientais que podem existir durante o desenvolvimento de produtos.

“A questão da sustentabilidade tem se tornado uma grande demanda, inclusive da indústria atual, e eu acredito que o profissional que conseguir atendê-la terá um lugar no mercado”, afirma a docente, que é fundadora do Laboratório de Materiais e Design do CCNT, a Materioteca, que enfoca a sustentabilidade e a preservação ambiental. O projeto de extensão é pioneiro no desenvolvimento de biomateriais no Estado e tem sua atuação relacionada ao eixo "Pesquisa, desenvolvimento e inovação", do Plano Estadual de Bioeconomia, lançado durante a COP-27, em 2022.

Experiência - A egressa do curso de Design da Uepa, Letícia Teixeira, concluiu a graduação em 2021, na qual foi orientanda da professora Núbia Santos. Logo após, ingressou no mestrado e, em seguida, no doutorado vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A paixão de Letícia pelo design abrange áreas como design gráfico, produto, editorial, embalagem e User Experience (UX), todas exploradas durante sua trajetória acadêmica.

Ao longo do mestrado, ela pesquisou os cursos de Design da Amazônia Legal Brasileira, inclusive o ofertado pela Uepa. “O foco principal foi estudar como a sustentabilidade era trabalhada pelos cursos, pois o design é uma profissão relacionada à questão de produtos e serviços, e a gente sabe que isso gera um impacto na produção, sendo importante considerar a questão da sustentabilidade para minimizar esses impactos no processo produtivo”, explica.

Letícia destaca que, quando se fala em sustentabilidade, é necessário considerar os pilares social, econômico e ambiental. Em suas pesquisas foi possível verificar que o curso de Design ofertado pela Uepa consegue abranger as três vertentes, além da temática estar presente em projetos de pesquisa e extensão, a exemplo da Materioteca. No doutorado, seu objeto de pesquisa consiste em analisar a relação entre o design e as novas tecnologias. “Quando se fala em novas tecnologias, aborda-se a automatização de tarefas. Tem-se a preocupação não somente com relação a empregos, mas à forma que essas tecnologias vão mudar as relações de trabalho no futuro, as novas profissões e tarefas que serão criadas, e como isso vai afetar o processo de design. Um dos principais impactos vai ser que o profissional precisará saber usar essas novas tecnologias, pois será um requisito, uma exigência na profissão”.

A tecnologia é uma grande aliada no trabalho da designer e artista Juliana Padilha. Formada em Design pela Universidade do Estado do Pará há dez anos e mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará (UFPA), ela compõe a equipe de profissionais que atuam na Assessoria de Comunicação da Uepa. Juliana utiliza ferramentas digitais para a elaboração de ilustrações e pinturas, como também explora a arte tradicional, produzindo bordados e fotopinturas.

“Eu sempre quis ser ilustradora, mas nunca achei que conseguiria ser, pois quando comecei a estudar, há dez anos, eram necessários muitos materiais caros, e ficava insegura. Após a chegada da tecnologia das mesas digitalizadoras e tablets, tive acesso a várias maneiras de fazer trabalho ilustrado com custo zero. Foi maravilhoso, pois percebi todo o potencial que eu tenho a partir da tecnologia”, relata.

Atualmente, a designer e artista produz o projeto "Cheiro da Memória", que objetiva desenvolver ilustrações de seis erveiras do Ver-o-Peso e ervas utilizadas nos banhos de cheiro, para elaborar jogo da memória, livreto e catálogo, em homenagem ao saber tradicional, que é praticado até os dias atuais. A iniciativa foi premiada na categoria Design do Prêmio FCP de Incentivo à Arte e à Cultura, promovido pela Fundação Cultural do Pará (FCP).

Juliana demonstra gratidão por ter cursado Bacharelado em Design na Uepa e por todas as oportunidades que surgiram em sua vida profissional decorrentes da formação. “Agradeço muito pela Uepa ter me aberto caminhos. Toda a minha produção e estudos desenvolvidos se devem à minha graduação. Foi nela que percebi que não seria feliz em nenhuma outra profissão. O design é a matriz do meu trabalho, amava as disciplinas de Linguagem Visual e Antropologia do Design, que me fizeram encontrar uma paixão pela área. Além disso, saí do curso com a responsabilidade de representar o nosso estado e a nossa cultura, e essa noção de pertencimento cultural é muito presente nas atividades da graduação. Somos preparados para estar com os olhos voltados para entender a região e transformar a realidade com o nosso trabalho”.