Semas estimula bioeconomia com oficina de óleos vegetais para agricultores
Ação, em parceria com a Fundação Guamá, integra o Plano Estadual Amazônia Agora e atende extrativistas em municípios do nordeste do Estado
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), por meio do Plano Estadual Amazônia Agora, está qualificando pequenos extrativistas para a produção de óleos vegetais, em uma ação de estímulo à bioeconomia. Até o momento, 77 pessoas que têm como principal renda a agricultura familiar já foram capacitadas em Bragança, São Miguel do Guamá e Mãe do Rio, no nordeste paraense, e já está programada nova oficina no município de Irituia.
O curso, realizado em parceria com a Fundação Guamá, que executa as atividades, faz parte da estratégia do governo do Pará para fortalecer a bioeconomia.
"O governo do estado está investindo no fomento ao empreendedorismo e à inovação em cadeias da sociobioeconomia de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, beneficiando principalmente jovens e mulheres”, diz o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Mauro O’de Almeida.
Para a consolidação de sua bioeconomia, o Estado aposta na valorização dos bioprodutos típicos de cada região, através da capacitação das comunidades tradicionalmente envolvidas na produção.
"Para a construção de nossa bioeconomia, é preciso valorizar os bioprodutos da biodiversidade do Pará e fortalecer as cadeias produtivas sustentáveis. Para isso, incentivamos qualificação, investimentos atrativos e pesquisa científica para promover inclusão social, desenvolvimento local, emprego e distribuição equitativa de benefícios. Para fortalecer as cadeias produtivas do estado e novos negócios da sociobidiversidade, estamos apoiando o fortalecimento e a verticalização da produção, com geração de desenvolvimento local, emprego e renda e distribuição dos benefícios de forma equitativa", completa o titular da Semas.
A importância da capacitação e o desejo pelo aprendizado foram destacados pelos agricultores do nordeste paraense atendidos no treinamento. “Já tentei tirar óleo, minha esposa sempre tira, estou aqui para aprender”, comenta Claudio de Castro.
“Tiro óleo de andiroba, quero aprender mais e melhorar nosso trabalho”, afirma o agricultor José Ailton. Tenho no meu sítio umas duzentas árvores de andiroba, quero aprender a tirar o óleo porque está estragando muita semente,” detalha Francisco das Chagas. “Tenho curiosidade de conhecer porque tenho plantação de andiroba e quero melhorar meu conhecimento”, enfatiza Célia Nunes.
Negócio e bioeconomia - A capacitação é realizada em parceria com o Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA), instalado no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, especialista em pesquisa e serviços de análises físicas e químicas de plantas oleaginosas da Amazônia. “A gente tem esse desafio de traduzir conceitos científicos para uma linguagem acessível para eles, a mensagem mais importante desse curso é fazer com que eles entendam a riqueza que está escondida dentro do seu terreno, quintal, sítio, para que possam explorar comercialmente. É o tipo de negócio que se encaixa na bioeconomia já que as sementes, os frutos vão estar ali todo ano, se a árvore se mantiver em pé, ano que vem vai ter de novo”, enfatiza o pesquisador Luís Adriano Nascimento, do Laboratório de Óleos da Amazônia - LOA, da Universidade Federal do Pará (UFPA), instalado no PCT Guamá.
Capacitar pessoas, consolidar cooperativas e arranjos produtivos para a produção dos óleos vegetais amazônicos, e também melhorar a formação de agricultores que já atuam na área, estão entre os objetivos do treinamento, que é uma das ações do Plano Amazônia Agora para o fortalecimento da bioeconomia. A ideia é que esses agricultores sejam multiplicadores das técnicas e conhecimentos compartilhados nos encontros.
O treinamento será realizado em três módulos, o primeiro visa despertar o interesse nos produtos extraídos destas palmeiras, enfatizando espécies, propriedades dos óleos, principais aplicações, uso dos subprodutos e possibilidades concretas do aumento da renda familiar. “Um ponto muito importante é que esse primeiro módulo do curso é um nivelamento, já que a gente tem um grupo bastante heterogêneo, tem pessoas idosas, jovens, são netos daqueles que estão ali, e também temos heterogeneidade no conhecimento”, pontua Luís Adriano.
O segundo módulo mostra como extrair óleo vegetal, quais as boas práticas de extração, controle de qualidade dos óleos, e intensifica as alternativas tecnológicas. Já o terceiro será voltado para a parte prática do controle de qualidade, e análises que serão realizadas pelos pesquisadores no laboratório.
Plano Estadual Amazônia Agora - O Amazônia Agora é a estratégia do Governo do Estado que visa estabelecer o modelo de desenvolvimento baseado na conservação e valorização de ativos ambientais, no aumento da eficiência das cadeias produtivas e na melhoria das condições socioambientais no campo. A iniciativa foi apresentada pela primeira vez na Conferência da ONU sobre o Clima (COP 25), como uma ação para reduzir as taxas de desmatamento, incentivar a produção e consumo sustentáveis, reflorestar áreas degradadas e captar investimentos para uma economia de baixo carbono.
A iniciativa é financiada pelo Instituto Clima e Sociedade, organização que apoia projetos para a economia e soluções sustentáveis
Texto da Ascom Fundação Guamá