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Show e sonho realizados no palco do Waldemar Henrique

Por Redação - Agência PA (SECOM)
18/03/2018 00h00

“Um sonho realizado”, assim foi definido por familiares o show do estudante de Psicologia, Antônio Sena, realizado na noite de sexta-feira (16), no Teatro Waldemar Henrique. Sena é usuário do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III Marajoara (Caps Marajoara) serviço mantido pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) que integra o Sistema Único de Saúde (SUS). Foi lá que ele encontrou o apoio necessário para realizar um sonho de 40 anos.

Com 57 anos de idade, Sena é músico, cantor, compositor e poeta, cursa Psicologia na Escola Superior da Amazônia (Esamaz) e recebe acompanhamento no Caps Marajoara há dez anos.

Intitulado de “Ilha” por causa da canção de mesmo nome, o show trouxe 15 músicas de temas e ritmos variados e contou com arranjo e direção musical de Eraldo Costa, direção artística de Jean Negrão e participação dos músicos Armando Mendonça (violino), Igor Capela (guitarra), Otávio Gorayeb e Piupiu Azevedo (percussão) e do próprio Eraldo Costa no contrabaixo. Além das canções, três poemas de sua autoria foram interpretados pelos atores Gigi Hibrida, Mateus Viana, Monique Lafon, Brenda Lima, Rosilene Alves e Açucena Pereira.

A maioria do público era formada por profissionais da Rede de Atenção Psicossocial, não somente do Caps Marajoara, mas de diversos serviços por onde Sena passou e conquistou muitos amigos, que o ajudaram a se liberar das drogas.

“Eu já estou realizado, estão aqui as pessoas que eu mais gosto, com quem eu convivo. Os próximos passos? Eles que protagonizam. Então eu estou à disposição. Para onde eles me levarem eu vou. Eu quero, por meio da arte, dar ensejos de transformação, de socialização, amizade e de afeto”, disse Sena logo depois do espetáculo.

Ele acredita que o resultado do seu trabalho artístico vai contribuir para que outras pessoas também consigam se libertar das drogas e enaltece o trabalho desenvolvido pelos profissionais da Rede de Atenção à Saúde Mental no Pará. “Eu estou aqui, fiz tudo isso. Se não fosse os atores que estão aqui, os nossos doutores, assistentes sociais, professores, pessoas que estão inseridas nos Caps nos serviços, eu não iria conseguir. Então, tem que acreditar nos nossos profissionais, o governo tem que acreditar, tem que deixar eles protagonizarem suas boas ideias”, afirmou o compositor.

Uma das pessoas mais emocionadas da noite, sem dúvida, era a gerente do Caps Marajoara, Marilda Fernandes. “Um momento de pura emoção, todo o trabalho realizado e ver o Sena nesse palco histórico, na mesma praça onde ele usava droga, é maravilhoso. Valeu a pena todo o esforço”, disse a assistente social, que já está pensando no próximo passo. “A gente está aí com o livro de ouro para arrecadar fundos e gravar o álbum dele”, anunciou Marilda.

“É um momento de vitória por ele ter conseguido realizar o grande sonho dele que era esse show. Apesar de ter vivido muito tempo no mundo das drogas, ele conseguiu superar o problema e hoje está realizando esse sonho”, disse emocionada a filha do Sena, Glleyciane Sena. Para ela, o pai serve de bom exemplo para muitas pessoas que querem sair do mundo das drogas. “Muitos jovens o têm procurado para que possam conseguir sair das drogas por meio de um testemunho de vida que é ele mesmo”, informou Glleyciane.

Para a irmã do cantor, Eva Maria Sena, o show representa tudo na vida do artista. “Graças a Deus ele conseguiu. É um milagre de Deus”, disse Eva. “Eu agradeço muito pelo apoio que ele recebeu do Caps Marajoara”, enfatizou.

Elizabeth Rocha, outra irmã do Sena, também comemora o sucesso do cantor. “Estou muito feliz, esse show é o resultado da luta de muitos anos. Meus pais estariam muito felizes se estivessem aqui, Antônio é um exemplo de superação”, disse Elizabeth.

O Show “Ilha” foi realizado pelo Caps Marajoara com o apoio dos servidores do centro, que promoveram bazares da pechincha para angariar recursos financeiros, patrocínio de empresas e instituições que acreditam no trabalho do Caps, como o Alachaster Instituto, Grupo Cicopal, Café Diário e Esamaz; e apoio do Teatro Waldemar Henrique/Fundação Cultural do Estado do Pará.

Além de “Ilha”, que dá nome ao show, Sena cantou “Grito da Floresta”, “Saudade de minha terra”, “Foi bom”, “Seu amor permanece em mim”, “Retirante”, “Vem pra mim amor”, “Pivete 2”, “Loucura”, “Menina Linda”, “Deixei” “Menina da Rua 3”, ”Nas asas do vento”, “O meu amor” e “Dama da Noite”.

O diretor musical Eraldo Costa disse que o diferencial nesse trabalho é que estava ajudando alguém e não apenas profissionalmente para ganhar um dinheiro. “Aqui foi um trabalho mais pela história bonita do Sena. Então eu acho que teve mais coração do que qualquer outra coisa”, disse o músico, que estava muito feliz com o resultado. “Todo mundo amou o show, para ele foi uma experiência maravilhosa, com 57 anos, fazer o primeiro show dele não é brincadeira”, comemorou Costa.