Seap promove transformações sociais na vida de egressos através da educação
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) trabalha a custódia humanizada e a reinserção social dentro das unidades penais
A missão institucional da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) está baseada na custódia humanizada e reinserção social, nesse sentido além de oportunizar educação e trabalho dentro das unidades penais, a Seap, por meio do Escritório Social, promove ações e estratégias de ressocialização para as pessoas que deixam o sistema penitenciário no Pará. As ações e projetos garantem ainda, atendimento aos seus familiares.
O Escritório Social atua para fortalecer as estratégias de ressocialização e transformar essa realidade de egressos e seus familiares, com a implementação de políticas humanizadas que reduzam a reincidência.
Para a edição do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos para Pessoas Privadas de Liberdade (Encceja PPL) de 2023, o Escritório Social articulou para que além dos egressos, para que as famílias interessadas também realizassem a prova. Pela primeira vez desde a sua criação em 2021, o equipamento público foi um polo do Encceja, e inscreveu 169 pessoas.
Segundo Manuela Cavallero, coordenadora de assistência ao egresso e família da Seap, o público que procura os serviços do Escritório Social está, majoritariamente, preocupado com a renda. Esse fator gerou uma articulação relacionada a educação como fator principal para alcançar o mercado de trabalho, para que os egressos tivessem acesso ao mercado formal na saída das unidades.
“Percebemos que não tínhamos o perfil profissional que as empresas estavam buscando, então tivemos um olhar específico voltado para a educação, tanto para a capacitação profissional, que é mais imediato, quanto para a elevação de escolaridade formal. Porque tem alguns cursos de capacitação que precisam de um determinado é pré-requisito para a pessoa se inscrever”, relata a coordenadora.
Adriano Silveira, é a referência em educação na família, o jovem egresso de 23 anos fez a prova do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL), em janeiro de 2023, e com a nota ele conseguiu uma bolsa no Fundo de Financiamento Estudantil do Ministério da Educação, o FIES, e atualmente cursa o segundo semestre de Direito.
Adversidades – Em março de 2022, o jovem procurou os serviços do Escritório, passou pela orientação jurídica e demonstrou interesse pela capacitação profissional, desde então ele faz acompanhamento junto a equipe técnica.
“Quando o Adriano procurou os serviços, trabalhamos com o que ele já tinha que era o ensino médio completo. Então começamos a sensibilização em relação a necessidade da elevação de escolaridade porque ele queria acesso ao mercado de trabalho. Em janeiro ele fez o Enem PPL, e em abril já estava estudando”, afirma Manuela Cavallero.
O primeiro semestre da faculdade foi repleto de desafios, entre a divulgação da nota do Enem PPL, e os trâmites administrativos do Fies, Adriano só pôde iniciar as aulas em meados de abril, próximo ao período de avaliações.
“O Escritório Social tem sido uma referência de assistência, tanto na faculdade, quanto no trabalho. No início da faculdade foi complicado porque entrei no meio do primeiro semestre na época eu estava trabalhando em outro lugar, chegava às 7h da manhã, e saía às 18h da noite. O tempo que tinha para estudar era no intervalo do almoço e no transporte público, mas não era suficiente”, conta Adriano.
Apesar do Fies, a bolsa não contempla o valor total da mensalidade, e logo veio a dificuldade em manter o pagamento em dia. Esse cenário mudou em julho, quando o jovem foi chamado para uma vaga administrativa no próprio Escritório Social.
“Trouxemos o Adriano para trabalhar aqui, mas mudamos o formato de atendimento, na verdade esse foi um dos critérios que estabelecemos. Ele trabalha no turno da tarde e é atendido por duas técnicas pela manhã”, afirma Manuela.
Em todos os atendimentos, Adriano contou com a presença constante e presente da mãe, Lúcia Silveira, que também é acompanhada pelo equipamento. Atualmente ela é empreendedora e já participou de diversas feirinhas organizadas pelo Escritório Social. Aos 44 anos, ela também demonstrava o interesse em entrar no mercado de trabalho formal.
Incentivo – O primeiro dos cinco filhos de Dona Lúcia Maria Silveira, a ingressar em um curso superior, Adriano é uma inspiração para toda a família. Através do incentivo do filho, tanto a mãe, quanto a esposa grávida de 8 meses, Maria Clara Monteiro, realizaram a prova do Encceja.
Aos 44 anos, Lúcia Silveira cursou até a 3ª série do ensino fundamental, ela lê e escreve muito pouco, mas ainda assim encarou a prova. Sua maior motivação é a vontade de aprender. “Hoje em dia vejo o quanto faz falta não saber escrever, não saber ler. Às vezes, na correria do dia a dia não ligo muito. Eu fiquei um pouco nervosa na prova, mas fiz o que eu entendi, independente do resultado da prova, quero voltar a estudar, quero seguir em frente, fazer de novo até chegar lá”, conta Lúcia.
O incentivo na família é uma via de mão dupla, Lúcia sempre acreditou na aprovação do filho no Enem PPL, mesmo quando ele não acreditou. “Algumas pessoas nunca acreditaram nele, mas agora ele teve a oportunidade de mudar, é muito importante se inspirar, ele errou, mas está seguindo em frente, mesmo com todas as dificuldades dele, isso incentiva até as irmãs. Eu não posso viver a vida dele, ele tem que ir atrás do que quer, e vou ajudar como posso, do jeito que der”, afirma.
Novo Ciclo – Maria Clara, esposa de Adriano, espera ansiosamente o nascimento da pequena Ester, previsto para acontecer em novembro. A jovem, de 18 anos, sonha em cursar medicina veterinária e viu no Encceja a oportunidade de finalizar os estudos antes do nascimento da filha.
“O Adriano me falou sobre a oportunidade de fazer a prova, e como eu estudo a noite resolvi fazer. Acho que fui bem, se eu passar nessa prova e concluir o ensino médio, já fica mais fácil para mim, porque se não quando eu voltar a estudar, vou ter que levar ela comigo. Ele sempre me incentiva a terminar meus estudos. Vi tudo o que ele passou, isso me fez ver que eu também posso chegar lá e fazer faculdade na área que eu quero”, finaliza.
O Escritório Social é o resultado de uma parceria do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado e Administração Penitenciária (Seap), com os órgãos da Justiça, seguindo as orientações do Programa "Fazendo Justiça", coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) juntamente com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Serviço:
O Escritório Social fica na travessa Dr. Moraes, nº 565, Sala 1, entre a Avenida Conselheiro Furtado e Rua dos Mundurucus. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 08 às 18 h. Telefone/WhatsApp: (91) 98896-5279.
Texto de Yasmin Cavalcante / Ascom Seap